domingo, 24 de janeiro de 2010

A INTUIÇÃO DOS ÁRBITROS E O LÉXICO FUTEBOLÍSTICO

            Coisa nunca vista em Portugal e ao que presumo também na Conchichina onde, como é universalmente pacífico abundam os mais competentes árbitros de futebol do planeta, o inefável Baptista assinalou numa final disputada no Algarve um penalty a favor   beneficiar do Benfica, vindo mais tarde a esclarecer que não teve necessidade de ver a infracção do atleta leonino porque, dizia ele, "intuira" (v.tr. intuir, ter intuição de; pressentir, Dic. Editora, 2008), cabendo-lhe, assim, o universal direito de reivindicar a paternidade de tão original julgamento de incumprimento das regras futebolísticas.
             E não se pense que tal princípio é apenas apanágio de um lunático distraído juiz às portas da pré-reforma. Atente-se no que aconteceu no jogo disputado no Funchal entre o Marítimo e, agora e ainda, o Benfica, nas imagens TV que antecedem a expulsão de Olberdam, no qual os ouvidos ultra-sensíveis do árbitro-militar  "intuiram" ter sido o atleta maritimista o autor das vernáculas frases produzidas e, para além disso, serem a si dirigidas e teriam sido proferidas, nas suas costas, quando se dirigia para perto do local onde assinalara uma falta contra a equipa da casa.
             Neste caso, ao contrário do que é já corriqueiro noutros processos, não houve quebra de segredo do relatório arbitral nem recurso às habituais declarações de branqueamento na solícita subserviente media vermelhusca. Mesmo assim, ouçamos a versão da ocorrência, pela voz do atleta expulso:
             
Em declarações ao DN, o médio brasileiro explica o que se passou.
"Foi uma decisão injusta do juiz. Ele pensou que era para ele, mas o que eu disse era para o Paulo", adiantou o médio do Marítimo, explicando depois que ficou irritado com o companheiro de equipa, de quem diz ser "amigo", por causa do duelo que ele estava a travar com Di María. "O jogador do Benfica foi direito ao Paulo e eu disse-lhe para não cometer falta", explicou, revelando depois as palavras exactas com que se dirigiu ao lateral-direito dos maritimistas: "Eu disse-lhe foi 'Sem falta, c..., p... que pariu! Toda a hora falta, c...'." Ao admitir os palavrões, Olberdam chamou a atenção, de forma irónica, para o facto de que durante os jogos "não é hábito dizer por favor, meu querido ou amor".
           O Luisinho é um garoto reguila que costuma brincar no espaço familiar onde a TV passa os jogos de futebol e, parecendo pouco atento às imagens e ao som da transmissão de um jogo a que grande parte da família assistia e prestes a chegar ao fim, saiu do seu aparente alheamento e disparou:
           c............, c..........., c.............., todos os jogadores chamam-se c........?
           Nunca mais lhe foi permitido brincar num espaço onde passe na TV um jogo de futebol!

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