sábado, 22 de maio de 2010

VIRADO AO N

            AFINAL, HÁ OU NÃO HÁ, UMA "REPÚBLICA DAS BANANAS"?
  
            Para aqueles que entendem que a expressão "república das bananas" não é mais de que uma metáfora, nem sempre invocada a propósito e, algumas vezes, com manifesto exagero, atentem nas referências que se seguem sobre alguns acontecimentos políticos ocorridos em Portugal nas duas últimas semanas.
            Admitida por fim como real a crise económica que se abateu sobre o país, cuja paternidade nunca será assumida porque não há testes de ADN para estes casos, o governo apresentou e viu passar na Assembleia da República, um Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), com medidas paliativas para enfrentar o monstro. Como é habitual nas decisões governamentais, as medidas foram apresentadas aos portugueses como excepcionais, muito cuidadosamente preparadas e, por isso, bastantes para suster o avanço da gripe financeira.
            Eu não sei se o país se espantou, quando tomou conhecimento no dia seguinte que o governo se fez "falconar" para Bruxelas e, ainda mais rapidamente reenviado para Lisboa directamente para a frente dos microfones e gravadores, a declarar com toda a desfaçatez que a "pen" que levaram ainda tinha espaço para outras obrigações e, sem mais conversa fiada, substituíram-na por outra com as regras que Angela Merckel e Cª determinaram fossem tomadas.
            De então para cá o governo parece um enxame de abelhas, sem mestra. Nos gabinetes ministeriais os computadores fumegam à procura de dados donde sairão as notícias do saque aos rendimentos das famílias, das pensões de reforma, das comparticipações na saúde, na assistência social, no desemprego. A azáfama é tanta que as contradições nos despachos são desnudadas na praça pública, pressionando-se de fora para dentro as rectificação dos dislates legais, elaborados ad hoc.
            Os grandes projectos avançam ou recuam como se fossem comandados por um catavento ou, por mais realista, por força dos interesses que lhes estão subjacentes. Chefes e subalternos desautorizam-se reciprocamente, proferindo declarações uns para logo serem desmentidas por outros. Tudo quanto é especialista, fazedor de opinião, editorialistas, sindicalista, político carreirista ou candidato a qualquer coisa, procura debitar não importa o quê para o ruído geral.
             Perante esta estapafúrdia barafunda, o primeiro responsável pela governação dá mostras de que, entre os muitos que possui, o dom da ubiquidade só é superado pela destreza em expressar-se nas línguas inglesa e espanhola, como é manifesto nas hilariantes cenas de riso que suscita quando as usas nas suas amiudadas idas àqueles países em representação oficial.
             Mas ainda há a oposição e, o que deveria ser, o fiel da balança. O novo (nos dois sentidos) lider do partido que espera suceder no governo o homólogo socialista, veste o papel do "misseiro" e, como está de fora, usando um charme próprio de quem está seguro de que a sua hora está a chegar, vai dando o seu aval sem se comprometer (pudera...), dando tempo a que o olho marinho engula a vítima que nele se atola para, a seguir, a substituir sem ter o ónus da culpa da situação a que se criou.
             Em tudo isto, o Presidente, não tem sido consequente com as preocupações que diz ter. Afirma que tem alertado (e tem) para a enormidade da crise e não pode correr o risco de a agravar ainda mais por força de medidas que são necessárias mas ele não impõe, não veta mas garante que devia vetar com o fundamento de que não deve perturbar com as suas decisões a estabilidade governativa, acha que o melhor para resolver a crise é esperar que ela morra depois de Portugal desaparecer.
             Será esta a tal "república das bananas?".
         

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