quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CRISTINA CARVALHO, PAIXÕES E LIVROS.

                                                       CRISTINA CARVALHO
           A convite da Biblioteca Escolar do Agrupamento Escolar de Arga e Lima, a escritora CRISTINA CARVALHO esteve ontem no anfiteatro da Escola EB 2,3/S, de Lanheses, com o objectivo de falar de si e dos seus livros mas, também, de seu pai, Rómulo de Carvalho/António Gedeão e da sua vida e obra.
           A iniciativa colheu o maior interesse junto de muita gente da área escolar mas, também, do público em geral tendo ficado totalmente lotado o novo espaço onde a sessão decorreu.


             Profs. Manuela Castro, Agostinho Gomes e a escritora Cristina Carvalho.

              A sessão principiou com a intervenção de uma jovem estudante da Escola EB 2,3, de nome Ivone, que cantou acompanhada à guitarra o poema de António Gedeão "Lágrima de Preta". A sessão prosseguiu com o desempenho do professor Alex, interpretando um novo tema do poeta numa encenação original muito bem conseguida para, a seguir, quarteto de senhoras da Associação dos Encarregados de Educação da Escola declamou "Calçada de Carriche" e, logo a seguir, a professora Nani interpretou o "Poema para Galileu".
                                              "Lágrima de Preta", pela aluna Ivone.

      

           No início da sessão, já o Director do Agrupamento, Dr. Agostinho Sousa Gomes lera a carta escrita e dedicada aos tetranetos que Rómulo de Carvalho escrevera nos últimos dias antes da sua morte.

           Apresentada de uma forma informal pela professora Drª. Manuela Castro, Cristina Carvalho, traçou a biografia do seu progenitor enaltecendo as suas elevadas qualidades de cientista, professor e escritor que foi, a sua simplicidade e reduzida apetência pelo protagonismo e o apagamento a que foi votado nos tempos que se seguiram à revolução de Abril. Sem querer entrar em explicações que poderiam causar impactos de grande repercussão em figuras públicas de relevo, Cristina Carvalho, admitiu que as suas declarações poderiam ter consequências negativas para a sua família caso fossem tornadas públicas.

           Falando do seu percurso como escritora aludiu às suas origens e ao ambiente familiar em que viveu até aos 21 anos e da influência que o seu pai teve na sua educação e formação, bem como das suas relações afectivas com os seus mais próximos familiares.

           Numa atitude nada formal e surpreendentemente aberta e acessível a escritora, antes de entrar na análise dos seus último romances, falou com muito entusiasmo do livro "Memórias" escrito por Rómulo de Carvalho, onde, salientou, numa escrita extremamente acessível a todos, seu pai faz um retrato fiel do seu percurso de vida e das suas divergências de pensamento e de procedimento com figuras de destaque da vida política do seu tempo.

           "O Gato de Uppsala" e "Nocturno" foram os livros que Cristina Carvalho escreveu mais recentemente, sendo que o segundo, terá sido o que mais a absorveu e apaixonou. Tendo que conviver durante mais de dois anos com Chopin, período em que investigou tudo o que havia sobre a vida do célebre compositor polaco, fascinada pelo génio e natureza do seu carácter e vida, "apaixonou-se" pelo protagonista do seu romance de cujo fascínio ainda não se libertou.

           Segui-se um período de perguntas da plateia às quais a escritora foi respondendo com os detalhes adequados. Antes de terminar, visivelmente convicta e entusiasmada, teceu os maiores elogios à escola onde foi recebida, a surpresa que para si constituiu o comportamento exemplar dos alunos nas duas sessões que durante o dia com eles teve na Escola, o interesse dos professores no livro que integra do "Plano Nacional de Leitura" "O Gato de Uppsala", não tendo qualquer hesitação em afirmar que "nunca vira", em todas as dezenas de escolas onde já esteve no Norte, (até Santarém porque no Sul ainda ninguém a convidou), outra como a de Lanheses.

            Cristina Carvalho, antes de se retirar, autografou todos os livros disponíveis dos dois títulos apresentados.

                                                Livros com dedicatória da autora.

1 comentário:

  1. Amaro Rocha - Taboneira1 de março de 2011 às 02:54

    Foi um bom momento de cultura, este encontro com a escritora Cristina Carvalho. É sempre gratificante falar de literatura. E neste caso ouvir falar desse grande homem que foi o poeta António Gedeão, pela voz de Cristina Carvalho, sua filha, foi uma oportunidade imperdivel. Concordo com ela, quando fala com entusiasmo de duas áreas da cultura que lhe são muito queridas. A literatura e a musica. O seu romance "Nocturno", demonstra uma intensa devoção a F.Chopin e a essa grande obra musical que são os "Nocturnos". Sobretudo o 19 e o 27 os dois preferidos da escritora segundo ela nos confidenciou neste encontro. Já ouvi várias vezes esta obra em duas grandes etiquetas: "Philips Classics" (Claudio Arrau) e"Deutsche Grammophon"(Maria JoãoPires).Ambas divinamente interpretadas.Cristina Carvalho mais uma vez tem razão. Quanto a outra das suas paixões, são os paises nórdicos.Sobretudo a Suécia, para a qual "tem necessidade de viajar com frequencia", diz a escritora.A sua visão "cinematográfica"da vida (admitida por ela)leva-nos a pensar que adorava essa grande figura do mundo da cultura sueca: o cineasta Igmar Bergman.As suas obras "A Flauta Mágica", "Sonata de Outono", "Saraband" etc são obras primas onde a musica está presente.
    Obras estas que encaixam perfeitamente no pensamento de Cristina Carvalho.
    Por tudo isto e muito mais valeu bem a pena esta troca de ideias com a escritora Cristina de Carvalho.Foi tambem excelente a colaboração das pessoas envolvidas, sobretudo as que leram textos e poesia de António Gedeão. Aos professores da escola EB 2/3 de Lanheses, que tiveram a iniciativa deixamos aqui o nosso agradecimento e obrigado pelo convite.

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