quinta-feira, 1 de maio de 2014

RELÍQUIAS PRECIOSAS.

           A qualidade da imagem não é a que gostaríamos que fosse. Pudera, já passaram cerca de setenta anos sobre a data em que esta fotografia foi obtida. Não se sabe por quem, talvez o pai do Zé Retratista, José Esteves. Como saber?

           Certo é que nela está em primeiro plano, o "nosso" simpático abade Francisco Ribeiro da Fraga, de tricórnio e sobrepeliz sobre a batina preta até aos pés, aparentando a saúde de um robusto tronco de uma árvore, talvez a oliveira. Há quem veja ali a tia Balandrinha, que ensinava a doutrina e a avó que acolhe no peito a cabecinha de uma menina de nome Samaritana. Deve estar algures por ali a minha mulher, ou eu mesmo que também fiz a primeira comunhão, não sei se neste grupo de meninos e meninas com idade entre aos nove e poucos mais anos. No grupo aparecem também adultos, e não se enganará quem, se tiver oportunidade de ver este retrato e boa vista consiga identificar-se. As escadas de acesso à Capela do Senhor do Cruzeiro e das Necessidades "espremeram-se" para receber esta "multidão" de crianças, formando um grupo que é impensável poder formar-se nos tempos de agora. Sem televisão, mas também sem abono de família, subsídio de casamento, aleitação, jardim de infância, licença de maternidade parental e assistência na gravidez. De bolsos furados, fato no fio e sardinha para três, os filhos eram "à vontade do freguês".

          Ora veja lá se a fotografia tem algo a ver consigo. Não é fácil, mas também o carro do sorteio das facturas só o verá se for premiado o número do seu cupão entre milhões. Aqui, são menos.

          O doLethes agradece ao Luís, porque ele assim quis que fosse aqui divulgada esta preciosa foto em forma de velha matriz. 

          Não me digam que não é uma jóia preciosa.


2 comentários:

  1. É sem duvida um precioso documento, esta foto que o amigo Luís (?) quis partilhar com os seguidores do Dolethes. Já Caroline B. Brettell a achou extraordinária, ao ponto de a inserir na sua obra "Homens que Partem, Mulheres que Esperam", que estuda as "consequências da emigração numa freguesia minhota", neste caso Lanheses. (Segunda metade da década de 1970 e inicio da de 1980)
    Está num encarte, juntamente com outras fotografias, entre as páginas 160 e 161.
    É um prazer observar a que está publicada no Dolethes, retirada de um original e ainda bem conservada.
    Um exemplo de partilha!
    Amaro Rocha

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  2. Amaro Rocha:

    O comentário é precioso. Não me lembro já de o ter visto no livro.

    Outra vez, obrigado.

    Abraço.

    Remígio.

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