sábado, 6 de fevereiro de 2016

A ARARA DO ANTÓNIO OU O TONE DA ARARA.

            

                                                    -Olá, olá, diz, olá. Tá bem!

              De quando em vez ouve-se um kuaaaaak estridente e pouco comum aos ouvidos dos habituais frequentadores do Largo Capitão Gaspar de Castro e, por alguns momentos, aqueles que ainda não estão familiarizados com o estranho som, interrogam-se sobre a sua origem de onde vem e o emissor que o produz. Mais um e, logo a seguir, outros kkkuaaaaaak levam os olhos dos curiosos para a sacada em ferro com vasos floridos de um prédio do Largo onde está encavalitada e presa com corrente por uma pata, uma enorme ave exótica a abrir as avantajadas asas de cor azul a contrastar com a mancha do amarelo vivo que lhe veste o grosso do corpo. Trata-se ao fim e ao cabo de uma arara, quiçá uma arara-canindé como julgo ter identificado numa visita sumária à coca-bichinhos wikipédia, uma espécie típica das florestas de alguns países da América do Sul que partilham da mancha amazónica do Brasil, pulmão do Mundo (a caminho de infeção pulmonar irreversível), pertencente a António Faria da Rocha, com registo de autorização legal como não poderia deixar de acontecer.


                               Provado ficou que ave e dono se dão bem.

                  Já todos estamos habituados a algumas excentricidades do Tone da América e, se ele entender proporcionar a "menina" tão vistosa uma paisagem aproximada da que deveria ser o seu habitat natural, ninguém vai estranhar que ele a coloque num dos ombros, salte para o volante do seu trator e a leve até à margem do rio Lima onde pode, tal como o dono, espreitar as lampreias enquanto a treina com vista a que ela possa algum dia aprender a falar.  - Dá um beijinho, dá, pede o Tone à "rapariga". -Kuauuuuk, kuaaaak, "diz" ela a lembrar um bebé a pedir biberão. Ele: -Vai falar, é novinha e já diz "papá" (perdão, kuauuuuk , kuuuaaaak, entendi eu que no conhecimento de línguas sei que são ótimas com ervilhas e arroz ).


                                          A arara-canindé.
               
                 Foi o registo de um momento de cavaqueira com amigos junto ao Lima, numa tarde bonita de sol e tépida temperatura, a olhar a corrente onde se adivinham lampreias mil a deslizar na areia fina do seu leito.

              O António Rocha mora em S.Pedro de Arcos mas não perdeu a oportunidade para sacar uma selfie com a tolerante formosura


Fotos: doLethes
Remígio Costa

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