O que levou à iniciativa de construir a habitação no início da década de setenta, foi o de abrigar uma jovem mãe solteira carente e sem local para viver. Era, nessa época, presidente da Junta da Freguesia de Lanheses José Martins Agra, tendo como tesoureiro Florêncio Nunes Franco, ocupando eu o cargo de secretário. O assunto foi avaliado pelo executivo tendo sido deliberado procurar um terreno devoluto do escasso património rústico da freguesia onde pudessem ser erguidas quatro paredes e assente nelas colocado um telhado ao abrigo do qual pudesse alojar-se uma pequena família em condições de vida com um mínimo de conforto e dignidade. Não tendo a Junta capacidade material para assumir o custo da obra por inteiro, foi acordado fazer uma colecta pública na freguesia para a obtenção de fundos em dinheiro e espécie.
Foi-me incumbida a concretização da campanha e a tarefa de gerir e coordenar a execução da obra.
Depois de meses de contactos individuais porta a porta onde obtive sucesso e me confrontei com algumas deceções, a casinha ficou pronta a habitar. Em acta, estabeleceram-se algumas condições de utilização, uma delas reservando para a freguesia o direito de propriedade, ainda o de decidir quando e como o inquilino perderia o direito à ocupação e a DESOBRIGAÇÃO do ocupante presente e futuros ao pagamento de renda. A finalidade era a de ter disponível um abrigo para acudir a uma situação emergente aguda, enquanto ela durasse.
Ao que sei, a desobrigação ao pagamento de renda foi anulado num mandato anterior aos do penúltimo e atual presidentes da junta, contrariando os fundamentos da criação da casa e à revelia da vontade do executivo que a concretizou. Desconheço se houve a preocupação de ponderar em consciência e formalmente a quebra de uma decisão de um órgão responsável com preocupações de solidariedade social, jamais repetida até ao presente.
Recentemente estive no local onde está a casa da solidariedade, tendo decorridos muitos anos sobre a última vez que o fiz. Não sei exatamente quem lá vive agora nem o número de pessoas que abriga. Um cão ladrou, um gato espiou a minha passagem e um estendal de roupa a secar indiciam moradores. Não me animou o aspeto de casebre abandonado, isolado, degradado. Excluído.
Quem irá lá cobrar a renda!?
Remígio Costa
Amigo :
ResponderEliminarCusta saber estas coisas ! É pena .
Abraço
Esta casa é habitada por uma pessoa só, Rosa Sousa, sendo que as noites não são passadas lá.
ResponderEliminarMas so agora...que o sr.nos dis? E que presidente fez isso?
ResponderEliminar