sábado, 26 de junho de 2010

"MANDA A VONTADE QUE ME ATE AO LEME"

          
   Heróis do mar...


          O MOSTRENGO
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou trez vezes,
Voou trez vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-rei D. João Segundo!»
 
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou trez vezes,
Trez vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-rei D. João Segundo!»
 
Trez vezes do leme as mãos ergueu,
Trez vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer trez vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quere o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
D' El-rei D. João Segundo!» 
(Mensagem-Fernando Pessoa
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   O post que ontem, após o jogo da nossa selecção, tinha aprontado para sair nada tinha a ver com este. Só que, como tantas vezes acontece com uma equipa de futebol, que vê o seu trabalho ir por água abaixo já no tempo de compensação em consequência de um frango do guarda-redes ou de um falhanço escandaloso de um golo de baliza aberta, também eu, um serôdio explorador cibernético numa fase ainda incipiente de auto aprendizagem, prontinho a dar o último clique, puff!.
    Debelada a auto-flagelação pelo malogro do trabalho perdido, após um sono reparador ganhei algum apetite para voltar ao tema abordando-o de forma menos específica em relação ao jogo, que serviu os interesses da nossa selecção, direccionando o olhar para o próximo objectivo dos bravos Navegantes.
    Sem quaisquer reservas ou pretensões de mostrar erudição, que não tenho, (hoje, a INTERNET, é um campo fácil de busca para todos), pareceu-me que o poema de Fernando Pessoa, tem algum simbolismo com o sucesso da selecção de "todos nós" lá para os lados do Cabo da Boa Esperança, onde os medos de outras eras foram vencidos pela bravura épica dos PORTUGUESES.
    Três jornadas, três vezes o Mostrengo foi vencido! 
    "E disse no fim de tremer trez vezes:
     Sou um povo que quere o mar que é teu" 

    Venha de lá, então, "essa" Espanha medonha.
O "nosso" Tiago, contra a Espanha, estará todo em campo.

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