quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

AS "NOSSAS" CEGONHAS BRANCAS MIGRANTES

    


                           O sr. Lima vigia e guarda Dona Lala

   Chegaram, vindas do sul, voando pela primeira vez no céu de Lanheses, há mais de uma década. Primeiro, ocuparam-se na prospeção de espaços inspecionando as melhores condições de habitabilidade, testando locais onde melhor poderiam assentar e segurar os materiais do futuro lar. Pelo menos duas tentativas falharam nos postes da rede elétrica, a colocação dos primeiros materiais fracassou. Desistiram.

    Foi, então, que chegaram à placa de cimento do topo da chaminé do edifício da antiga Casa do Povo. Como seria possível, num local liso e relativamente limitado, tão exposto à ventania e à chuva fustigante vinda de sudeste, alicerçar e compactar os fragmentos dos ramos de árvores e o feno leve dos prados com que fariam o ninho?  Já veremos.

   Dona Lala, a fêmea, e o Sr. Lima, o seu par, bem sabiam das dificuldades que poderiam vir a enfrentar. Teriam de por à prova todos os conhecimentos de engenharia inatos que possuiam para levantar em local tão inóspito quanto improvável para a inteligência humana, um feixe de paus para fazer um ninho onde alojar futuras gerações. Em dois dias já tinham transportado para o local uma substancial quantidade de material; ao terceiro, o dia nasceu agreste, a chuva e o vento fortes fustigaram pela noite dentro a chaminé, na manhã seguinte nem um pau restava na placa do cimo da chaminé. 



  Desistiu o casal migrante? Nem por sombras! Os voos repetiram-se logo que o tempo o permitiu, a casa ganhou consistência e a dimensão requeridas, o casal de cegonhas brancas pôde fixar-se e procriar tranquilamente dez gerações consecutivas de mais de trinta descendentes.
  
  Toda a história consta, aqui, no doLethes.

  Por razões de higiene justificadas, houve que desalojar as aves migrantes do habitat que preferiam quando chegaram vindas de longe. Forçadas a encontrar um outro local, acabaram por se instalar no cimo de um tronco seco de uma palmeira de um logradouro particular a curta distância do local anterior. Deixaram se ser atração turística porque o local não é acessível nem notado à primeira vista, mas já vai na segunda série da procriação.

  Até quando?

Fotos: doLethes
Remígio Costa 

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