domingo, 10 de janeiro de 2010

OS NOVOS CAVALEIROS DA VERDADE DESPORTIVA

            Andam para aí uns cavalheiros (cavaleiros?) armados em campeões da credibilidade, muito empenhados em fazer crer que estão interessados na implantação de novos métodos que possam contribuir para acabar com os erros de arbitragem falseadores da verdade desportiva.Acham eles que, com a introdução de meios tecnológicos nos encontros de futebol acabariam as polémicas em torno dos lances duvidosos e a paz desportiva reinaria entre todos os amantes do desporto-rei.
             Antes de fazer qualquer consideração sobre o assunto quero salientar o acontecimento da última semana que levou à Assembleia da República (!!!), um grupelho de figurantes do meio desportivo da corte alfacinha, encabeçada por um papagaio comentador de uma estação de televisão da área de influência dos dois clubes da segunda circular acolitada pelos respectivos presidentes e apadrinhada pelo inefável catavento da FPF.
             Os resultados práticos que advirão daquilo que a patusca delegação pretende e que levou a segunda figura do estado português a recebe-la no venerando órgão da Nação Portuguesa, qualquer cidadão concluirá, serão ZERO. Isto, porque, quaisquer alterações às leis do jogo, são da exclusiva competência da International Board e, quem se interessa minimamente pelo fenómeno do futebol sabe que este organismo age como e quando muito bem entende sem dar cavaco a quem quer que seja.
              Abdicando de fazer algumas considerações sobre a solidez  moral de alguns dos novos cruzados interessados na aplicação das virtualidades das novas tecnologias na erradicação dos erros que falseiam os resultados dos jogos, trago aqui um exemplo que me parece paradigmático sobre o que poderão ser os resultados futuros das decisões tomas com base no visionamento dos lances duvidosos através dos meios visuais.
              Há alguns anos atrás, disputando-se no estádio da Luz um Benfica-Porto, Petit, (penso que era assim que se chamava o médio da equipa da casa) fez um remate que Vítor Baía defendeu, segundo o árbitro Olegário Benquerença (fixem o nome deste "cromo" porque muito se irá falar dele), antes da bola ter transposto totalmente o risco branco da linha de baliza. Roubo, gritaram sessenta mil!. A bola esteve para além da linha mais de um metro! Inacreditável!. Até os stewards de costas voltadas para o campo, viram o melhor guarda-redes português de sempre sacudir a bola de dentro da baliza!.
               No estádio as câmaras da televisão eram dezoito. O lance foi captado de vários ângulos, de lado, de cima, em câmara lenta. Passado e repassado vezes sem conto nos minutos seguintes à ocorrência, analisado, dissecado, esturricado por tudo quanto é perito na matéria. E, nos meses subsequentes, até aos dias de hoje, continua a ser evocado, quando dá jeito. Todavia, NINGUÉM, com um mínimo de isenção e distanciamento, como seria suposto existir numa imprensa honesta, poderá afirmar que terá sido golo. Claro que, no lance descrito, o uso do chip eliminaria as dúvidas mas, em muitos outros que acontecem no decurso de uma partida de futebol, o recurso ao olho cirúrgico da câmara em nada contribuiria para desfazer o equívoco da decisão tomada no momento do seu desenvolvimento.
               Estou convencido que a maior parte dos erros de julgamento das faltas resultam do comportamento instável da equipa de arbitragem que, em grande parte deles, não vê o que todo o mundo constata e, noutras situações, assinala o que só eles quiseram ver! O seu julgamento é ajustado à pressão do jogo, à grandeza do emblema e às suas ambições na carreira.
               Para concluir não deixo de sugerir uma ideia que, não duvido, pode ser a solução para o dilema da arbitragem mundial e, simultaneamente, um enorme contributo para eliminar o déficit orçamental em menos tempo do que o governo prevê. Era assim: o "Magalhães", que tem tido um bombástico sucesso no sistema educativo que até no estrangeiro já foi adoptado, seria vendido à entrada dos estádios e nos lares de todos os portugueses amantes do futebol, a preço comparticipado, como é de justiça e trivial. Depois, ligados pela internet ao sistema de transmissão pela televisão dos encontros, seriam chamados a pronunciarem-se os jurados telespectadores, nas cadeiras dos estádios e nos sofás no conforto do lar,os quais, com um simples click decidiriam sobre o julgamento das infracções às regras do jogo. Apurado o resultado, o speaker de serviço intercomunicava com o árbitro-chefe, o qual dava ordem de recomeço e o jogo prosseguia. Então?
               É claro que quem rejubilaria com tal sistema seria sem dúvida alguma D. Vitória, pois, para além do sua mal disfarçada simpatia pelos família dos galináceos e outros seres penosos, onde obviamente cabe a espécie dos milhafres, mesmo tendo alguma dificuldade em distinguir as diferenças entre um jogo de futebol e uma partida de rugby, por nunca a elas ter assistido, adora concursos e -oh suprema ventura- é adepta do Benfica!. E, com seis milhões, ou mais, sem contar com a emigração, a verem todos o mesmo (isto é, nada...) não haveria campeonato que não caísse no papo tornando-se obsoleto o recurso a quaisquer outros expedientes experimentados, incluindo as queixinhas a notre ami Platini ou a traiçoeiros túneis onde é provável tropeçar-se em algum steward em comovedor recolhimento espiritual ou, hipótese não desprezível, com algum imparcial e aplicado síndico de um qualquer tribunal desportivo.

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