domingo, 26 de janeiro de 2020

(8) FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL LANHESENSE



(8)FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL LANHESENSE 

 Uma das primeiras equipas do GDCPL - Em cima, da esquerda: Barrocas, g,r,, Adolfo, Neu do Augusto, Abel Rocha (Caninhas), Delmiro Costa e David da Elvira. Em baixo, na mesma ordem: Rogério Agra, (NN?) Domingos Gomes, Alfredo Arouca (Janota) e Rogério Dantas. Em pé, à direita: o espanhol Salvador Donenech.


     1.1. OS “VELHOS” E OS “NOVOS” ATLETAS

              À data do início da utilização do novo campo e, depois, durante algum tempo, faziam ainda regularmente parte de equipa jogadores naturais de Lanheses já veteranos, como o Zé da Dantas, o Neu do Augusto, o Abel Caninhas, o Tone Bacela (Pote), o Chico Campela (pai dos quatro irmãos que mais tarde viriam a formar o célebre grupo dos Meia-Noite). 

              Entretanto, e por força da inscrição do Grupo Desportivo da Casa do Povo nos campeonatos da F.N.A.T., onde participavam equipas mais experientes, houve necessidade de reforçar o plantel com atletas mais traquejados em disputar competições, tendo sido contratados jogadores na vila de Ponte de Lima entre os quais o guarda-redes Barrocas, que se viria a revelar muito competente, o defesa central Adolfo, José Russo, José Pereira e Ilídio, este um médio ofensivo com excelente visão de jogo e precisão de passe de quem fui particular admirador dada a sua forma elegante de atuar e a facilidade em jogar em equipa. 

             Aos jogadores vindos de fora era devida a importância de 25$00 por cada jogo para custear despesas de deslocação em transporte público e o treinador tinha direito ao dobro daquela quantia. Despesas relacionadas com a segurança a cargo de quatro praças da GNR (Guarda Nacional Republicana) tinha então um custo total de 62$40, por cada partida.

            Nos dois primeiros anos da criação do Grupo Desportivo da Casa do Povo de Lanheses (G.D.C.P.L), foi presidente Francisco Dias de Carvalho, auxiliado por Manuel de Brito Rodrigues Rio e Rogério Pimenta Agra, conforme assinaturas constantes do livro-caixa”.

                                      Rogério Dantas, ainda bastante jovem

        1.2.-ATLETAS LANHESENSES DA “PLACA” PARA OS “CUTARELOS”

                   As “placas” do Largo da Feira constituíram um verdadeiro alfobre produtivo de jogadores habilidosos do qual veio a beneficiar em qualidade e quantidade a primeira equipa organizada de futebol de Lanheses. Por muito tempo se ouvia falar do “treinador placa” quando surgia algum jovem a mostrar qualidade acima da média que tivesse passado pelos “treinos diários” na Praça principal da urbe lanhensense. Foi daí que saíram numa primeira geração a rondar entre os vinte e os vinte e quatro anos, Rogério Agra, Domingos Casimiro Gomes, Alfredo Arouca (Janota), Rogério Dantas, todos avançados, o médio todo o terreno Delmiro Costa, com um folgo inesgotável que lhe permitia entrar em duas partidas no mesmo dia, David da Elvira sempre pródigo na distribuição de “amabilidades” para despachar a bola e esquecer as reclamações dos adversários, vindo logo a seguir alguns ainda com idade de júnior mas ansiosos por uma vaguinha de sorte que lhes trouxesse a oportunidade de mostrar o que valiam, como o Adriano Lagoela, o Chico da Rua, o Viga, o Fernando Canivete, o Artur Vale, os irmãos Correia Pinto, Zé Manel e Horácio, embora ambos com carreira curta por força de frequência do ensino superior universitário, bem como o irmão mais novo, o Pedro, embora este só mais tarde viesse a seguir idêntico percurso, e, eu próprio porque não ficaria a nomeação completa se não me incluísse já que fiz parte dos aspirantes ao grupo, nesta fase, com uma história própria para contar.

1.2.3.-PRINCIPAIS CARATERÍSTICAS DOS JOGADORES MAIS RELEVANTES, NESTA FASE.


                           Rogério Agra, já no campo dos Cutarelos

           Rogério Agra, extremo direito. Velocidade, drible em corrida, remate potente de pé direito. Fazia bastantes golos. Motivador, dava-se  ao jogo com garra e nunca desistia de uma jogada.

           Domingos Casimiro Gomes, avançado-centro: bom jogo de pés, excelente sentido de colocação e remate característico em “moinho”, à Artur Jorge.

           Delmiro Costa, médio ofensivo "todo o terreno", (box-to-box), com uma resistência fantástica ao cansaço apesar da atividade desenvolvida em todo o tempo de jogo, chegando a entrar em duas partidas no mesmo dia, no período da manhã, como júnior e no da tarde como sénior. Jogou depois nos "Os Limianos", em Ponte de Lima «, no SC Vianense e participou em alguns jogos no SC Braga.

           Alfredo Arouca (Janota), interior esquerdo (n,º 10) habilidade inata com ou sem bola, poder excecional de brible curto, não desperdiçava uma boa oportunidade de marcar fosse com a cabeça, embora de baixa estatura, ou com os pés, de preferência o direito; gozava com os colegas e adversários de princípio ao fim da partida sobretudo com os menos habilidosos, dando-lhes uma alcunha que os marcava; moía o juízo a um colega quando ele desperdiçava uma oportunidade de golo cantado. Formava com o Rogério Dantas, uma das melhores alas esquerdas de sempre do futebol em Lanheses. Brilhou mais tarde a jogar no “Os Limianos”, em Ponte de Lima, durante alguns anos onde deixou cartaz, tendo como companheiro Gaio, jogador da Académica. Esteve prestes a assinar pelo Boavista FC, do Porto, mas desistiu por não aceitar treinar à experiência.

           Rogério Dantas, ponta esquerda, um tanto franzino de corpo. Imparável quando lançado em corrida. Possuía um portentoso remate com o pé esquerdo que usava de forma própria: descia em velocidade pelo flanco lateral e no alinhamento da grande área, levantada a bola para executar um remate como se fosse uma granada de canhão com o peito do pé esquerdo, dirigido ao ângulo superior do poste contrário! Vi vários assim, a guarda-redes de nome. Não teve quem o imitasse, até hoje.
          
            

                        Os jovens Rogério Dantas e Rogério Agra

1.3.-TREINADORES

         Não será muito rigoroso qualificar como treinadores as pessoas responsáveis pelos treinos e pelas convocatórias para escalar a equipa nos jogos a realizar porque não possuíam carteira própria a não ser experiência enquanto jogadores. Os responsáveis era escolhidos normalmente entre aqueles que tinham prestado uma carreira saliente como futebolistas ou demonstravam qualidade de liderança, recordando alguns como o República, o Chico do Vale, e designadamente, o Manuel Dantas Rio, este o primeiro a autorizar-me aos 16 anos, num treino, a escolher umas botas ou o que delas restava num monte avulso, para treinar “no meio dos grandes”. 

            Não se deparou a oportunidade de o ter como treinador mas recordo daquele tempo como uma figura com qualidade de liderança e conhecedor no que respeita à técnica do treino. Era de nacionalidade espanhola e chamava-se SALVADOR DOMENECH. Sabia de bola, o homem, e ensinava com conhecimento movimentações coletivas. Mas a “malta” não estava habituada à disciplina de treino, aborrecia repetições de ensaios de jogadas, apenas estava interessada em ter a bola, driblar, driblar, correr com ela nos pés, chutar à baliza, fazer golos, tal como estava habituado a jogar com uma bola de trapos. O espanhol bem podia insistir: -non filigranas, non quiero filigranas (dribles), pasa, ripasa, recupera. Pois, sim. 

         Despediu-se em 29 de abril de 1953 escrevendo numa carta dirigida à Direção: “no sábado último notara alguma indiferença por parte de alguns jogadores e depois de insistir para realizar um ligeiro treino, como seja chutes à baliza, etc., declararam-se pouco dispostos, de forma que, em virtude da atitude de alguns jogadores não se realizou o treino. Como no domingo passado observara certas indiferenças, vejo-me obrigado a abster-me de futuro a continuar as minhas funções como treinador do grupo”.
          Nunca mais se ouviu falar dele.
             

                              ABEL ROCHA (Caninhas), na despedida. Campo dos Cutarelos.


Remígio Costa 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

DESPORTO AMADOR REGIONAL - AF Viana do Castelo - Campeonato da 1.ª divisão - Resultados e classificação geral


AF Viana do Castelo 
Campeonato distrital da 1.ª divisão 
2020.01.19

            # Castelense agarrou-se à Barca para evitar naufrágio 
          # Diferença mínima em Viana não ajudou o UD Lanheses
          # Três pontos separam o quarto classificado "Os Limianos", dos 1.ºs Vianense e Atlético dos Arcos 
          # Valenciano com olho na caça.



                                                         JORNADA 16
 
 
                                     Classificação



PJVEDGMGSDG
1
Vianense391612313812+26
2
Atl. Arcos391612313914+25
3
Valenciano371611413117+14
4
Limianos361611323711+26
5
Âncora Praia27167632426-2
6
Neves FC25167452625+1
7
Ponte da Barca21165652923+6
8
Vitorino de Piães18164662124-3
9
AD Campos17165292730-3
10
Cardielense16164482630-4
11
UD Lanheses16164481926-7
12
Ancorense15164392039-19
13
Monção121633102242-20
14
ADC Correlhã12162681833-15
15
SC Courense11162591824-6
16
Castelense9161691938-19

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

(7)FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL LANHESENSE




 Uma das primeiras fotografias em conjunto obtida no campo dos Cutarelos. Adversário não identificado.

(7)FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL LANHESENSE
      1.1-INÍCIO DA ATIVIDADE DESPORTIVA NO CAMPO DE JOGOS DOS CUTARELOS

             No dia 1 de junho de 1952, o novo campo de futebol reunia condições básicas para a prática da modalidade não obstante a precaridade das instalações. Contudo, a expectativa gerada acerca da utilização do novo campo no seio do numeroso grupo de futuros praticantes e na população em geral, concorreu para a realização de um jogo formado por antigos praticantes, os “velhos”, e aqueles que reuniam condições em idade e habilidade, os “novos”, que pretendiam e viriam futuramente alguns deles a representar o clube.
              Apoiados nos varões de madeira da vedação havia uma pequena multidão de assistentes.
            Como seria expectável, os “velhos” sofreram uma derrota pelo resultado estrondoso de 11-4.
    
 O guarda redes João Rocha, (Lambranca), segundo a partir da esquerda, tendo à sua direita o tio República, que jogou na mesma posição no antigo campo dos Seixos.
          1.2-A DESCOBERTA DE UM GRANDE GUARDA-REDES LANHESENSE

             Naquele tempo, tinha eu acabado de entrar nos dezasseis anos. As hipóteses para me admitirem como jogador de campo, como sonharia nessa altura, eram perentoriamente nulas. Por isso, à semelhança do que era prática nas “peladas” do Largo da Feira, ou eu ia para a baliza ou para fora da vedação. 

            Fui para a baliza. Sem vontade e menos crença.

            Nos quarenta e cinco minutos que (não) defendi na minha estreia fui três vezes ao fundo das redes pegar na bola. Confirmava-se a minha inaptidão para o lugar. Nem esperei que me mandassem bugiar. Saí, para nunca mais pensar sequer em jogar naquela posição, nem que tivesse que ir à procura da bola no meio do mato quando alguém a chutasse para lá.

            E ainda bem. Porquê?

            Explico, pois vale a pena. 

            Foram buscar à assistência o João Rocha, o Lambranca. Alto, fisicamente forte, mais conhecido como pescador e mergulhador de grande folgo para pescar trutas e barbos, à mão, escondidos entre as raízes dos salgueiros da margem do rio Lima, e com braços traquejados em serrar e cortar a machado e pegar em pesados troncos de pinheiros, mais do que como assíduo praticante, que não era. Sim, o guarda-redes que havia de fazer uma grande carreira no futebol profissional, ainda sem igual em Lanheses na sua posição, defendendo “Os Limianos”, primeiro, passando sucessivamente pelo Académico do Porto, do qual se desvinculou pagando do seu próprio bolso o valor que este clube despendeu na sua aquisição, para poder assinar pela Sanjoanense, passou depois para o Boavista, a seguir para o Leixões, Beira-Mar, Naval 1.º de Maio, Salgueiros e SC Vianense, tendo ganho como maior feito da carreira uma “baliza de prata”, importante troféu atribuído anualmente pelo jornal “A Bola” ao guarda-redes com menos golos sofridos no campeonato, e recusado um contrato de quatro anos proposto pelo Sporting Clube de Portugal onde treinou durante oito dias, à experiência, porque, o clube da capital não acedeu à exigência de João Rocha em continuar a jogar “com a carta na mão”, expressão que ele usava habitualmente, isto é, o de poder optar livremente no fim do contrato pela renovação ou não do mesmo, princípio de que nunca abdicou em toda a carreira depois da saída do Académico do Porto. 

        Registe-se como curiosidade o facto de João Rocha, quando chegou ao Académico, ter desalojado de titular da baliza o ex-guarda redes internacional do Futebol Clube do Porto, Frederico Barrigana, o “mãos de ferro”, uma lenda do futebol nacional.

 Em pé, da esquerda: Neu do Augusto, João Rocha, gr., Artur Vale, Fernando Canivete, Bacela, Viga e Chico da Rua. Em baixo: na mesma ordem: Rogério Agra, Fernandinho, Domingos Gomes, Arouca (Janota) e Rogério Dantas. António Rocha (Melro) primeiros socorros.

        1.3.- PRIMEIROS JOGOS PARTICULARES REALIZADOS NO NOVO CAMPO.
        Depois da inauguração em 1952, realizaram-se no decorrer do mês de junho quatro jogos particulares cujos adversários e resultados foram os seguintes:
                  G.D.C.P. de Lanheses – Limarense, 2-2
                  G.D.C.P. de Lanheses – FC de Viana, 2-2
                   G.D.C.P de Lanheses – SC Darquense, 2-2
                    G.D.C.P. de Lanheses – SC Viana, 1-1

        Outros clubes amadores passaram pelo novo campo em modo de alternância recíproca de local do jogo, equipas com os nomes de Darquense, Sporting e Viana, Sport Clube das Neves, Limarense, Arcos de Valdevez, Artilharia n.º 5, Vila Praia de Âncora, formalizados através de convite e com despesas a cargo da equipa anfitriã referentes a encargos de deslocação, almoços quando a distância o justificasse, ou o conjunto convidado gozasse de algum prestígio e maior estatuto, um pequeno cachet negociado entre as partes.

          NO PRÓXIMO POST: JOGADORES DE MAIOR DESTAQUE AO TEMPO DO NOVO CAMPO. VALOR E CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS.

Remígio Costa

A FESTA AO ORAGO SANTO ANTÃO ONDE OS ANIMAIS NÃO VÃO.

             Santo Antão, santo patrono dos animais, é venerado há muitos anos numa capelinha erguida no cimo de um pequeno morro sito no lu...