Uma pega rabilonga,
de sexo não apurado,
Andava já meia tonta
Por há muito estar fechada.
Farto de a aturar
Deu-lhe o dono liberdade;
A pega, a tagarelar,
Bateu asas à vontade.
Grasna aqui, parla acolá,
dias e meses buscou
um irmão ou uma irmã
do ninho com quem andou.
Depois de dar muitos voos,
Ouviu outra pega a grasnar,
foi na direção dos sons
E conheceu o seu par.
Depressa fizeram filhos
cada ano a multiplicar;
Foi um bando de sarilhos
Que vieram provocar.
Espertas e atrevidas,
Escolhem o que roubar
Voando, descontraídas,
de lugar para lugar.
Há ninhos por todo o lado,
Cada ano traz mais pegas,
E se não houver cuidado
hão-de contar às dezenas.
Rabilongas, no passado,
Faziam ninhos no monte;
Desceram ao povoado
P'ra roubar o que encontrem.
Ah! pegas de uma figa!
Tivesse eu pontaria,
Com uma pedra na fisga
Punha fim à vossa vida.
.
06/julho
Remígio Costa
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