Em alguns textos publicados neste blogue tenho vindo a evocar a preparação da carne de cabrito em Lanheses com a expressão "À TIA NINA". Certo é não haver já quem saiba a quem me refiro porque a pessoa que em vida era comummente trata por "Tia Nina" já há muito que não está entre nós e raros serão os que dela se recordam a não ser os seus muitos familiares próximos que fazem parte da nossa comunidade.
O nome de batismo da "Tia Nina" é Maria da Clara e a casa da família onde residia é a primeira situada à direita do acesso à Capela de Santo Antão. Atualmente, reside lá família da sua descendência.
Então, por quê "Cabrito à Tia Nina"?
Eu era ainda miúdo com cinco ou seis anos e estava na festa com o meu pai. Na casa da Tia Nina, o coberto e a ampla eira em frente do lado sul estava pejada de gente, mais homens adultos que mulheres. No ar expandia-se um agradável cheiro a assado que vinha da cozinha onde, atarefada, a Tia Nina preparava o seu tradicional cabrito típico da festa, logo servido aos apreciadores no alpendre e dispersos pelo espaço da eira.
Bem servidos e bebidos de tinto verde carrascão choviam sobre a Tia Nina os elogios ao saboroso pitéu gabando a sua experiência e sabedoria na arte da culinária tradicional caseira.
Passados que estão tantos anos sobre este repasto a que assisti ainda criança, surpreendo-me a mim próprio por ainda o manter vivo na memória desgastada.
Cabrito "À Tia Nina" ou idêntica expressão, ninguém diga que em Lanheses não há cabrito do bom.
Remígio Costa
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