sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

"COUTINHO" INDULTADO.

                
               Tudo aponta para que o conhecido processo de demolição do designado "Prédio do Coutinho", levantado frente ao jardim público de Viana do Castelo, terá chegado ao fim sem que tivesse sido determinada a sua demolição. Notícia hoje vinda a público no Jornal de Notícias (JN), dá conta de que o actual governo deixou cair a defesa da demolição do "Edifício Jardim" de 13 andares pondo fim a um  processo que se arrastou pelos tribunais durante 13 anos!

               A história deste imbróglio que seria caricato ou mesmo hilariante se não fosse trágico nas suas implicações humanas e financeiras para as  famílias envolvidas e pelos custos astronómicos que gerou  para o erário público para onde vão os impostos que a maior parte dos portugueses paga, é já suficientemente conhecida para dispensar a sua repetição. Vejamos, porém, alguns aspectos que lhe deram origem para melhor tentar perceber as decisões que foram tomadas acerca deste projecto.

               A altura do prédio Coutinho foi questionada desde a sua construção. Todavia, o projecto colheu despacho favorável e a sua implantação no local foi, formalmente, legalizada ao abrigo da legislação vigente. Especialista da arquitectura, paisagistas e pessoas comuns, dentro e fora de Viana do Castelo, rejeitaram a existência de um edifício com as propriedades do "Edifício Jardim", considerando que ele constituía uma agressão paisagística na área onde foi construído.



             Com a mudança entretanto ocorrida na Câmara Municipal o futuro do prédio do Coutinho voltou à agenda do caminho da demolição. A edilidade decidiu avançar com o projecto da construção de um novo mercado no mesmo local onde já tinha existido, o que obrigaria à demolição do polémico edifício, a cargo de uma entidade criada ao abrigo do programa Polis.

              Na altura em que os moradores iniciaram a luta contra os propósitos de os desalojar, eram 103 as famílias implicadas. No decorrer do processo viriam a abandonar a luta pela permanência no local mais de metade. Uns, acordaram com a edilidade e venderam os seus apartamentos. Alguns, mudaram-se para habitações construídas de raiz no condomínio do mercado que funcionava no centro da cidade entretanto demolido. Desconheço se algum dos inquilinos concordou em ocupar o complexo edificado propositadamente perto da doca seca pela Câmara Municipal.

              Com todas as andanças, o regabofe vai em vinte milhões de euros! Tudo, em nome da estética e da sensibilidade artística de uns quantos, quiçá, das birras e do autismo de outros. 

              É certo que uma grande maioria dos vianenses entende que o prédio Coutinho, não enquadra com o cenário paisagístico e as construções da área onde está implantado. É um facto que o exemplo é apontado nos meios académicos da área da arquitectura como exemplo do que não deve ser feito. Tudo aponta, porém, que foram desvalorizadas outras questões que a demolição implicaria, designadamente, os direitos dos implicados, o desgaste e o sofrimento a que foram  submetidos, e os milhões sacrificados a uma causa sem mérito e sem retorno prático para a população da área da Câmara Municipal de Viana do Castelo, tão carecida ainda de recursos públicos básicos de vida.

             Dado o momento que se vive na sociedade portuguesa quem acredita que a culpa não vai, também neste caso, morrer solteira?




             

             

             

            

              

              

               

              

1 comentário:

  1. 13 andares...13 anos de tribunal...ano 2013 é muitos 13( numero de azar)SO PODE CAIR...quem manda pode...quem pode! nao tem dinheiro para mandar. como diz o Brazileiro fazer o que?ai se eu te pego serà que é bom para a cidade...com tanta gente sem trabalho... farpa

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