sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

REGRESSARAM AS CEGONHAS-BRANCAS

     

 


      Mais cedo do que em anos anteriores, o casal de cegonhas-brancas que há cerca de onze anos escolheu Lanheses como habitat, está de volta ao ninho construído no cimo do tronco de uma palmeira morta (num logradouro particular) onde criaram nos dois últimos anos. Já tinha avistado uma delas, talvez a fêmea, na passada quarta-feira dia 23 pousada na chaminé do edifício da antiga casa do povo onde nidificaram pela primeira vez, mas apenas hoje tive oportunidade de fotografá-las, juntas, dentro do novo lar.

    Nos anos em que habitaram no cimo da chaminé, com muita visibilidade ao redor, chamavam a atenção das pessoas pela improbabilidade de ali terem conseguido construir e mantido um ninho de tamanhas dimensões, no entanto, Dona Lala e o sr. Lima, como foram batizados popularmente, puderam acrescentar à Natureza mais de três dezenas de descendentes.

    Boa estadia e novo êxito na próxima prole.

 

Foto: doLethes

Remígio Costa 

   

   

   

    

   

   

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

STOP É PARA PARAR!

           

            Acesso ao Largo da Feira vindo da Avenida Rio Lima

 

      Aprendi na escola de condução que no sinal "stop" é para parar "ainda que seja no deserto", mas a obrigação nem sempre é respeitada e cumprida seja por ignorância ou distração ou por mera atitude de desrespeito das regras legais e ausência de censo cívico.

       Quem pretende aceder ao Largo Capitão Gaspar de Castro, em Lanheses, subindo pela Avenida Rio Lima, tem prioridade relativamente ao trânsito à direita e à esquerda da via. Houve, em tempos, um sinal de stop colocado no topo do passeio à entrada do Largo, do lado onde funcionou a estação do Correio, mas a placa foi removida. Permanecem, contudo, para o trânsito transversal à Avenida, à direita e à esquerda, os sinais de paragem obrigatória, os quais, muito frequentemente, não são respeitados.

       Uso várias vezes por dia o percurso atrás descrito tendo assistido a situações verdadeiramente arrepiantes provocadas sobretudo pelos condutores dos veículos que vêm do lado direito, onde a visibilidade é mais reduzida. Há dias, alguém que aparentava ser jovem, saiu dali a conduzir uma viatura ligeira a uma velocidade acima de qualquer prudência não se tendo sequer dado ao cuidado de olhar à esquerda para se certificar se algum veículo com prioridade estava a entrar. Estes atropelos à sinalização são frequentes, e só por feliz coincidência é que não acorrem embates de consequências desastrosas. Até um dia.

       No espaço do Largo e ruas convergentes é cada vez mais difícil encontrar lugar para estacionar. E onde não há estacionamento acessível, desencoraja eventuais clientes do comércio local. Acresce à falta o facto de ainda ninguém se ter lembrado de criá-los para estacionamento diferenciado.


Foto: doLethes

Remígio Costa

      

       

domingo, 20 de dezembro de 2020

VIANA AMADA CONFINADA

  


      Nunca esperaria ver Viana assim: sábado, 19 de dezembro, pelas 15:00 horas, a cidade, o casco urbano, praças e ruas adjacentes, a ausência de ruído e de transeuntes conferia aos espaços vazios um ambiente de paz angustiante. As esplanadas com as cadeiras presas às mesas por correntes, portas das lojas de comércio encerradas, montras a aguardar o interesse de eventuais compradores, uma farmácia de serviço imposto sem serviço solicitado, a Sé vetusta e imponente inacessível, os gritos dum bando de gaivotas a sobrevoar os casario do casco urbano. Deixei a Praça antiga, centro cívico incomum, cheguei à Avenida, um cão atravessa a extensa via farejando o chão e logo desparece, apressado, sem incomodar um automóvel que, ao cimo, dobrou a esquina do Tribunal em direção à Praça da Liberdade. O Natário não vendia a torta de Viana nem as bolas de Berlim daí a inexistência da habitual fila em todo o corredor do passeio, numa mesa fora de porta alguém mais abaixo, mexia o açúcar na chávena no café da esquina, quiçá no uso do ritual de todos os dias. Na Picota reparo na deterioração de alguns prédios da ala esquerda antes de subir as escadas do Museu do Traje, (que foi sede do Banco de Portugal), hoje inacessível a visitas, e dou conta que, junto ao edifício da velha Câmara, um reduzido grupo de pessoas está envolvido na gravação de filmagens. Aproximei-me, era uma equipa de reportagem da RTP (deduzi pelas letras dos microfones que os promotores empunhavam) a gravar para futura divulgação na estação de televisão pública, tendo a colaboração de alguns elementos do Rancho Folclórico da Areosa, mas sem acompanhamento musical. Entretanto, surge, vindo do lado da Sé, um grupo de três pessoas denunciando a nacionalidade pelo sotaque espanhol. Na Praça da Erva, alguém falava alto dentro da pizzaria e, saindo para a rua, deu de frente com o grupo espanhol a passar na Rua do Poço. Desci até ao Lima, fotografei a pirâmide descolorida, o monumento da corrente quebrada (de novo), a Avenida dos Combatentes descaraterizada pelas arcadas feitas de lâmpadas, o Hotel (ainda) inacabado que foi o Aliança. As estruturas da iluminação festiva pareciam absurdas, inúteis, num cenário de deserto. Passei pela frente do Centro Cultural, fechado como os restaurantes da Praça, cheguei ao Gil Eannes, e, assombrado como o Fagundes a olhar para a foz do Lima, constatei que na doca comercial o ex-libris ficara sem espaço navegável pois toda ela estava preenchida com barcos de recreio turístico e de pesca. Um bando de gaivotas levantou, de repente, assustado com o som forte de um estouro.

          Fui até à nova Praia Norte, Caramuru e Catarina Ipaguaçú lá estavam recolhidos no centro da piscina, discretos, e afastados e escassos andavam por ali tão poucos usufrutuários para tanto espaço, estendendo-se ao longo da barra da praia a ameaçar ficar como deserto com o aproximar da penumbra da tarde. Um parque infantil, por estrear, continuava, ainda, envolvido no plástico do embrulho a desfazer-se.

          No regresso, o Campo d'Agonia parecia ainda maior do que na realidade é quando é dia de feira, percorri a estrada marginal contra a corrente do Lima até à ponte Eiffel, e, um pouco à frente, contornei uma rotunda e segui o percurso de casa. 

          Silêncio, por silêncio, fico bem no meu ninho.


































































Fotos: doLethes

Remígio Costa

UMA VELHINHA QUE TEIMA EM CONTINUAR FEIRINHA

                                         Por isto e por mais aquilo            Não tenho ido à feira,            Mas, disse para comigo:    ...