domingo, 10 de janeiro de 2016

UM ANO É DO PESCADOR, OUTRO DAS LAMPREIAS.

           O Caninhas é um apaixonado de barcos e da pesca. Campeão no ofício. Além de ter sido o criador, é o zelador da réplica do água arriba, o barco da vela quadrangular redonda que tem feito sucesso entre Viana e Ponte de Lima.

           Se há alguém que anda  furibundo com o estado do tempo que vem acontecendo nestes últimos dias são os pescadores de lampreias do rio Lima, designadamente em Lanheses. Porquê? Ora, porque com a intensa e permanente quantidade de água que tem caído praticamente desde o início da época sazonal da pesca das lampreias, que acontece no começo de cada ano, o caudal do rio Lima engrossa de tal modo que inviabiliza qualquer tentativa de navegabilidade. Para mais, a visibilidade permitida pelo caudal é completamente nula por ação de efluentes que escorrem das veigas adjacentes e, porque a corrente arrasta consigo troncos e toda a espécie de detritos capazes de obstruirem e romperem redes pesqueiras nos locais onde estão licenciadas. É a Natureza a ditar as suas leis, pois o delicioso ciclóstomo que satisfaz o apetite de apreciadores e se tornou um ícone da riquíssima e variada cozinha minhota nesta altura do ano (e mesmo noutras ao longo dele pois podem ser conservadas pelo frio ou secas no fumeiro para serem consumidas em  momentos escolhidos) têm uma oportunidade excecional de escapar à perícia do golpe certeiro do bicheiro podendo subir  o rio contra a corrente  até aos locais de desova em número muitíssimo mais elevado do que em anos que chove pouco. Se escapam centenas de fêmeas aos inúmeros predadores e a barreiras como a de Ponte de Lima e artes de pesca autorizadas, que têm que  enfrentar  entre a foz em Viana do Castelo e Ponte da Barca na altura da corrida que fazem para ir desovar em épocas de boa colheita, imagine-se os milhares (milhões!?) delas que escapam a coberto da invisibilidade da corrente, como acontece atualmente.

             Se as condições do tempo estivessem propícias andariam desde o primeiro dia de Janeiro no rio, no sitio da antiga passagem entre as  duas margem, mais de uma dúzia de lampreeiros, dos dois lados do Lima. Veem-se, agora, alguns por ali de impermeável ou guarda chuva a tratar de tirar a água que cai dentro das típicas embarcações, ou, deambulando ao longo do rio macambúzios e intranquilos, com ar de quem espera junto da maternidade a notícia da chegada do primeiro bebé.

              Esta época, ao que tudo aponta, será a das lampreias. Se assim continuar,  milhões de ciclóstomos juvenis irão descer a corrente rumo ao Mar dos Sargaços para a aventura do crescimento. Vão voltar daqui a três anos crescidos e nutridos e podem não ter a fortuna das suas progenitoras; então, farão a felicidade dos pescadores.

             Um ano é da pesca, outro do pescador. É a vida.

                                                 Não há patrão sobre solidão.

                                         Rio cheio, barco no estaleiro.

                                          A jusante da ponte, tudo como ontem.

                                                Só (dentro) do automóvel.



                                    "Olho" cheio.

Fotos: doLethes
Remígio Costa

3 comentários:

  1. Das lanpreias e nao so tambem ha muita lenha pour o Rio abaixo . A partir de quarta fiera ja se mode ir para o Rio e o meu narco esta a chegar para fazer comcurencia ihih

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  2. Pereira David

    Com o teu peso e o das lampreias que vais pescar tem que ser um barco e tal para não ir para o fundo. Ah, ah, ah!

    Abraço.

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  3. pois è mas eu a lampreia gosto muito dela mas no prato .qualquer dia imos comer uma os dois abraço DAVID

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