Há anos que venho a escrever sobre um rodondendro que, apresentando-se do que resta dele num estado de visível degradação em modo esquelético, ainda nesse resto de vida corre seiva para criar (lindas) flores. Conheci-o com alguns metros de altura de ramos frondosos, debaixo de uma japoneira majestosa e viçosa como se filho dela fosse. Povoava-se de flores a anunciar a primavera competindo com a mãe protetora entre o carmim das suas e o branco da companheira podendo mostrar-se a quem passasse na estrada ao lado. Contudo, com o tempo, os ramos mais altos iam secando, o tamanho da copa reduzia progressivamente até se tornar num único ramo com aparência de seco, na ponta do corpo em arco como um idoso, ao mesmo tempo braço furado, mas por onde passa ainda o sustento de um ramo com meia dúzia de flores na ponta e cujo peso não suporta e já cai no chão.
O rodondendro e o Pelourinho são companheiros de há muitos anos. Moram à vista um do outro. Ambos envelhecem ao mesmo tempo, um tem morte esperada, outro, é Intemporal.
Como a vida.
Fotos e texto
Remígio Costa
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