sexta-feira, 2 de outubro de 2015

REGATO DA SILVAREIRA: DO POÇO DA PEDRA BRANCA AO POÇO NEGRO NO PENEDO DO BUFO.




 REGATO DA SILVAREIRA: DO POÇO DA PEDRA BRANCA AO POÇO NEGRO, NO PENEDO DO BUFO.

            Onde eu pensava ter encontrado o tesouro escondido na fonte do regato da Silvareira, estava afinal a contemplar a porta de entrada que teria de transpor para poder chegar ao local onde era suposto ele estar.  Que o sítio nos causa uma sensação de mistério e nos enche os sentidos de cores, sons e beleza natural, os quais jamais sentimos ou estão adormecidos no recôndito do nosso ser, é impossível não o reconhecer. Contudo, a estória do regato da Silvareira tem que ser recontada em benefício do rigor que lhe confira credibilidade e a ajuste à realidade que o envolve.
             Naquele sentido, diligenciei esclarecer algumas das referências que constam da mensagem inserida no doLethes, no dia de ontem, pelo que, antes de voltar ao lugar da Silvareira e poder prosseguir na exploração do Paraíso escondido, estive em conversa com o atual proprietário [(mesmo que já tenha, para a posse futura, herdeiro(a) determinado], Manuel Silvareira, familiar e amigo como também escrevi. A conversa foi alargada porque, para além dos pormenores que à frente vou referir a compor os erros que enformam o aludido texto, fiquei a conhecer mais um pouco da estória original da família  Silvareira, a qual, explorada nas peripécias vividas a partir da bisavó vinda de Vila Franca para fundar o lugar e a zona dos moinhos, no último cartel do século XIX,  posso garantir que seria inspiração única para um grande romance ou filme de sucesso, que Torga não recusaria subscrever, apesar da sua aversão ao verde do Minho e “às pessoas que nunca mataram alguém”!
             Há, pois, que retificar algumas designações que estão incorretas, a primeira das quais respeita à origem da nascente, que acontece na realidade em resultado de água que vem da Chã da Serra d’Arga e acrescenta volume ao caudal na fonte da Lameira, mais na época das chuvas como é normal, entre Vilar de Murteda e São Pedro de Arcos. A cascata e a ternurenta lagoazinha que se forma no local que designei como Penedo do Bufo é, em verdade, o Poço da Pedra Branca. O Penedo do Bufo, cerca de uma centena de metros a partir desta a montante do regato, é o ponto de junção de outro pequeno caudal que corre de noroeste, enquanto o regato desce de nordeste, sendo o local conhecido como Poço Negro. É, a partir daqui, que sai a água através de um rego artificial sinuoso aberto na ladeira da encosta e serve a zona dos antigos moinhos pela lei da gravidade.
            Todo o cenário bravio e sem vestígios de intervenção humana, com exceção de um pequeno açude no Penedo do Bufo que permite desviar o caudal do rego de abastecimento, aliás pouco percetível,  é de admitir que seja idêntico ao primitivo, de há muitos séculos, ressalvados os efeitos da erosão natural e a vegetação invasiva de austrálias fomentada por efeito dos incêndios. A minha exploração terminou ali, porque, além de não estar preparado para entrar na corrente (não existem trilhos laterais que permitam seguir pelas margens dado o tipo de vegetação e o terreno acidentado. Para além do mais, um tanto imprudentemente ou mesmo não isento de sentido de responsabilidade, andei por lá sozinho fazendo perigar a minha integridade física, coisa que, fosse eu mais avisado e menos aventureiro, jamais deveria ter feito. Malgret tout, voltei incólume, mas, nas mesmas condições, não vou repetir.

      Mas,  gostar, gostava ...

                       IMAGENS OBTIDAS NO PENEDO DO BUFO (POÇO NEGRO)












  Desvio artificial de água a partir do Poço Negro, para as casas do lugar.



                           

                                  O regato visto através do arvoredo a margem esquerda




2915.10.02
Fotos: doLethes
(As sugestões recebidas serviram de motivação. Obrigado)

2 comentários:

  1. RSRS Pelas descrições e pelas fotos deu para perceber que não conheceu nem subiu ao Penedo do Bufo, situa-se a 50 metros para nordeste da represa a que faz referência. Talvez o Senhor Remigio se tenha assustado com a subida ingreme rsrsrs. A melhor época para ficar por lá o dia todo é no verão... ou no inverno quando a abundância da chuva transforma o curso do rio num ruidoso caudal de espuma que mais parece algodão.
    Abraço

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  2. É como diz. Não arrisquei (nem estava preparado) para subir para nordeste contra a corrente e, como não vi outra alternativa, fiquei por ali.
    Não descarto a possibilidade de lá ir no Inverno, só para ver a força da corrente e ouvir o som da água revolta desfeita em espuma branca a bater entre penedos do seu leito.

    Abraço.

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