sábado, 19 de novembro de 2011

UMA CASA (ALDEIA) BEM PORTUGUESA.



 O Sol apareceu hoje radioso e abriu um brecha luminosa no céu de chumbo que vem pairando nos últimos dias um pouco por todo o país, concedendo um folga aos dias de chuva que anunciam a  época invernosa que aí vem. Muda a paisagem com a queda das folhas das árvores e as cores agradáveis das suas copas desfazem-se na água que corre nos caminhos ou intumesce a erva que cresce à sua volta.


Subo em passo tranquilo o pequeno percurso da Avenida que me falta percorrer até chegar ao Largo Capitão Gaspar de Castro, seguindo ao lado da vizinha Piedade que se dirigia no mesmo sentido trocando com ela palavras do quotidiano sobre idade e a saúde, pessoal e familiar, assuntos correntes que os idosos sempre abordam nos seus encontros ocasionais. No Largo, as pessoas circulavam em número apreciável, transportando nas mãos os sacos com as compras realizadas até aos automóveis estacionados ali perto, e, à porta dos estabelecimentos e nas esplanadas dos cafés, grupos de pessoas trocavam opiniões em amenas cavaqueiras. Passei pelo "Mário" para me certificar se o "Toninho", o dedicado treinador-adjunto do UDL que, no último domingo, sofreu um problema de saúde com alguma gravidade, já estava ao serviço, depois de ter constatado que o estabelecimento estivera encerrado dois dias no início desta semana. Não, ainda não estava em condições de retomar o cargo, mas já está livre de perigo por ter suplantado o acidente coronário que sofrera e justificara o seu internamento hospitalar por alguns dias, encontrando-se agora a restabelecer no seu domicílio. Não estava o António Oliveira, mas cumprimentei o patrão, o "Chico", que regressara de urgência do Brasil onde há meses se encontrava para assegurar a abertura do comércio que explora.


Depois do café, tomado rápido e sem companhia no "Neu", passei pela ourivesaria para trocar dois dedos de conversa com o "Manel", a qual começa sempre pelo futebol e termina na política, e, a "coisa" só não esquenta porque em conceitos, opiniões e gostos, quer em relação ao que se passa no país e na Europa quer no desporto, o fiel da balança fica sempre na vertical. Mas não há, infelizmente, por aqui muitas oportunidade de confrontar ideias e esgrimir argumentos como acontece quando encontro o "Manel", um cidadão que tem no sangue a génese de quem gosta de pensar pela sua cabeça ou não fosse ele descendente da uma das figuras mais notáveis do nosso meio do início do século XX, Domingos da Rocha Santos.


Bem massajada a língua pela animada e farta interlocução, em que a certo momento se juntou o Ramalho, amigo também mas da freguesia vizinha de Fontão, era tempo de tomar o caminho de regresso a casa, agora de encontro aos raios tépidos de Sol que batiam de frente no rosto e, ao fundo da Avenida, se reflectiam nas águas do Lima.


Não será este o quadro perfeito descrito na canção celebrada pela grande Amália, mas não deixam de transparecer aqui alguns laivos de uma aldeia alto-minhota bem portuguesa. Onde, por muitas razões, ainda apetece viver. 


Estão todos convidados para juntarem à aprazibilidade deste dia de fim de semana, a beleza desta canção bem portuguesa com o sotaque enriquecedor destes excelentes artistas checos que a interpretam.

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