segunda-feira, 30 de março de 2020

(14)FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL LANHESENSE



   Da esquerda, em pé: não reconheço o primeiro civil, João Lima (barbeiro), João Rocha (Lambranca) Artur Vale, Manuel do Augusto, Zé Dantas, Raul Silva, Chico da Rua, Álvaro Agra e NN(?). Em baixo: da esquerda: Remígio Costa, Rogério Agra, Domingos Gomes, Janota e Rogério Dantas.

(14)FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL LANHESENSE

       1.1.-O TURBOLENTO XIV CAMPEONATO DA FNAT DE 1956.

               Para o campeonato corporativo de 1956 inscreveram-se seis equipas: Centro Popular e Recreativo de Campos (Valença), Centro Recreativo Popular de Ganfei, do mesmo concelho, Centro recreativo Popular de Cerveira, Grupo Recreativo Popular de S. Pedro da Torre (Valença), Casa do Povo de Lanhelas (Caminha) e o Grupo Desportivo da Casa do Povo de Lanheses. 

               Precedendo a abertura da prova, o GDCP de Lanheses realizou ainda um jogo particular contra uma equipa designada por GDB Corações, tendo obtido uma estrondosa goleada de 9-0, não havendo, porém, registo de outros elementos sobre esta partida, resultado que evidenciava boas perspetivas para o campeonato sendo certo que o conjunto Lanhesense possuía, à data, uma equipa recheada de bons atletas capazes de ombrear em qualidade com todos os adversários que teria de defrontar.

              A primeira jornada decorreu em Vila Nova de Cerveira, uma saída das mais difíceis da prova. O resultado foi desfavorável ao grupo de Lanheses por 1-0, que apesar de tudo demonstra a capacidade de luta do Lanheses e o equilíbrio de forças com que a partida decorreu. Alinharam: Augusto, João Castro (Latoeira), Artur Vale, Ramiro, Remígio Costa, Delmiro Costa, Chico, Janota, Domingos Gomes, Rogério Agra e Rogério Dantas. Como suplentes, Fernandinho, Adriano Lagoela e Henrique.

              Na segunda jornada o GDCPL recebeu no seu espaço desportivo a equipa de S. Pedro da Torre, indo a jogo com a equipa assim constituída: Augusto, Ramiro, Artur Vale, Rogério Dantas, Zé da Campela, Delmiro Costa, Chico Rua, Domingos Gomes, Remígio Costa, Janota e Rogério Agra, com apenas um suplente, o Adriano Lagoela. O resultado terminou com uma vitória por 3-1 a favor do GDCPL, não ficando apontamentos sobre quem apontou dois dos golos, sendo que um foi da minha autoria na conclusão de lançamento sobre a área feito pelo Zé da Campela emendado com remate sem preparação. 

              Esta partida ficou marcada pela duvidosa atuação do árbitro cujo desempenho  demonstrou uma manifesta parcialidade de julgamento de lances em prejuízo da equipa Lanhesense, provocando sucessivas interrupções da partida, a qual decorreu com muita conflituosidade dentro, e sobretudo, fora do pelado tendo gerado alguns tumultos e tentativas de invasão do campo.

            No relatório do fim da partida o árbitro empolou as incidências ocorridas no decorrer do jogo, tendo capturado o meu cartão e o do meu colega Janota. 

Da esquerda: João Rocha (Lambranca), Remígio Costa, Artur Vale, Zé da Campela, Ramiro Vale e João Castro (Latoeira), defesa e linha intermediária.



                            
             1.2.- INTERDIÇÃO DO CAMPO DE JOGOS DO GDCPL, JANOTA E REMÍGIO COSTA CASTIGADOS COM JOGOS DE SUSPENSÃO.

            A direção de Braga da FNAT viria a aplicar uma penalização à equipa de Lanheses, registada como advertência escrita, fundamentada no comportamento do público presente, e aplicou ao jogador Janota dez (10!?) jogos de suspensão por alegados insultos ao árbitro, tendo eu, Remígio Costa, sido contemplado com três jogos de castigo por pretensa agressão a um adversário. Ora, nem o jogador Janota nem eu tínhamos sido expulsos e havíamos cumprido em campo todo o tempo de jogo. Não nego que, tanto eu como o Janota, tivéssemos contestado algumas más decisões do juiz de Braga, designadamente, porque fomos alvos preferidos, sistematicamente persecutórios, de frequentes entradas “a varrer” dos adversários. A opinião de todos, jogadores e dirigentes, é que o árbitro já trazia preconcebida a ideia de nos afastar dos jogos seguintes, principalmente, o que se realizaria na jornada imediata em Lanhelas, desfalcando deste modo o conjunto com dois dos seus mais influentes atletas. Como nestes comentários que venho fazendo já escrevi, a equipa da freguesia de margem esquerda do rio Minho, estaria a beneficiar de apadrinhamento de simpatia de um delegado extremamente ativo e influente no departamento a que pertencia. Como se verifica, tal prática já vem de longe…




      Por força da interdição do campo, o GDCPL disputou o jogo seguinte no dia 18 de Março, no campo do Cruzeiro, em Ponte de Lima, tendo por adversário o Campos, de Valença. Neste jogo alinharam: João do Augusto, Artur Vale, Rogério Dantas, Henrique, Firmino, Zé da Campela, Chico Rua, Domingos Gomes, Delmiro Costa, João Castro (Latoeira) e Miguel Firmino.

 ZÉ DA CAMPELA, médio defensivo, deixou de jogar por motivo de doença incapacitante (falecido).


                                    
      Nos apontamentos que sigo apenas consta mais sobre o campeonato deste ano que a partida que o GDCPL tinha que disputar com o Ganfei não se realizou por acordo entre os dos dois Clubes, com fundamento de que já não teria interesse para a classificação dos conjuntos e se evitavam, assim, os correspondentes encargos. 

        Não constam quaisquer outras informações sobre a prova oficial deste ano, nomeadamente, no que respeita à classificação final, sendo certo que o título foi obtido pela equipa do Lanhelas.

 Da esquerda: Chico da Rua, Janota, Domingos Gomes, Rogério Dantas e Adriano Lagoela, avançados


        1.3.-DE VOLTA AOS JOGOS PARTICULARES.
                Finda a prova oficial, a atividade do GDCPL retomou a realização habitual de jogos amigáveis com as mais variadas equipas amadoras da região, sendo fácil contratar jogos porque não escasseavam clubes que aspiravam confrontar-se com a equipa de Lanheses, pelo prestígio e valor que a distinguia no âmbito dos conjuntos amadores, cujos convites eram muitas vezes adiados ou rejeitados por incompatibilidades de datas. Deste modo, no dia 13 de maio, o Lanheses foi às Neves realizar uma partida, mal sucedida anote-se, já que o resultado final foi uma expressiva derrota por 5-0. A composição da formação foi a seguinte: Artur Vale, gr., (regressando à posição que adquiriu, com grande sucesso, como júnior no SC Vianense), Ramiro, M. Augusto, Rogério Dantas, João Castro (Latoeira), Moisés, Miguel Firmino, Fernandinho, Domingos Gomes, Janota e Adriano Lagoela. Esta foi uma formação muito condicionada porque alguns habituais jogadores não compareceram para a deslocação, o que levou a direção a aplicar sanções aos faltosos os quais, posteriormente, viriam a ser amnistiados. 

                 A 27 de maio e 3 de junho decorrem dois encontros contra o Gandarense, de São Martinho da Gandra (Ponte de Lima), nos quais participaram os seguintes jogadores: Artur Vale, gr, Rogério Dantas, Delmiro, João Castro, Miguel Firmino, Domingos Gomes, Salvador, Fernandinho, Jorge, Janota, Fiuza e Berto da Rata, não havendo mais referências sobre estas partidas. A 24 de junho, o Lanheses deslocou-se a Ponte de Lima para enfrentar a AD “Os Limianos”, constando da convocatória os seguintes nomes: Artur Vale, gr., Remígio Costa, Delmiro Costa, M. Augusto, Miguel Firmino, Alberto Ferreira, Domingos Gomes, Janota, Fernandinho, Adriano Lagoela, Jorge, Rogério Dantas e João Garcia.

          Remígio Costa, na partida jogada em Oliveirinha (Aveiro), com o troféu do jogo

                 1.4.-A MEMORÁVEL DESLOCAÇÃO A OLIVEIRINHA (AVEIRO) TERRA DE NASCIMENTO DE CARLOS VIEIRA, JOGADOR DO FC DO PORTO.
                        A visita à terra da naturalidade do veloz e eficaz atleta CARLOS VIEIRA que militava no Futebol Clube do Porto como destacada figura, a aldeia de Oliveirinha, no distrito de Aveiro, foi feita de véspera numa comitiva que levava o Grupo Cénico da Casa do Povo de Lanheses que iria apresentar uma peça de teatro. O alojamento dos componentes da equipa de futebol e do teatro foi oferecido por famílias locais, sendo os componentes do numeroso grupo, masculinos e femininos, recebidos com todo o esmero e atenção. Tudo decorreu de modo muito organizado, sendo de registar e louvar a simpatia de um punhado de belas moças que, desinibidas e pujantes de alegria e muito charme, prendaram alguns atletas visitantes com momentos de alegria e excelente disposição.

                       Registe-se que a visita só foi possível pelo relacionamento íntimo do Jogador Carlos Vieira com a família de José Martins Agra, e pela amizade fortemente consolidada de Rogério Agra com o avançado do Clube portista, que se estendia por outros jogadores do plantel, e do famoso treinador José Maria Pedroto, os quais, alguns deles, passaram a ser visitas habituais da conhecida família de Lanheses.

                        Como curiosidade, não deixo de referir que o jogador do Lanheses, Salvador Agra (recentemente falecido), conheceu e veio a casar com uma Oliveirense cujo namoro foi iniciado nesta visita.

  No jogo do futebol que terminou com empate a uma bola, jogaram: João Rocha (Lambranca), gr, Ramiro, Artur Vale, Miguel Firmino, Remígio Costa, Delmiro Costa, Domingos Gomes, Fernandinho, Jorge Ferreira, Janota, Rogério Dantas, Adriano Lagoela e Alberto Ferreira.

   O derradeiro jogo do ano de 1956 decorreu em Lanheses contra o Grupo Desportivo Santamartense, no dia a seguir ao Natal, em 26 de dezembro.

          1.5.- A FREQUENTE ALTERAÇÃO DO PLANTEL DO GDCPL.
                   As frequentes alterações na composição do plantel do GDCPL deriva da instabilidade e natureza do ofício ou profissão que cada um exercia como modo de vida. Para além de Rogério Dantas, Janota, Remígio Costa, Domingos Gomes e Rogério Agra, que possuíam ocupações diferentes mas consolidadas na terra ou perto, como Viana do Castelo, a maioria não tinha profissão específica ou, se a possuía, emigrava para a França se pudesse, arranjava trabalho com facilidade em Lisboa ou ia para a tropa cumprir serviço militar obrigatório. Um ou outro deixava de ter condições de jogar em virtude do prosseguimento de estudos secundário ou superior.
       No meu caso, a prática do futebol assídua acabou praticamente em 1957 por exigência do cumprimento do serviço militar que durou cerca de dois anos, bem com a conclusão dos estudos que havia interrompido, bem como a carreira que prossegui na função pública. Viria ainda a jogar na AD “Os Limianos” numa época apenas, mas já sem o fulgor e força de vontade que antes possuía. Fiz, mais tarde, uma última época no GDCP de Lanheses, como jogador e responsável pela equipa, com os trinta anos ultrapassados.
(Segue)

Remígio Costa
               

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