sexta-feira, 31 de maio de 2019

LUGAR DE SANTO ANTÃO ORNAMENTADO PARA A FESTA.

                                A Capelina de Santo Antão

            Não me foi concedida a oportunidade de conhecer em pormenor o programa da festa em honra de Santo Antão para o poder divulgar, especialmente, à diáspora lanhesense dispersa pelos mais afastados recantos do mundo, que procura neste blogue notícias da terra onde nasceu; mas, fiel aos princípios com que administro este espaço não deixarei de reportar aqui e no semanário vianense "A Aurora do Lima", que há muitos anos represento na minha terra, aquilo que diretamente me for proporcionado saber e o tema justificar.

 Tenho para com o lugar de Santo Antão laços de uma afetividade estreita e justificada, porquanto, foi o meu berço de nascimento e onde vivi os primeiros meses da minha existência; desde a infância que guardo memórias das festas que lá decorreram, designadamente, de estar em cima de uma cerejeira próxima a regalar-me de cerejas (diria embarrigar-me pois na realidade comer muitas faz a barriga inchar) ao som da música gravada dos autofalantes.

                                Estrada da Corredoura

     Como referi no post anterior a festinha perdeu quase tudo do que era o seu casticismo tradicional, dado que a celebração em honra do orago Santo Antão,  tinha como protagonistas privilegiados os animais domésticos, particularmente, aqueles que os lavradores usavam como auxiliares imprescindíveis nos trabalhos duros do campo, principalmente os da raça bovina. Contudo, para expressamente serem abençoados no decorrer da missa campal, com sermão condizente com o ato, que decorria no recinto da capelinha, todos os demais que pertenciam à família eram levados até ao recinto para lhes ser ministrada a benção adequada. 


                                Acesso à capelinha, lado N

      Registe-se que esta festividade mantém (e mesmo recuperou) todo o caráter e ritual da liturgia católica própria da comemoração do Dia da Ascensão, destacando-se a Hora que decorre na Igreja Paroquial, no domingo, e uma bem participada procissão num percurso de cerca de um quilómetro onde se cumprem sete estações cerimoniais em locais onde se levantam igual número de cruzes na berma da estrada.

  O recinto feito num relevo abaulado donde se alcança uma vista alargada sobre o vale do Lima e Serra d'Arga, bem como parte da freguesia de Lanheses, está bem tratado desde há já alguns anos, tem bancos de pedra sob frondosas árvores e espaço bastante para acolher um bom número de participantes. 


                     Rota do cabrito e do sarapatel (após curva)

       A festa tem uma faceta gastronómica muito grata a apreciadores porque tem a fama (e o proveito) de servir o famoso cabrito preparado "à moda da Tia Nina", senhora vizinha do recinto que o preparava aí pelos anos cinquenta, diria, neste época, à moda de Lanheses, porque a diferença nunca estará na qualidade, a qual é excelente nos restaurantes locais, mas porque é cozinhado e degustado num ambiente extremamente rústico e original refeito ad hoc, onde ainda é possível saborear um surpreendente sarapatel, de véspera, uma especiaria de por a boca a salivar antes de se sentir o gosto ao mastigar; e com verde carrascão, servido em malgas de barro, em respeito à boa tradição do povo minhoto é...de morte!

 É aqui, onde as fotografias mostram, ainda hoje, sábado e domingo. O tempo está pronto para colaborar.

 Santo Antão vos proteja, também. Ámen.




                                Vista para S

                                          Vista para N

Fotos: doLethes 
Remígio Costa 

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