quinta-feira, 17 de maio de 2012

ENTREVISTA COM JOSÉ PEREIRA, PRESIDENTE DO UD LANHESES.

                                    José Pereira de Castro, Presidente do UD Lanheses.
    
              Vi, José Pereira, crescer como futebolista desde quando ainda miúdo o via jogar no Largo da Feira, em desafios onde também participavam os irmãos Xico e Henrique, que duravam horas seguidas e se estendiam para além da meia-noite, o que lhes valeu a alcunha dos “Meia-Noite” que o Xico tornou conhecida pela carreira que seguiu como futebolista profissional.
Já como júnior e num período em que estive à frente do UDL, tive ocasião de o utilizar em jogos da categoria sénior, por lhe reconhecer qualidades bastantes para ser uma mais valia fundamental para valorizar a equipa principal.

               Admirava a sua técnica acima da média, a facilidade e a leveza com que tratava a bola, o remate espontâneo com ambos os pés e o excepcional jogo de cabeça. No seu tempo, não vi melhor a este nível. Para quem conheceu e viu jogar Carneiro, que na década de cinquenta alinhava no SC Vianense, não teria muita relutância em equipará-lo ao magnífico avançado natural de Darque, na elegância e arte de bem jogar futebol.
              Depois de terminada a carreira como jogador (v.g. o currículo abaixo inserido), José Pereira de Castro, o Zé Pereira, estabilizada a sua actividade particular e familiar, assumiu novas funções no clube onde se fez futebolista, tendo assumido há cinco anos o cargo de Presidente da Direcção do União Desportiva de Lanheses (UDL), período durante o qual tem vindo a desenvolver um trabalho de muito mérito sob todos os aspectos inerentes a estas agremiações do desporto.
               Acedeu dar-me uma entrevista onde fala abertamente deste lustro que já leva à frente dos destinos do UDL, onde se demonstra todo o empenho, competência e amor clubista que dedica ao UDL, mas, também, à nossa freguesia.

P.-Zé Pereira, queres dizer-nos quais as prioridades que tomaste quando assumiste a presidência do UDL?

ZP-Nos primeiros anos não me foi possível proceder a grandes alterações pelo que, para além de ajustamentos pontuais e conhecimento da realidade do clube, procurei melhorar o plantel principal e dar-lhe outras condições para competição. Neste 5º ano à frente do UDL comecei por reorganizar a equipa sénior e os vários escalões da formação, criando as  escolas (9 aos 11), infantis, iniciados, juvenis e júniores, a que se devem adicionar as escolas dos 6 aos 8 anos.

P.-Arrumada a questão do futebol quais as decisões que mais ansiavas concretizar?

ZP.-Em primeiro lugar decidi que a primeira prioridade seria a regularização dos terrenos onde está o estádio, procurando que eles passassem para a posse do clube. Era uma situação nada edificante para a dignidade do clube a ocupação do terreno, sem dar qualquer contrapartida aos seus legítimos donos. A maior parcela era pertença da família dos Araújos, com cerca de 6300 m2, e nunca anteriormente este problema tinha sido encarado para se chegar a um entendimento com os legais proprietários. Foram realizadas várias reuniões entre as partes, tendo-se obtido um entendimento que satisfez ambas as posições e que, resumidamente, foi, grosso modo, o seguinte: sendo o UDL o usufrutuário do terreno tem direito a ocupá-lo sem limite de tempo; no caso de vir a ser vendido, a família Araújo terá direito a uma percentagem do total da venda. É um acordo que só foi possível pela disponibilidade e compreensão dos herdeiros do terreno, designadamente dos sete irmãos com direitos de sucessão, pelo que merecem os nossos agradecimentos. Para a assinatura do acordo foi também decisivo o empenho do dr. José Carlos Bastos na intervenção jurídica e do seccionista Hélio Franco, tendo-se deste modo concluído o imbróglio com mais de sessenta anos de existência.


P.-Encerrado o caso dos terrenos, a tua atenção voltou-se para onde?

ZP.-Tinha outra ambição ainda maior que era a construção de um novo estádio e, encerrado o problema dos terrenos, ansiávamos criar condições aceitáveis para as nossas aspirações e nesse sentido abordámos a Câma Municipal do nosso concelho para a sensibilizar e obter a comparticipação necessária.

P.-E a Câmara Municipal, como reagiu?

 ZP.-A proposta foi considerada viável e a edilidade deu-nos luz verde para estudar a localização para se construir um complexo de raiz, mas o assunto não andava com a celeridade que nós desejávamos. A situação da crise económica que atingiu o país tornava tudo mais difícil e os responsáveis não estavam à vontade para assumir novas decisões que implicassem gastos avultados. Foi então que, em alternativa, propusemos um plano de requalificação das actuais instalações que incluíssem a implantação de um relvado. Após sucessivas reuniões com a edilidade, muito difíceis, acabámos por ver o nosso objectivo satisfeito com o sim ao financiamento por parte  da Câmara, tendo por nosso lado conseguido obter a participação nos encargos no montante de 130 000 euros com recurso a um empréstimo de um lanhesence que desejou preservar o anonimato.

P.-Qual era o encargo a assumir pela tua Direcção?

 ZP.-O custo total da obra, nesta primeira fase, era de 330 000 euros., encargo assumido pela encargo da Câmara Municipal a satisfazer em tranches mensais no período de três anos.

P.-Que diligências foram necessárias para encontrar terreno disponível?

ZP.-Para a proposta da construção de raiz de um novo complexo estava prevista a escolha junto à Zona Industrial de Lanheses, aliás contemplado no PDM, tendo eu contactado e mesmo a negociado com a maior parte dos donos dos terrenos os quais foram muito receptivos, adoptando uma atitude de muita compreensão, não levantando obstáculos intransponíveis.. Foi, também, aventada a escolha de terrenos situados a norte da Escola Secundária e a sul do actual campo, tendo sido encetadas conversações com alguns proprietários no sentido da sua cedência; porém, entretanto, surgiu uma alternativa que nos pareceu a melhor de todas por ser mais ampla e melhor situada que era a quinta do sr. António das Barreiras, hipótese que foi muito bem acolhida pela Câmara Municipal e Junta de Freguesia e, a nós encantava.

P.-Como e quando foi decidida a requalificação do actual estádio?

ZP-Depois de muitas atribulações e canseiras, aconteceu no dia 8 de Agosto do último ano, quando recebi um telefonema do sr. Vereador Víctor Lemos, da Câmara Municipal, dizendo-me que se estivesse naquele momento em pé para me sentar, pois o que tinha para me dizer era "muito importante", brincou comigo. Pensei para mim que estava tudo acabado e, algo decepcionado, sentei-me mesmo. Foi então que ele me deu a notícia de que o sr. Presidente José Maria Costa lhe ordenara para preparar o protocolo para ser assinado pelas partes com vista ao início urgente das obras, o que me deixou radiante e compensado pelos esforços que eu e a minha direcção fizemos para ver o projecto deferido. No dia 15 de Agosto de 2011, num acto para todos memorável, que decorreu ao ar livre no Largo Capitão Gaspar de Castro e na presença de muitas pessoas, foi assinado o acordo. Até a chuva se quis associar.

P.-Sem local para a actividade desportiva como foi possível manter todos os escalões em acção?

ZP:-Com o começo das obras surgiram as dificuldades para manter em actividade toda a estrutura do futebol em todas os escalões, e organizar toda a logística necessária para realizar treinos e jogos noutros campos cedidos. Durante três meses andamos "com a casa às costas", para Deocriste, Bertiandos e Nogueira, utilizando graciosamente as respectivas instalações destes clubes; quero deixar aqui um sentido agradecimento aos dirigentes destas dignas associações desportivas pela disponibilidade que nos concederam, e que jamais esqueceremos. Foram três meses muito difíceis, de enorme desgaste, trabalho e sofrimento, que foi felizmente compensado pela alegria do dia 12 de Dezembro de 2011, quando foi realizado o primeiro ensaio sobre o relvado entre os veteranos do UDL e o Deocriste, por sinal debaixo de muita chuva mas que, para satisfação de todos os intervenientes, nem uma pinga ficava em cima da relva.

P.-Quanto custou o tapete verde?

ZP.-A relva sintética aplicada é da última geração e teve um custo acima de 20 000€ , tendo todos os que a experimentaram garantido que é excelente.

P.-Qual é sensação que sentes depois de tudo o que fez esta direcção?

ZP.-Enfim, é uma satisfação muito grande ver todo o nosso esforço concluído com êxito, sendo um gosto enorme apreciar agora a bela obra realizada, para orgulho pessoal e da minha direcção e dos sócios e simpatizantes do UDL e dos lanhesences em geral, e que tem merecido da parte de quem nos visita os maiores elogios, justificando inteiramente a magnífica festa que aqui decorreu na inauguração.

P- Com este relvado no teu tempo…?

  ZP.-Até dá vontade de voltar a calçar as chuteiras.A partir de agora dispomos das melhores condições, ao nosso nível, para oferecer aos nossos atletas com os proveitos que já se notam ao nível das exibições e resultados que a equipa sénior fez na segunda parte da Liga de Honra, terminado a prova num honrosíssimo 5º lugar na classificação deste ano, mantendo a invencibilidade no nosso estádio desde que joga sobre o esplêndido tapete verde e praticando um futebol agradável e vitorioso.



P-.E, agora, o que se segue em termos de novas iniciativas?

ZP:-Para o futuro: reorganizar definitivamente o clube na parte administrativa e desportiva dotando-a de um responsável que tenha a seu cargo tarefas que agora recaiem directamente sobre a direcção, cujos elementos exercem as suas actividades próprias e não dispõem de tempo suficiente para gerir os seus interesses particulares, sacrificando-os muitas das vezes em benefício dos interesses do clube. Há já um responsável pela manutenção do estádio e da rouparia. Preocupámo-nos em criar estruturas de sustentabilidade para garantir o futuro do UDL, para que os lanhesences se sintam orgulhosos do seu clube desportivo.

P.-Concretamente, o que vai agora ser feito prioritariamente?

ZP-É nosso propósito prosseguirmos com a execução integral de todo o projecto, estando prevista uma segunda fase que contempla a criação de sede própria onde possam ser devidamente expostos os numerosos troféus até agora ganhos pelo UDL e, naturalmente, que disponha de espaço para reuniões da direcção. Far-se-à, ainda, a cobertura da bancada, a criação de um BAR e instalações sanitárias, gabinetes médicos, balneários, cadeiras na bancada central e peão, bem como novas redes de vedação à volta do espaço do estádio.

P.-Em que espaço de tempo pensas possa ser concretizado todo o vosso plano?

ZP.-Temos ainda um ano de mandato a cumprir e gostaríamos de encontrar alguém que se disponibiliza-se para assegurar a execução deste ambicioso projecto, que tem vindo a concretizar-se com muita paixão e carinho. A bem deste pequeno clube, mas grande na alma e no querer, que queremos seja o União Desportiva de Lanheses.

P.-O estádio vai manter o nome actual?

ZP-Tenho conhecimento de que há sócios e simpatizantes que gostariam de atribuir ao nosso estádio uma designação que se identificasse com uma figura que tenha dedicado relevantes serviços ao clube. Não serão muitos, mas existem individualidades que já não estão connosco que muito deram ao União Desportiva de Lanheses. É um assunto que a Direcção apoiará, mas dependerá só e sempre da vontade da maioria dos associados.

P.-Como gostarias de terminar esta entrevista?

ZP.-Gostaria de enaltecer o trabalho daqueles que me acompanham nesta canseirosa mas aliciante tarefa e a quem muito agradeço pela enorme dedicação e empenho com que o fazem. São eles, Xico Banana, Zé Manel, Zé Carlos Paço, Artur Gomes, Henrique Meia-Noite, António Costa, Francisco Franco, Remígio Brito, Agostinho Lopes, António Teixeira, Hélio Franco, Jorginho (electricista), António Bacela, Albino Costa, Dinis, João Catrina, Jardel, Nelo, Abílio Bacela, José Luís Coutinho, Álvaro Baptista (Peligrine), Luís Pistolo, Moisés, Luís Campela, João Souto, Miguel Amorim, Luís Franco, Filipe Costa, e outros de que porventura neste momento o nome não me ocorre e a quem peço desculpa por isso.
 Um palavra de grande apreço a todos pelo grande trabalho que realizam ou realizaram.

                              António Oliveira "Toninho", um apaixonado e dedicado dirigente do UD Lanheses.

CURRICULO DO PRESIDENTE, JOSÉ PEREIRA DE CASTRO.
Nome por que é tratado: Zé Pereira.
Data de nascimento: 12.05.1961 (50 anos). Casado, com 3 filhos.
CARREIRA DESPORTIVA. Como atleta:
35 anos como jogador do UDL.
  l  ano no Neves FC.
 1  "    na A. D. "Os Limianos".
Cerca de 1500 jogos realizados com a camisola do UDL, 350 golos marcados.
1 Subida de divisão ao Nacional de Júniores
2 Vezes campeão Distrital pelo UDL.
1 Taça da AFVC, pelo UDL.
1 Taça de Honra.
1 Taça Disciplina.
3 Taças da AFVC (finalista).
3 Vezes campeão pelos Veteranos.
Vencedor do Troféu "PAPELARIA SATÉLITE", atribuída ao jogador mais pontuado nos jogos respeitantes à época de 88/89.
8 Épocas na 3ª Divisão Nacional.
COMO TREINADOR:
2 anos na categoria de sénior do UDL.
3 anos "        "          " iniciados do UDL.
2 anos  "       "          " juvenis do UDL.

COMO DIRECTOR:
5 Anos como director das camadas jovens
5   "                Presidente.

Texto e fotos: 
Remígio Costa.
2012/Maio. 

2 comentários:

  1. muito bem dar a saber o trageto feito por essa geraçao de jovems diregentes de lanhezes pois com gente assim vaisse continuar a andar para a frente david pereira

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  2. Quem está fora é que nota as diferenças!... Parabéns Zé Pereira e restante equipa!

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