Ambos nascidos na freguesia de Lanheses, concelho e distrito de Viana do Castelo, eu, Remígio, e o CANINHAS somos, em idades, de gerações substancialmente afastadas. Tivemos também um percurso de vida diferente sendo que o Manuel João aprendeu a trabalhar em profissões que implicam ação braçal e vontade de aprender, enquanto eu completei uma carreira de serviço público.
Mas, conheci de perto a família, designadamente, os irmãos e o pai Abel, com o qual cheguei a jogar à bola na equipa da Casa do Povo, como iniciado nesse desporto, o qual faleceu prematuramente. Do filho, miúdo, Manuel João a quem deram a alcunha de CANINHAS, que ele adotou sem pejo nem desagrado, não gravei na memória indícios que me elucidassem sobre o que fez e aprendeu na juventude. Numa conversa recente que tivemos, contou-me que, entre outras atividades, foi aprendiz numa serralharia.
O Manuel João fez parte da onda gigante de emigrantes portugueses dos anos sessenta/setenta, maioritariamente para França. Por lá trabalhou e experimentou artes e empenho em variadas ações, em sociedade própria ou partilhada, entregando-se ao trabalho de corpo e alma.
Há cerca de duas décadas que o Caninhas regressou e se instalou-se, definitivamente, com a família, na terra onde nasceu. E, ao contrário de outros quando voltam para casa definitivamente para gozar o resto da vida em paz familiar e comunitário, o Manuel João encetou uma série de iniciativas inovadoras bem sucedidas, que lhe granjearam a admiração e reconhecimento das suas capacidades de trabalho.
Pessoalmente, admiro-o, desde há anos a esta parte. Tenho acompanhado a vida pública do nosso conterrâneo CANINHAS, cujo sucesso contribui para o respeito e admiração que lhe dedico, e ele me retribui. Admiro a sua capacidade nos árduos e múltiplos trabalhos a que se entrega, da sua inteligência e da experiência que demonstra nas instruções que dá no momento preciso a quem depende das suas ordens, indícios por mim constatados no momento do lançamento à água do terceiro barco água-arriba que até agora construiu, da sua aparente calma, da sua paciência e perseverança, da sua arte inspirada no gosto ou paixão, como é o caso da pesca da lampreia e a participação numa empresa com o mesmo fim.
A Freguesia Vila Histórica de Lanheses tem uma dívida de gratidão para com o Lanhesense Manuel João de Sousa Castro, pela entrega que o relevante cidadão deu a diferentes atos promovidos pela Junta de Freguesia, e que até hoje, lhe vem sendo negada.
Também a Câmara Municipal de Ponte de Lima não deve reduzir a uma simples cerimónia de homenagem ao nosso conterrâneo no lançamento de um barco ao rio, réplica de um antigo água-arriba, (neste caso dois), por mais elevada que seja a presença das entidades públicas no ato do batismo da embarcação. Há muitas outras formas de perpetuar uma figura que se distinguiu na História da Vila mais antiga de Portugal, que é o caso do grande Mestre CANINHAS, que um modesto busto do artesão eternizaria erguido na Avenida dos Plátanos para eternização da História da Vila.
Quero aqui deixar claro que, o que acima escrevo não tem intenções de interesse pessoal ou bajulice dengosa. Tudo o que consta do texto resulta do respeito e admiração que nutro pelo Amigo CANINHAS, porque interiorizei o bem das suas ações em prol das comunidades local e externa, e do modo simples mas consciente da amizade que nos iguala.
Remígio Costa
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