sábado, 21 de dezembro de 2019

(5) FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL LANHESENSE



(5) FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL 
 LANHESENSE
        Efígie de Francisco Dias de Carvalho erigida na atual Casa do Povo de Lanheses

    
      1.-PRIMEIROS EMBLEMA E EQUIPAMENTO DO GDCP DE LANHESES
    
     1.1 - O EMBLEMA

               Os dados escritos a que recorro não contêm quaisquer referências quanto à criação do emblema do GD da Casa do Povo de Lanheses. O que primeiro constava no peito do lado esquerdo da camisola amarela tinha a forma de um triângulo com o vértice invertido, e na parte superior desenhadas esferas de cor pretas a sugerir atividade desportiva. No centro havia desenhada uma bola de futebol de cor castanha sobreposta pelo Pelourinho (dedução pessoal), o símbolo da antiga Vila Nova de Lanheses, num fundo colorido a amarelo e preto

 Não conheço registo escrito que ateste a aprovação e o nome do autor bem como a justificação simbólica dos seus elementos, podendo porém atestar que foram bordados por uma jovem que dá pelo nome de Rosa Castro, hoje mãe e avó com família e domiciliada no Largo Capitão Gaspar de Castro. Não cheguei a saber o custo do trabalho nem se alguma vez a D.ª Rosa foi ressarcida pelo serviço prestado…Seria fácil esclarecer o assunto pois cruzamo-nos com frequência na rua onde vive, mas não o faço porque não quereria ouvir o que me vai no pensamento.

       Cheguei a possuir um exemplar que coloquei no tablier do meu Fiat600D, que um dia deixei estacionado numa rua do Porto em frente à porta da pensão onde estava hospedado por uns dias; de manhã, não tinha o estabilizador do rádio e o emblema deve ter feito a felicidade do gatuno.
  
       (Nota: do filho de Rogério Dantas Rio, Paulo Dantas Rio, tinha no messenger, depois de ter publicado este post, duas fotografias respeitantes ao emblema as quais possuem elementos de simbologia diferente. Um deles aproxima-se do que está na camisola do Rogério Agra, com a diferença de que incluiu um desenho de um barco e não do Pelourinho que eu inseri no esboço abaixo publicado. Será assunto a esclarecer)

   
       1.2-O EQUIPAMENTO.
            A iniciativa de procurar equipar urgentemente a equipa de futebol foi assumida pelo Rogério Pimenta Agra, filho de José Martins Agra e de Samaritana Pereira Pimenta, cujo nome convém reter porque de ora avante será figura central do desenrolar da(s) história(s) que aqui se pretende escrever. Foi parceiro na ação, Manuel Dantas Rio, Neu da Dantas, outra figura indissociável dos primórdios da modalidade em Lanheses, como atleta e treinador, ainda entre nós para nosso agrado já que mantém uma espírito jovial e espirituoso como ninguém, os quais, perto do fim ano de 1951, foram a S. Martinho da Gandra, uma freguesia a norte do concelho de Ponte de Lima, contactar os responsáveis do espólio resultante da extinção do clube de futebol local, com vista a adquirirem o que restava dos equipamentos com a garantia de palavra no pagamento futuro já que a Casa do Povo não dispunha de condições de financiamento para assumir o encargo.

                   O distintivo e o desenho da camisola (Rogério Agra) (digitalização extraída de fotografia em equipa.

          
       O material desportivo adquirido incluía as camisolas de cor amarela, que, por coincidência, também constava e se mantém, da bandeira da Casa do Povo; os calções eram pretos e as chuteiras muito deterioradas pelo uso, designadamente, com as pequenas peças transversais cravadas com pregos à vista na sola, com o custo total de 2500 escudos. Consta que o irmão do Manuel Dantas, de nome José (Zé da Dantas, no tratamento comum), que fazia parte da equipa do GDCP a jogar muito bem a defesa central, ao verificar o estado das botas teria dito que -“as chuteiras sãop tão grandes que ainda estávamos a calçá-las no Lugar da Feira e já a ponta estava a chegar ao campo”. A solução para as ajustar aos pés consistia em preencher o excesso do tamanho com mangas das camisas sem uso. Foi feita também aquisição de uma bola a estrear pelo preço de 200 escudos.

        Posteriormente, o Grupo Desportivo da Casa do Povo viria a vestir um equipamento próprio, indo ao símbolo da Casa do Povo recuperar as cores amarela e preta em gomos triangulares alternados, convergentes no centro da camisola, e o emblema no peito à esquerda, e com o calção preto convertendo-o no equipamento oficial.
     

         1.3. A BANDEIRA DA CASA DO POVO DE LANHESES.
              O desenho do distintivo original como o do GDCP foram inspirados na bandeira representativa da instituição corporativa Lanhesense criada em 1932, cujo processo decorreu no ano de 1948 sob a autoria do prof. Gabriel Gonçalves. Em 18 de janeiro daquele ano seguiu para Lisboa um esboço do projeto para a Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) para ser submetido a aprovação superior, como era exigido pela lei vigente, não tendo contudo obtido provimento porque, segundo a justificação comunicada por ofício havia que ter sido elaborado de modo a “respeitar as regras práticas da simbologia corporativa”, as quais, não teriam sido cumpridas com o fundamento de que a cantarinha que fazia parte do desenho estaria desproporcionalmente crescida e se assemelhava mais a um cântaro (a comparação é da minha autoria). Deduz-se que a correção foi cumprida e o símbolo aprovado.

      Esboço (grosseiro) riscado de memória à mesa do café do que terá sido o 1.º emblema do GD Casa do Povo de Lanheses

      

   A seguir: O novo espaço desportivo nos Cutarelos e a primeira inscrição da equipa de futebol nos campeonatos da FNAT. 

Remígio Costa

(Continua)

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