DOMINGOS MORAIS, TREINADOR DO UDL
ENTREVISTA
Domingos António Costa Morais, 44 anos, natural de Ponte de Lima,
Como jogador:
Limianos, ARcozelo, Correlhã, Torreense, Darquense ,
Lanheses, Formariz.
Como Treinador:
Formariz, Limianos, Vit. Piães, Moreira do Lima, S. M. Gandra
e Lanheses.
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DOMINGOS MORAIS (Domingos António Costa Mortais), tem 44 anos
de idade, é natural de Ponte de Lima e vai iniciar a terceira época como
treinador da equipa sénior do União Desportiva de Lanheses (UDL).
Estando a chegar o início da nova temporada, aceitou falar
para o doLethes sobre a realidade presente e (também) das perspectivas que se
apresentam para o futuro do UDL, numa
entrevista efectuada no BAR da casa do Povo de Lanheses,
muito frequentado pelos sócios e simpatizantes do clube lanhesence.
doLethes (DL) -Este é o terceiro ano como treinador do UDL. O
que te motiva?
Domingos Morais (DM). Sem qualquer dúvida, todo o historial
do Lanheses. Acho que é uma freguesia que gosta do futebol, vive o futebol com
muita intensidade, são de cá alguns elementos que se destacaram no futebol
nacional, e, acima de tudo a mística, a forma como a pessoas vivem o clube, que
acaba por ser uma motivação acrescida para quem trabalha sabendo que na rectaguarda
tem uma massa adepta exigente mas
extraordinariamente apaixonada pelo futebol e pelo clube.
DL. -E, também, a melhoria das condições de trabalho?
DM –Exactamente. Condições que no 1º e 2º ano não existiam e que
não foram fáceis de ultrapassar. Na época anterior tivemos que andar com a “casa às
costas” durante cinco meses, mas as pessoas souberam esperar. Para mim foi o
melhor ano onde pude contar com uma direcção e uma massa adepta extraordinárias
e a compreensão dos jogadores que foram
humildes e nunca desistiram, não baixaram os braços, tendo conseguido uma segunda volta excelente.
DL.-Correu mal o início da época para o UDL.
DM.- Sim, começou mal. Tivemos uma vitória na primeira
jornada mas depois…
DL.-Quando se esperava um arranque fulgurante…
DM.-Foi muito difícil porque no campo cedido pelo Deocriste
as condições de treino não eram as melhores em termos de piso (terra batida),
iluminação e tudo o mais. Depois andamos
também por Nogueira, um campo que estava num estado lastimoso, autêntico
batatal, com mato, erva, tudo do pior, mas conseguimos manter o grupo solidário
e unido o que foi essencial, porque ninguém desistiu nem jogadores nem directores. Demos as
mãos, a Direcção deu todo o apoio possível, tanto o Henrique Meia-Noite como o
presidente Zé Pereira, bem como toda a restante direcção; senti-me apoiado, mantive-me
firme, todos entendiam que os maus resultados não seriam da minha inteira responsabilidade, concederam-me
um voto de confiança muito grande e, quando partimos para o sintético, foi
aquilo que se viu até chegarmos ao quinto lugar a um ponto do quarto e a oito
pontos do primeiro. Penso que foi uma recuperação extraordinária.
DL. -Foi uma segunda parte muito boa…
DM.-Sim, foi muito boa,
mas, para além das vitórias alcançadas, foi a qualidade do nosso jogo; houve
muito jovens que se destacaram e, alguns deles, foram procurados.
DL.-Como, por exemplo?
DM.-Temos o caso do Costa que foi para o Nogueirense, da A.F.
Porto. Pagam-lhe um salário bom e foi para um clube com aspirações para chegar
à 2ª divisão. É um médio defensivo
natural de Viana que nos deu uma boa ajuda a partir de Dezembro; o Jorginho, que
acaba de assinar pelo Ponte da Barca, vai jogar na 3ª Divisão, é um prémio
também para ele porque nestes dois anos que esteve comigo trabalhou muito e conseguiu
uma evolução enormíssima. A qualidade estava lá...
Acho que as pessoas se devem sentir satisfeitas porque dois
jovens de Lanheses acabam por ir para os campeonatos nacionais, penso que é uma
evolução muito grande e um passo em frente desses dois jogadores.
DOMINGOS MORAIS, é muito interventivo durante o jogos junto à linha lateral.
DL.-Segues, regularmente, o trabalho da formação? Há talentos
a aproveitar? Que oportunidades lhes vais dar?
DM.-Sim., há qualidade na formação do UDL. Disse, aqui há
quatro ou cinco meses atrás, que haveria um futuro muito risonho para este
clube em termos de formação. O clube, há
anos atrás, era formado quase por 90% de naturais de Lanheses, talvez, 100%. Eu
penso que é possível voltarmos a ter não 80/90 por cento mas 70/60 de atletas
daqui, porque há, em termos de juvenis e juniores, uma mão cheia de jogadores
com qualidade e condições para que isso
aconteça. Só falta um pequeno pormenor: é a parte familiar desses miúdos colaborar
no crescimento deles e melhoradas as condições do acompanhamento quando chegam
à idade sénior, à idade adulta e pensam em abandonar a actividade.
DL.-O UDL tem organização para garantir esse acompanhamento?
DM.-Ainda não tem. Apesar do esforço que tem sido feito,
ainda não foi possível arranjar alguém para dispor, por carolice, de algumas
horas e isso, actualmente, não é fácil. E temos que arranjar gente bem qualificada,
pessoal docente se possível. Seria muito importante a entrada de pessoal
docente na formação, porque, para além de formar jogadores é mais importante
formar homens e isso seria extraordinário. Eu penso que este ano poderá dar-se
um passo decisivo nesse sentido pois as condições à partida são muito boas. Com
o campo que temos há que encontrar as pessoas certas para os lugares certos:
treinadores, coordenadores, em termos de camadas jovens, e, se o UDL fizer isso,
estou convencido que em três, quatro anos, se os miúdos na transição não abandonarem,
não seguirem por outras vias que infelizmente às vezes seguem, eu continuo
achar que Lanheses voltará a ter um futuro muito bonito, com gente que economicamente fica muito melhor.
Com mais atletas naturais da terra a integrar o plantel principal haverá cada vez mais público no campo a
assistir aos jogos, entram mais sócios, e, desta maneira, se faz o crescimento
desta Instituição. É necessário estar preparado para a reestruturação que está
em curso nos campeonatos regionais da 3ª divisão.
DL- Em relação ao
plantel deste ano? O Lanheses reforçou-se?
DM.-Pela época que fizemos é natural que as atenções se voltassem
para nós. Já estávamos a contar com algumas mexidas. Quando começamos a falar nas
renovações aos atletas todos eles estavam decididos a continuar. Mais tarde
fomos um pouco surpreendidos, pois, já com o nosso plantel praticamente
alinhavado, ficamos sem o Dani, a seguir sem o Costa e há cerca de alguns dias
atrás, foi o Jorginho quem saiu. Vamos tentar colmatar essas saídas que, no
fundo, é todo o meu flanco esquerdo: Jorginho, Dani e Costa, que fazia uma
cobertura defensiva a esse flanco. Portanto, vamos ter que trabalhar, penso que
as pessoas estão à procura de soluções e tudo se há-de compor.
DL-Em termos de classificação para a próxima época, qual é a
ambição.
DM.-Eu já o disse publicamente: é manter a posição do 5º lugar
ou daí para cima. Seria um feito muito bom. Manter posição entre os cinco
primeiros, mas, antes de tudo, garantir a permanência o quanto antes; mas,
vamos ter que trabalhar muito, os campeonatos estão cada vez mais complicados,
trabalha-se mais cedo e melhor. Há pouco tempo atrás era impensável, na
regional, em Julho ou meados de Julho os plantéis estarem formados e, a divisão
de honra já tem as 15 equipas que dela fazem parte, todas elas, excepto o Vila
Franca, com os plantéis fechados, o que é sinal de que se trabalha já muito
mais cedo e melhor. É bom para os clubes, para os jogadores e para o treinador.
DL.-Conheces bem os adversários que vais enfrentar. Quais são
os que consideras mais fortes?
DM.-O Cerveira será sempre o candidato mais sério. Vem da 3ª
para a regional, vai manter uma estrutura forte com certeza absoluta,
tradicionalmente é sempre uma equipa temível. O Correlhã, uma equipa também
sempre muito bem organizada e combativa dá sempre muita luta. E o Neves. Eu
penso que o Neves, se mantiver a estrutura do ano passado, será um grande adversário. Fez, a par do UDL,
uma segunda volta muito boa. Estas são quanto a mim as equipas teoricamente
mais fortes do próximo campeonato.
DL.-O que recomendarias aos sócios e seguidores do UDL para
colaborar nos esforços dos treinadores, jogadores e direcção do UDL
DM. Eu queria abrir aqui um pequeno parêntesis para apelar
aos adeptos do Lanheses a mesma postura que têm tido até aqui. Que continuem a
manter o sentido crítico que é muito bom, pela positiva. Devem continuar a
apoiar a equipa nos momentos menos bons, nos momentos difíceis, para empolgarem
os jogadores. É preciso que eles sintam o apoio das gentes de Lanheses, pois
todos os que assinaram para representar o Clube possuem aquele espírito de luta,
de entrega, indispensável para defender esta instituição e dignificarem todos aqueles que
passaram por aqui e vestiram estas camisolas. O mais importante, não são os
treinadores, são eles. Os jogadores querem fazer história, ajudar o clube e
deixar a sua marca, também, nesta terra.
DL.-Qual é o plantel com que contas neste momento?
DM.-Há ainda umas três ou quatro situações a definir, mas em
princípio, estou a contar com:
Lino e
Costa (que vem dos juniores do Ancorense). Renovações: Escolinha, Abílio,
Edgar, Bruno Filipe, Pedro Leite, André, Nuninho, Bruno Teixeira e Zé (estes
dois últimos em acerto de alguns pormenores).
Sobem dos juniores: Lima (central) e Filipe (ala esquerdo) e Fábio (ala
direito).
Reforços: Tico, ex-Arcozelo, Adolfo, ex-júnior de “Os Limianos”;
Araújo, ex-Vila Franca; Fábio Costa, ex-Vila Franca, natural de Lanheses, que
regressa a casa; Sampaio, que estava sem clube mas jogou no Melgaço e Neves, o
Filipe e o Faisão, ex-Darquenses, e Sandro ex-Bertiandos. Agora, temos que ir
à procura de um defesa para o lado esquerdo para colmatar a saída de Jorginho.
Mas não nos devemos precipitar. Vamos ter calma porque há aí um acordo com o
Vianense para nos ceder um miúdo que joga lá mas, ao que parece, não deverá
ficar no plantel.
DL.-Em relação às saídas, conheces bem o Dani, o Jorginho, o Costa.
Quais achas que são as possibilidades deles singrarem na carreira de jogador?
JORGINHO, a revelação em 2011/2012 que vai representar o Ponte da Barca.
DM.-O Jorge só lhe faltava um pouco de mais maturidade. Mas
agora está muito melhor, mais responsável, digamos. Eu vejo no Jorginho, neste
momento, talvez o melhor defesa esquerdo do distrito de Viana. É arriscado
dizer isto, mas é aquilo que penso e eu conheço a regional como poucos e
sinceramente, para mim, o Jorge é o melhor defesa esquerdo neste escalão.
DANI, UM JÚNIOR QUE SE IMPÔS NO PLANTEL PRINCIPAL E VAI
REPRESENTAR O S.C. Vianense.
DL.-Dani?
DM.-Há uma coisa interessante em relação a este miúdo. Quando
veio dos juniores, era tido por irresponsável tacticamente, mas ele tinha
apenas 16 anos, 17 anos quando começou a ser chamado para o plantel principal.
E cresceu imenso. Vejo no Dani um apreciável potencial polivalente, faz qualquer
posição do lado esquerdo e, para mim, até pode vir a ter futuro nessa posição,
porque é muito rápido, marca bem por dentro, é muito forte no lance aéreo e,
quer como ala quer a lateral, Dani tem um margem de progressão muito apreciável.
DL.-No S.C.Vianense?
DM.-Acho, sinceramente, que o Dani fez a escolha acertada.
Acabando por ficar na 3ª divisão e no Vianense e, se entrar na Universidade em
Viana e puder treinar a 100 por cento, eu creio que Dani, se não entrar de
imediato a titular vai lá chegar em dois, três meses. Digo isto porque conheço
o plantel do Vianense e o seu lado esquerdo não está muito forte e eu julgo que
o Dani vai conseguir impor-se rapidamente. Depois de entrar já não deverá sair
porque Dani tem um potencial muito grande. Se não conseguir treinar com regularidade
então ai terá dificuldade e, conforme falei com o Paulinho (treinador do
Vianense) deverá regressar ao UDL. O próprio Meia-Noite também falou com o
treinador do Vianense e, se tiver que voltar, será bem recebido como é natural.
Terá mais experiência, melhor ritmo de jogo, (no Vianense) porque está com boa
gente, vai ter um ritmo mais alto de jogo, mais treinos, é outras competição.
Mas eu estou confiante que o Jorge, que recebemos do Ponte da
Barca, vai fazer uma grande época.
De qualquer modo estou
certo que, tanto Jorginho como Dani, vão ser bem sucedidos e chegarão mais
alto. Precisam naturalmente de alguma sorte, adaptação ao ambiente, ausência de
lesões, porque não lhes faltam qualidades, a um e a outro. Seria muito bom, até,
para os jovens que temos aqui verem que em pouco tempo se consegue atingir o
nacional, porque as oportunidades surgem há que procurá-las e aproveitá-las
quando aparecem.
DANI, na entrega do Troféu doLethes/Tranquilidade, que venceu em 2011 como melhor jogador em jogos realizados em casa pelo UDL. Na imagem, João Silva, à esquerda, pela Tranquilidade e o autor do blogue/doLethes, à direita.
DL.-O relvado é muito importante, na formação.
DM.-É muito, em termos técnicos. A bola evolui mais
facilmente, os jogadores movimentam-se melhor, o passe e a recepção são feitos
de outra maneira, a intensidade e velocidade do jogo aumentam, portanto, veio
beneficiar a própria formação. É por isso que seria essencial para as camadas
jovens ensiná-los a estar no campo, instruí-los no passe e na recepção, que é a idade onde devem aprender
e não nos séniores, onde se joga mais para ganhar. A formação serve para criar
para mais tarde colher. O objectivo primeiro, nesta fase, não é vencer a
qualquer preço.
DL.-Como é formada a tua equipa técnica?
DM.-Humberto, adjunto, que vem do ano passado, ex-jogador do
Correlhã, está ainda no princípio da carreira, tem 27 anos; António Teixeira
(Toninho), que é um elemento fundamental nesta estrutura, pelo amor que vota ao
clube, uma verdadeira paixão; as pessoas têm muito carinho por ele e os atletas
respeitam-no e estimam-no ainda mais; sabe receber bem toda a gente e lidar com
todos. Tem uma educação e uma forma de estar simples e extraordinária. Luís
Gomes, licenciado em Educação Física, Desporto de Alto Rendimento. Tem mais a
seu cargo a programação do próprio treino.
DL.-Em relação à tua carreira, que objectivos?. Tens ambições?
DM.-Vivo um dia de cada vez. Aqui há quatro anos quando me
convidaram a vir para o Lanheses talvez tivesse sido influenciado pelas
relações que mantinha com algumas pessoas e agora já estou aqui há três anos, o
que não é muito vulgar, não é para todos, mas eu consegui. Sinto-me agora ainda
mais motivado que na época anterior, vou fazendo também a minha aprendizagem,
gosto de falar com as pessoas, claro que gostaria de atingir outro nível, mas
tenho os pés bem assentes na terra. É preciso estar nos lugares certos, no
momento certo.
DL.-E, quanto à tua própria formação…
DM.-Possuo o II nível, tenho ido a palestras com pessoas do
futebol, a última das quais com Leonardo Jardim, tivemos conversas muito interessantes,
foi muito bom, aprende-se muito com as suas prelecções e impressionou-me muito; estive, também, há meses
atrás noutra, em Ponte de Lima, e estou a preparar-me para aceder ao III nível. É bastante
mais dispendioso porque é quase sempre mais lá para o sul, mas tenho desejo e
intenção de vir a frequentar. Se surgir alguma oportunidade para ser
profissional não deixarei de ponderar essa hipótese. Entretanto vou fazer
tudo para continuar a evoluir.
DL.-Se surgisse alguém com uma “pipa de massa”, um árabe dono
de poços de petróleo, que jogador lhe
pedirias para o UDL.
DM.-Messi, claro (risos…). O Messi, lá para a frente e, o
Pepe, cá para trás. Sou modesto...
DL.-E Cristiano? Não interessava?
DM.-Se houvesse petróleo que bastasse...também pedia o Hulk.
DL.-Que clube da Primeira Liga mais gostarias de treinar?
DM.-Sendo
benfiquista, preferia o Porto (!) que era para ganhar. Um treinador no Porto ganha.
(ai!, estes “gajos” , se lerem isto, não me vão perdoar; ser do Benfica e afirmar que preferia
o Porto…).
DL.-Porque o farias? No Benfica…
DM.-Acho que seria uma atitude inteligente. No Porto até o
Vítor Pereira ganha...(risos).
DL.-Não tem qualidade, o treinador do Porto?
DM.-Claro que tem muita qualidade. Era uma tentativa de fazer
piada. Foi um excelente adjunto e conseguiu um grande feito depois de suceder a
Vilas Boas, que ganhou tudo. Este ano
terá a grande prova dele. Será o teste real. Agora, eu penso que qualquer
treinador que esteja no FCP, corre um enorme risco se não ganhar. Ali, ganhar é
uma imperativo incontornável.
DL.-.Gostarias de abordar outro assunto além dos que aqui
foram tratados?
DM.-Um, já falei dele internamente mas aproveito para
recomendar publicamente a melhor atenção para a coordenação interna do futebol
do UDL. Quem tiver esse papel deve
assumir apenas a coordenação.
DL.-Entendes que faz falta a criação da figura de coordenador?
Não existe actualmente?
DM.-Não, e é uma lacuna. Há necessidade de um “manager” que
coordenasse os diversos escalões, que criasse um planeamento para a formação e
um método de trabalho adequado a cada um deles, que tivesse sequência à medida
em que os jovens progredissem até chegarem aos séniores. Qualquer jogador que
atingisse o último patamar da formação encontraria sempre o mesmo modelo e
princípios que antes adquiriu. Seria fundamental. Falta-me esse elo de ligação
na cadeia da estrutura que poderia sair dos quadros da Escola Secundária, onde
trabalham profissionais de educação física com experiência capazes de desempenhar
esse papel. Difícil é, porém, encontrar alguém com disponibilidade de tempo
para assumir tais funções. Rui Costa, António Lopes, Marinheiro, não tanto em razão das suas
qualificações próprias mas de capacidade organizativa e de estruturação. Só para
coordenar, sem obrigação de treinar, que promovesse reuniões de grupo, se
discutissem as ideias de cada um e se propusessem alternativas para serem
tomadas em toda a área do futebol.
O coordenador assistira aos treinos, daria a sua opinião e
daria sugestões aos responsáveis directos em cada escalão sobre a movimentação
das equipas em campo e o mesmo estilo de jogo a seguir em todas elas.
Sei que o Presidente José Pereira está receptivo e apoia esta
estrutura e, tanto quanto me informou, está a diligenciar para encontrar a
pessoa certa para o ocupar o cargo de Coordenador.
Há que fazer sentir a todos os que trabalham no clube,
dirigentes, treinadores e jogadores, que há regras a cumprir incutindo-lhes
princípios básicos de disciplina que são fundamentais para a harmonia e
progresso de todo o futebol e para as futuras possíveis carreiras individuais dos atletas que ambicionam vencer neste desporto.
DL.-No que concerne à disciplina tenho notado uma melhoria
acentuada no comportamento dos jogadores do UDL. Há alguma medida especial que
tenha contribuído para essa mudança?
DM.-Em termos disciplinares, deve ser dito, em dois anos, a
minha equipa não viu um único vermelho directo; não tivemos qualquer problema com
arbitragens, não se verificaram tumultos em qualquer campo onde jogamos. Saímos
sempre bem, em Lanheses todas as equipas foram bem recebidas, ficamos dois anos
em primeiro lugar em fair play, e, mesmo não havendo qualquer prémio para isso,
é digno de realce esta atitude. Conseguimos conciliar a disciplina com os
resultados e, também, com algumas boas exibições. Orgulho-me muito disso. Eu
próprio, em nove anos que levo de treinador nunca fui advertido, sempre tenho
tido óptimas relações com os árbitros, que erram como nós e como os jogadores
mas não o fazem, regra geral, com intuito de prejudicar as equipas.
Tive muito prazer em registar aqui no Dolethes as palavras do
Domingos Morais, um homem extremamente simples e de uma cativante simpatia, que
vem desempenhando aqui em Lanheses a sua actividade profissional já há alguns
anos de forma irrepreensível e que, ao serviço do UDL, na qualidade de treinador,
se vem impondo pela sua competência, capacidade de trabalho e dedicação ao
clube, com a simpatia e apoio dos adeptos do UDL.
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