1932 - 2001
Há vinte e dois anos que Rogério Pimenta Agra deixou vago um lugar de destaque na comunidade de Lanheses que até hoje nenhum outro seu conterrâneo mereceu igualar. Acompanhei desde a menoridade a vida pública do Rogério Agra, criámos uma amizade que durou até ao seu desaparecimento, partilhamos iniciativas de caráter público na área do teatro amador, na prática desportiva como atletas e dirigentes, na política, no convívio, nas ideias e princípios, concordámos e divergimos com a naturalidade de amigos que se estimam e mutuamente se respeitam. Acompanhando de perto a sua vivência na sociedade local, em todas as áreas de prevalência comunitária, posso afirmar que o Rogério granjeou uma relevância popular que até à data não foi igualada. No desporto de futebol amador, depois semiprofissional, como dirigente das associações locais, promotor da organização do folclore, na ação política e festividades, possuidor de uma extensa área de conhecimentos privados e uma tendência ímpar para acudir gratuitamente a situações de emergência ocorridas em famílias carecidas, como o Rogério ainda não conheço quem o iguale. Nunca desistiu de uma ideia ou projeto por mais complicado e imprevisível que a muitos parecesse e sempre aceitava um convite para apadrinhar num batizado ou matrimónio independentemente da abastança ou posição social dos protagonistas envolvidos.
Rogério Pimenta Agra merecia não ser esquecido. Estranhamente, atesto que a nossa terra não tem uma tendência emergente de lidar com pessoas com currículo de benemérito a favor do bem da Freguesia se nos recordarmos que, nas últimas oito décadas, são cidadãos notáveis apenas os Condes de Almada, com nome numa rua, Capitão Gaspar Malheiro de Castro, com placa no Centro Cívico e Francisco Dias de Carvalho com busto no espaço frontal da Casa do Povo onde completou na qualidade de presidente cerca de 40 anos de gestão deste organismo.
O meu Amigo Rogério faz hoje 91 anos e há 22 que lhe é negado o justo reconhecimento do seu estatuto de figura pública de mérito comprovado.
Remígio Costa
