sábado, 4 de fevereiro de 2017

COMO VAI SER O ESTADO DO TEMPO, AMANHÃ?





     Nos tempos que atravessámos não serão muitos os que têm dificuldade em encontrar meio de obter resposta fiável quanto à previsão do tempo que vai estar a curto ou longo prazo. Especialmente nesta fase do ano em que as condições atmosféricas são incómodo de monta para a maioria das pessoas, é recorrente a preocupação em antecipar o humor do tempo atmosférico com que será preciso conviver nos dias que se seguem. 

    Com a expansão meteórica e espantosamente criativa dos meios tecnológicos dispersos pelo planeta e no espaço, o estudo científico dos dados recolhidos por especialistas e as conclusões que deles extraem, concedem às previsões uma fiabilidade quase absoluta, quer para áreas extensas ou circunscritas a zonas específicas que, depois, colocam ao dispor dos interessados difundindo-as através dos muitos meios existentes, sejam eles oficiais ou privados. Fujo à tentação de comentar o que sobre a antecipação do estado do tempo se faz por estes dias nos canais de televisão de referência, concedendo-lhe horas continuadas de reportagens sem conteúdo e a repetir a toda o momento avisos alarmistas vermelhos, laranjas e ondas de altura de prédios de, pelo menos, quatro ou mais andares, porque o que me motivou para abordar o assunto é lembrar um pouco do que fui ouvindo (e aprendendo) ao longo da minha convivência com o povo rural a que pertenço.


 
    Sem tv, jornais e raros ouvintes de aparelhos radiofónicos nem a impagável informação do carismático meteorologista da estação oficial de tv, Anthímio de Azevedo porque os telhados das casas não aguentavam as antenas de receção, as pessoas orientavam-se por sinais aprendidos pelo costume dos antepassados baseados na repetição dos fenómenos atmosféricos próprios de cada estação, as quais, ao contrário do que agora parece não suceder, cumpriam fielmente o calendário imposto pelo movimento do globo terrestre à volta do astro rei. Em determinadas épocas do ano eram fiáveis para o povo simples, fórmulas empíricas como as "temperas" (?) de que já não é fácil encontrar quem as saiba explicar (pessoalmente, não a memorizei) a qual consistia em anotar o tempo que fazia em determinados meses do ano anterior para, por alturas da quadra pascal do ano seguinte, os relacionar segundo uma ordem inversa e assim "adivinhar" como estaria o tempo naquele período . Mas havia mais: uma barra de nuvem formada inopinadamente a ocidente sobre o mar entre Caminha e Viana era, segundo o Ti Gusto barqueiro, sintoma de mudança de tempo; uma "touca" feita de água suspensa sobre a serra d'Arga, "a água era muita ou pouca" no saber do povo, como o adágio de "fraco é o Março que não rompe uma caroça", uma espécie de capa feita de junco, ou "em abril bebe o boi no rego"., "em abril águas mil" a prevenir que vem chuva "a cântaros" neste mês. No dia da Candelária (no falar popular há quem diga Canglória), a dois de Fevereiro, "se o dia "chora" (chove) está o inverno fora, se ri, com sol, está o inverno por vir", em novembro o "verão de S. Martinho, são "três dias mais um bocadinho", "Carnaval borralheiro (com frio e chuva) Páscoa solheira". Vento do sul e céu tapado com manto cinzento e cheiro a couves podres da fábrica de papel  é certeza de chuva próxima, o mesmo que soprar do sul o vento forte.  Mas não se esgota aqui a panóplia dos recursos empíricos das previsões, porque uma recolha mais rigorosa daria a conhecer quem acreditava que um "circulo na lua é sinal de aguaceiros, e que a "lua nova trovejada trinta dias é molhada". E, porque há sempre alguém que faz questão de confirmar o que dizem os livros, aí esta o "Borda d'Água" ed. de 2017, dia 4 de fevereiro, S. João de Brito, morte de Almeida Garrett, Quarto Crescente, "Chuva e vento". O Seringador, concorrente da edição citada, deverá corroborar a asserção do concorrente "Borda".


   De todas, as mais assertivas previsões que conheço sobre as alterações climatéricas ad hoc resultam das queixas físicas dos humanos: frequentemente somos confrontados com afirmações como "doem-me os artelhos, as cruzes e este maldito joelho; desde que parti esta perna lá vem ela com a dorzinha a chamar o "mau tempo", a desgraçada. Estou com enxaqueca, acordei molenga, apetecia-me ficar na cama, mas, é a vida, mesmo que chova a cântaros lá terei eu que pegar no guarda-chuva e ir para a luta desafiando o embirrento aviso vermelho, amarelo ou o raio que os parta que se não fosse o estado do tempo não sei como haviam de preencher a grelha dos programas.

Hirrrrrrrraaaa, p'rós "manda chuva"!

Fotos: doLethes
Remígio Costa  

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