sábado, 20 de fevereiro de 2016

A VISITA PASCAL NA QUINTA DE S. FILIPE.

 
Drª Ana Maria Craveiro Malheiro Pereira da Castro
Licª em História (UC)
Professora jubilada do ensino secundário com exercício docente em vários estabelecimentos de ensino, designadamente no Externato liceal e Escola EB 2,3/S, em Lanheses, onde concluiu a carreira.
Tem residência nesta freguesia na Quinta de S. Filipe a qual pertenceu ao seu pai Capitão Gaspar M. Pereira de Castro, emérita figura da freguesia de Lanheses (Viana do Castelo). 
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              Quando eu era pequena a Páscoa era uma festa mais bonita e alegre. Começava a festejar-se no sábado, era o sábado da Aleluia. Tocavam os sinos logo de manhã e cantavam "Aleluia, Aleluia, ressuscitou Nosso Senhor". O resto já não me recordo. Lembro-me também que era sempre nesse dia que o sr. Souto, nosso vizinho, lavrava o campo grande. A última leira antes da Páscoa era a leira dos doces trazidos em geral pelas sardinheiras. No Domingo íamos à missa logo de manhãzinha e vínhamos a correr para casa pois a nossa Cruz era das primeiras. Deitávamos pétalas de flores e verdes desde o portão até à entrada da casa. Enquanto o meu Pai e uma de nós (1) iam esperar o sr. Padre e a Mãe e a outra ficavam na sala de visitas onde se dava a Cruz a beijar. Nesta estavam alguns homens, amigos do Pai. Na mesa não podia faltar o pão de ló, os doces brancos comprados no Zé da Prazeres (2), as amêndoas e o vinho do Porto. Numa das arcas da sala desenhava-se com flores o feitio da Cruz para que o mordomo lá a pusesse. Noutro sítio uma taça com sete ovos e uma maçã da porta-de-loja com uma moeda de dez escudos espetada.

Na varanda muitos rapazes e outras pessoas eram servidos por duas criadas. Uma levava um tabuleiro com doces brancos, beijinhos e bolachas e a outra canecas com vinho.

Quando o senhor. Abade ia embora era sempre acompanhado até ao fim da Quinta pelo Pai e nós as duas (3). Sempre que o mordomo era nosso conhecido lá íamos, no Domingo, participar no tradicional "jantar da Páscoa", que ele oferecia na sua casa. Almoço com imensos pratos e muitas demoras.

(1) Eram duas irmãs. (2) Pasteleiro, estabelecido, ao tempo, em Viana do Castelo, na Rua Manuel Espregueira, natural de Lanheses. (3) Maria Clara e Ana Maria, filhas. Notas do gestor do blogue.

AMC.

1 comentário:

  1. Ttudo bem...tudo normal como em casa de qualquer Lanhesense! Nao vejo nada que seja notavel, ou de algum interesse...A nao ser a volta que "da" aos criados e aos "caseiros" Mas..ja nao ha criados..nem cazeiros.Por este caminho vamos repor para recordacao a estatua de Estaline,Salazar,Franco e Mosoline..etc.!!! Sao erros do passado para nos ajudar a construir um futuro se "choradeira" e acabar com as mordomias humilhantes!

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