domingo, 2 de dezembro de 2012

CASA PALHARES

             
            Este dia de domingo nasceu frio mas de céu limpo e sem nuvens. Ainda mal definido o raiar da aurora que muito tenuamente principiava a delinear as montanhas a oeste do vale do Lima, a temperatura punha o termómetro um grauzinho a cima do zero da escala Farenhait quando coloquei o rosto fora da porta rumo ao compromisso voluntário que assumi. -Vai estar um lindo dia, disse para comigo. Talvez encontre por aí, mais logo depois do almoço, qualquer motivo de interesse para colher algumas fotografias que interesse publicar no doLethes e, ao mesmo tempo, vou-me exercitando no manejo da máquina que ando a negociar para uso pessoal.

                Saí em passo coloquial pela rua do Lugar, confortado pelos raios mornos do astro brilhante a caminho do oriente e, mal dei por mim, tinha na frente o belo edifício da "minha antiga escola primária", onde, mesmo que não seja por vontade própria sempre, tenho que olhar para os quadros feitos de azulejos azuis onde estão a camponesa da roca e o camponês com o livro mão, o moinho e o burrinho com os sacos de farinha para o moinho sobre o dorso e os patinhos, alinhados todos na mesma direcção. Logo após a rotunda da Baixa das Masseiras, as extensas estufas que ali foram levantadas desde há alguns meses, trazem-me reflexões sobre o estado que a agricultura do nosso país poderia ter atingido na actualidade, não fossem os erros e a ganância especulativa de quem ela dependeu e depende, ainda hoje.




               Já no cruzamento da estrada do Barreiro e da que passa pela Devesa, Peitilha e, lá mais para diante, o Seixô, vejo, à esquerda, a Casa Palhares. -Ora aqui tenho um motivo que pode interessar dar a conhecer aos meus bem intencionados e leais seguidores. Faz tempo que não tem sido parte das notícias do doLethes, vejamos o que posso adicionar ao que muita gente já sabe.

               O portão estava aberto, entrei. Subi a rampa em cubos de pedra do Minho que não existia ainda na última vez que ali estive, reparei que a terra estava revolvida à direita e à esquerda da entrada, uma estátua em branco cru ornamentava o local. O alpendre, a nascente, aparentava estar pronto. Subi até perto da escada da entrada para o primeiro andar, não apareceu ninguém, mas, pareceu-me ter ouvido no interior alguns sons denunciando que gente poderia lá estar. Não forcei o intuito de denunciar a minha presença, porque não estava certo de estar ali alguém que me pudesse dar resposta a algumas perguntas que esclarecessem alguns pormenores sobre a entrada em funcionamento da Casa. Para além da viatura da Obra Social, um outro carro ali estacionado não me esclarecia sobre o seu dono.



                Eu não exerço jornalismo., isto que seja claro. Também não sou inquisidor e não pretendo, nunca pretendi, que o doLethes seja veículo de mensagens ou recados  com efeito de ricochete. Quem tiver algo a resolver com alguém, que o faça em local adequado e com as pessoas certas. Eu sou, quero ser, independente nas minhas opções, bairrista, adulto para perceber onde há má fé, e, dentro das limitações que me respeitam, tentar fazer o melhor que sei e consigo pela minha terra e pelos milhares de conterrâneos nossos que vivem espalhados pelo mundo.

                O processo da doação da Casa Palhares à Obra Social Riba Lima, já é do domínio público há vários meses. Neste momento, a propriedade está legitimada e, como tal, habilitada a iniciar o fim que visa prosseguir desde que satisfaça às exigências que a lei determina para o seu exercício. Pelo que se conhece e se divulga entre a população, as instalações de excelente acabamento e condições para alojamento de idosos, já estará terminada. Sendo assim, nada obsta, na minha opinião, que os interessados (que pelo que consta são muitos mais do que os oito lugares da lotação máxima a preencher) possam desde já candidatar-se a ocupar aquelas vagas. 


                O Sol está a terminar a caminhada deste dia. Apercebo-me do lusco-fusco que antecede a sua despedida deste cantinho "à beira Lima nascido" para aparecer noutros lugares, alegrar outras gentes, dar alimento e vida, pela réstia de luz que passa pelos vidros da janela do espaço onde escrevo. 

                 Que o dia de amanhã seja (ainda) melhor para todos. 




                

               

             

              

             

6 comentários:

  1. Boa noite:
    Adorava ver fotos do interior.

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  2. anónimo das 00:51

    Bom dia.

    Como a requalificação da Casa não mexeu com as divisões, há várias fotografias das suas várias dependências publicadas no doLethes em post anteriores. É só andar com o cursor para trás...
    RC.

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  3. Ola
    Porque o nome casa palhares?
    Gostaria de saber mais sobre a familia palhares e se essa casa esta relacionada a algum.

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    Respostas
    1. Oi Suely está casa pertenceu à família Palhares. Meu pai Manuel nasceu e foi criado ai até seus 24 anos e hoje se encontra no Brasil. Mas ainda temos uma tia viva de nome Antonia que mora próximo a está casa .valeu um beijo. Aqui é a fiha do Manuel : Rosa.

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  4. Os "Palhares" constituem uma família antiga muito considerada na freguesia de Lanheses. Foi uma casa de lavradores com um membro sacerdote. O último herdeiro que a habitou doou a parte que lhe pertencia à Obra Paroquial e Social Riba Lima, onde está alojado atualmente.

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  5. Sim, o tulimo herdeiro, doente psiquiatrico que doou a casa à Igreja com a condição de "tomarem" conta dele.. A verdade é que no dia da doação houve outro contrato onde o mesmo teria de pagar todas as suas despesas bem como a sua estadia!
    Bem hajam e façam o bem

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