sábado, 22 de março de 2014

I FESTA DA LAMPREIA, EM LANHESES.

               Há quem salive só de ouvir falar dela, mas também é muito frequenta encontrar que nem suporta vê-la à frente dos olhos. É uma espécie sazonal que começa aparecer no rio Lima nos últimos meses do ano e ainda pode por ali andar até Abril/Maio do ano seguinte, após a desova e já debilitada prestes a morrer.

             São ainda bastantes os amadores ocupados nesta altura na pesca da lampreia, no troço do rio entre Vila Mou, a juzante e Fontão, a montante, que lançam no leito os ramos atados a um pedra para os fixar no fundo, presumindo que a lampreia que sobe o rio para desovar faça do local um ponto de descanso para recuperar do esforço da luta contra a corrente. Repouso necessário, para ela a infeliz, porque pode ser-lhe fatal, pois que, num golpe certeiro do predador, estará a rabejar no fundo da barquinha com destino bem diferente.

             Dizem os entendidos que a "nossa lampreia" (do rio Lima) é mais saborosa do que a importada de França. Será. A mim parece-me, todavia, sendo ela bem preparada e condimentada, não há-de ser muito diferente, bairrismos à parte.


           
              Há muitas maneiras de a levar à mesa, umas mais comuns, usuais digamos, outras mais requintadas e elaboradas. Por mim, que aprecio bastante o pitéu, uma ou duas vezes por época raramente mais, prefiro a mais tradicional: com arroz "de chocolate", a fugir do prato, ou, à bordalesa com o molho a cobrir o pão. Maravilha! Experimentei, uma vez, fumada. Fosse pelo que fosse, não fiquei cliente.

            Que me recorde, e, sendo a lampreia recorrente na dieta de muitas famílias -mais agora na época da abastança do que noutros tempos quando era oferecidas, às portas, por 2$50 (pouco mais de um cêntimo na moeda actual) - nunca se promoveu, em Lanheses, qualquer FESTA DA LAMPREIA. Mais vale tarde do que nunca e as iniciativas, quando se justificam, nem precisam de ser inéditas. 

            Saudemos, pois, a iniciativa simpática de promover "a nossa lampreia" dedicando-lhe uma festa, a qual, para ser condigna é necessário que seja muito participada.Se assim for, eu acho que vai, cumprem-se dois actos, vá lá, três boas acções: a primeira, concedemos a nós próprios a fruição de um pitéu especial (um dia não são dias), depois, temos oportunidade de contribuir numa iniciativa com fins de solidariedade social e, por último, associamo-nos a uma iniciativa que visa atrair a Lanheses pessoas de outras localidades.

            E "morra" a lampreia, no prato e regada com bom carrascão, obviamente!

           







1 comentário:

  1. Boa tarde Sr. Remígio.

    Antes de mais tenho de dar os parabéns a quem tomou a iniciativa de organizar o III Festival da Lampreia. Terceiro? Sim terceiro, porque os dois primeiros foram organizados pela Associação de Caçadores de Lanheses em 04 e 05 de Maio de 2012 e em 27 e 28 de Abril de 2013.
    Em 2012, a Direção da Associação de Caçadores de Lanheses, depois de muita discussão interna, decidiu organizar o I Festival da Lampreia, com o resultado da receita liquida apurada reverter para as Obras do Centro Social. Já foi esquecido. Razão tinham aqueles que votaram contra…
    A Junta de Freguesia de Lanheses, apoiante desta festa, teve conhecimento dos dois anteriores. Foram publicados no livrinho das actividades associativas a realizar em Lanheses nos dois anos. O centro Social teve conhecimento, porque recebeu um cheque de 250,00€ (duzentos e cinquenta euros), passado pela Associação de Caçadores de Lanheses.
    O cartaz alusivo a ambos os eventos esteve exposto no Largo Capitão Gaspar de Castro, em Lanheses, durante várias semanas, no mesmo local onde está o actual. (falta de visão?...)
    Portanto, por muito que se faça, a memória das pessoas de Lanheses e seus representantes é muito curta…
    Eduardo Coelho

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