As margens da Ribeira Lima são um manancial de produção de bens agrícolas de variadas e aproveitáveis espécies de consumo doméstico humano e de alimentação de animais. Constituem um celeiro para as populações das freguesias adjacentes, de que Lanheses faz parte. Possuir uma área de terreno por pequena que fosse ao lado das águas do Lima, era garantia de colher com abundância o que se semeou dada a fertilidade da terra e a água de rega vinda do rio.
O trabalho manual foi, em tempos não muito distantes, assegurado maioritariamente por mulheres mas também pelos homens votados à agricultura por herança dos costumes ancestrais, sendo agora assegurado por máquinas adequadas à lavoura as quais reduzem drasticamente o número de trabalhadores manuais (cuja atual escassez é quase total) e a dispensa de animais utilizados nas lavradas dos terrenos de cultivo.
Este é o tempo das colheitas e o milheiral, que predomina nas nossas veigas, entre Fontão e Vila Mou, porque tem a cor e a espiga prontas para colher: a espiga com o milho para consumo doméstico, o caroço para diversos fins, e a palha para empalhar e alimentar no frio do inverno os animais hervíveros.
Mas não haverá em número elevado as desfolhadas e as malhadas senão em ambiente doméstico com o que resta das famílias desfalcadas ou vizinhos aptos e disponíveis, ou, porque já se tornou ato imprescindível dos programas das festas tradicionais regionais, com a formação de grupos de espontâneos que aceitam participar na alegria de uma desfolhada.
Como a FESTA DO MILHEIRAL, ali ao lado.
Testo e fotos:
Remígio Costa
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