sexta-feira, 15 de abril de 2016

SANTO ANTÃO, ADVOGADO SACRO DE TODOS OS ANIMAIS, CELEBRADO EM LANHESES (Viana do Castelo)






   "Da Páscoa à Ascensão quarenta dias vão", dizia-se, para lembrar a Festa em honra de Santo Antão Abade que tinha lugar a uma quinta feira quarenta dias decorridos após a celebração da Páscoa. Este dia não sendo reconhecido como "dia santo" no calendário da Igreja, em Lanheses era cumprido pela população como se de facto o fosse sendo respeitados pelos católicos cristãos as obrigações e os atos religiosos cometidos a um domingo. Contudo, a comemoração consagrada ao orago dos animais passou depois a celebrar-se no primeiro domingo seguinte à quinta feira da Ascensão, situação que agora se mantém.

 Fora a vincada componente religiosa que seguindo o padrão litúrgico próprio destas manifestações permanece em tudo igual ao que acontecia no passado, a festa perdeu totalmente a característica original que a popularizou e estendeu longe a sua fama, em virtude de já não ser possível levar ao recinto onde está a capelinha do culto o enorme ajuntamento de animais domésticos como outrora se verificava. Com efeito, acudiam à pequena colina do Lugar de Santo Antão (a que me ligam laços de afetividade por ali ter nascido), dezenas de cabeças de gado bovino, caprino e equino e domésticos de estimação, enfeitados com ramos verdes e flores, fartos e luzidios, sendo conduzidos por moças vestidas com os fatos regionais ou pelos lavradores em traje de romaria, onde, depois do sermão "a cargo de orador sacro", recebiam a benção das indulgências que os havia de proteger de todos os males.

  Nesta festa tem tradição o consumo de cabrito preparado "à Tia Nina", que viveu na casa situada à entrada do Lugar. Era comido no coberto, frente ao qual existia ao tempo uma eira comum nas casas de lavoura. Falecida a Tia Nina há muitos anos a tradição manteve-se e, atualmente, é servido o pitéu num alpendre rústico perto da capela, ampliado improvisado a prever a enchente costumada , abrindo com um irresistível "sarapatel" (onde entram os miúdos do animal) logo na sexta feira das festividades, com apreciadores formados em fila até chegarem às mesas em madeira mal amanhada com os pratos generosamente abastecidos e a caneca de verde carrascão para acompanhar.

  De resto o programa geral, como pode ser confirmado abaixo, tem outros números a atrativos para variados gostos. Os organizadores foram comedidos nas despesas sem diminuir o espírito tradicional do evento e agiram com sensatez, pemitindo garantir a continuidade de uma tradição que é das mais típicas e vividas da nossa freguesia.

 

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