sábado, 17 de outubro de 2009

MARADONA, O ÍDOLO QUE DECEPCIONA

     MARADONA, foi, nos anos oitenta, um magistral jogador de futebol. Aos estádios de Espanha e Itália, onde actuou no auge da sua carreira, levou ao delírio multidões de admiradores e, no seu país, a Argentina, é herói nacional. Ficaram para sempre na memória dos seus compatriotas e dos apreciadores de bom futebol de todo o mundo os feitos de "El Pibe" no Campeonato do Mundo de 86, nomeadamente nos encontros disputados com a Inglaterra e com a Alemanha, derrotados os primeiros (2-1) com um golo onde a sua mão direita (a "mão de Deus", na sua célebre expressão) chegou onde a cabeça nunca lá chegaria e, na final (3-2) desenhou a jogada quiçá mais sublime que até hoje terá sido vista num jogo de futebol, ao passar quase por meia equipa alemã e rubricar na frente do guarda-redes hipnotizado o golo que, só por si, justificaria o título para as suas cores.
     Para seu mal e desencanto dos idólatras, Maradona, jogava, simultaneamente, outro jogo em tudo contrário ao que o elevou ao pódio do desporto-rei. Deixou-se "apanhar" pela teia cruel que constitui o mundo escuro dos estupefacientes, iniciou uma viagem descendente do glorificado pedestral a que se alcandorara para experimentar o purgatório sub-humano dos alucinogéneos mais pesados.
     Mesmo assim,  beneficiando do seu elevado estatuto de figura nacional, logrou encontrar o caminho do regresso. Cativou, outra vez, a confiança dos argentinos a ponto de estes lhe confiarem a selecção como seleccionador e treinador da equipa celeste. Nesta qualidade, o que para muitos é considerado o maior futebolista de sempre, não terá revelado as qualidades que muitos lhe atribuiram e a sua actuação no comando da selecção foi, até agora, tudo menos pacífica. Opções discutíveis na escolha de atletas, fraca qualidade do futebol praticado com consequências a nível de resultados e apuramento para a África do Sul, quiçá, ainda com o patrocínio da tal mão que, como ao menino e aos ébrios, Deus sempre oferece.
     Mas foi ao nível do comportamento que Maradona mais decepcionou. As suas declarações no final do encontro com o Uruguai (0-1), resultado que lhe terá poupado, naquele momento a sua demissão inglória do cargo, são uma demonstração inequívoca da sua precária formação para liderar e desempenhar cargos de representação de uma nação, mesmo que esta seja de âmbito desportivo, pela repercussão mundial que sempre a imprensa lhes atribui e não perdoa. Declarações que não podem ser justificadas pelo carácter extrovertido do seu autor nem pela emoção acabada de viver e que, mesmo após o tempo de reflexão na cabine, foram confirmadas "ipsis verbis", na conferência de imprensa.
     O presidente da FIFA, Blater, já fez saber que o seleccionador argentino será alvo de processo disciplinar. Inevitável e imprescindível. Para ter consequências ajustadas? A ver vamos.
     Entretanto, que ilações tirar do silêncio dos dirigentes de Buenos Aires? Pactuarão, mais uma vez, com a actuação desbragada do responsável da sua selecção, segurando-o mais algum tempo? Vão permitir que ele vá à África do Sul em nome de um prestígio que põem acima da do próprio país?
     Ou...
     Alto lá, não, não estámos em Portugal!

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