sábado, 11 de outubro de 2014

O TOCADOR DOS SINOS DA TORRE DA IGREJA DE LANHESES

(Clicar sobre o link para ouvir os sinos)
                          Os sinos da torre da igreja de Lanheses já há alguns anos que são acionados eletronicamente, estando todos os seus toques programados de acordo com os motivos que visam anunciar e as horas e dias em que é preciso que sejam proclamados.

                          Noutros tempos, os toques simples de um só badalo do sino maior eram feitos através de um cabo de arame que subia da sacristia à torre, puxado braçalmente.  Quando se tratava de anunciar atos religiosos ou festivos com utilização dos três sinos existentes, então, eram requeridos tocadores experimentados que subiam os mais de noventa degraus em caracol da torre e, braçalmente, executavam os acordes adequados ao toque necessário. Às vezes, formavam-se duplas de tocadores, cada um com um sino, e, nos toques a finados em que era necessário dobrar a volta ao sino nem todos tinham a força precisa para o conseguir.

                        Porém, ao contrário do que se poderia pensar, havia muitos homens que sabiam manejar com arte as cordas presas aos badalos e disputavam a primazia de serem eles a cumprir a exigente tarefa.

                       Abordo este tema sem ter feito uma recolha de informações que tornaria o assunto mais preciso, porque recebi hoje do meu amigo Manuel Lima o link divulgado acima com que pretendia enriquecer o post aqui publicado respeitante às minhas bodas de ouro matrimoniais e, fiquei perplexo quando dei conta quem era o tocador. Uma surpresa que me deixou por momentos incrédulo pois nunca imaginaria que alguém tivesse feito um vídeo no cimo da torre a registar o "artista" em plena execução de um toque festivo. E quem era ele, afinal?

                      Trata-se de  Afonso Franco, que já há bastante tempo não está entre nós e foi, durante muitos anos seguidos, o sacristão da igreja de Lanheses! Já não viverão muitos que dele ainda se recordem.
                      O Afonso esteve ligado à igreja durante vários anos  com a função de sacristão, tendo cumprido de modo exemplar as imensas tarefas que lhe eram cometidas. De todas, a que exigia mais sacrifício era sem dúvida alguma executar os toques dos sinos. Várias vezes ao dia e frequentemente muito antes do sol nascer, no frio e chuva do inverno ou no calor sufocante do verão, o Afonso subia os degraus que o levavam até ao patamar onde estavam os sinos e procedia ao toque ajustado, fustigado pelo vento cortante ou com bátegas de chuva ou de suor a inundar-lhe o rosto. Descia depois para, algumas horas passadas voltar à torre e repetir o sinal. Dias, meses, anos seguidos, solitário, responsável, zeloso e humilde sem ter compensação material da missão que desempenhava e nem sempre com o reconhecimento que as suas qualidades amplamente justificava.

                    Aqui fica a minha homenagem ao Afonso Franco  que possibilitou ter o toque apropriado à cerimónia nupcial de renovação dos votos realizada na última terça-feira, dia 7 de Outubo e os agradecimentos ao Manuel Lima e à sua esposa Zélia pela "oferta" com que a ela se quiseram associar.

                                                                                            fim

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