sábado, 20 de abril de 2024

A FESTA AO ORAGO SANTO ANTÃO ONDE OS ANIMAIS NÃO VÃO.

             Santo Antão, santo patrono dos animais, é venerado há muitos anos numa capelinha erguida no cimo de um pequeno morro sito no lugar a que deu nome com vista para todos os pontos cardiais. O lugar de Santo Antão fica a norte da freguesia de Lanheses a cerca de um quilómetros da Igreja paroquial, sendo servido pela Estrada da Corredoura que segue para São Pedro de Arcos. Neste pequeno outeiro há árvores de porte substancial e em volta da capela um alargado espaço plano onde se concentram as pessoas para assistirem aos atos religiosos e concertos festivos. O espaço é ladeado por duas ruas de acesso com  habitações antigas e recentes. Na estrada ficam os vendedores de doces e produtos variados tradicionais em eventos festivos. Tenho pelo Lugar de Santo Antão uma tendência afetiva de simpatia e mesmo carinho porque ali nasci à vista do Santo. Não sendo eu, felizmente, irracional, não deixo de me considerar seu protegido.

             A festa em honra do patrono dos animais domésticos está atualmente despida da sua essência genuína por carência total dos insubstituíveis protagonistas. Noutros tempos, o espaço continha mais gado bovino, caprino e equino, para além de outras espécies comuns às casas de lavoura da época, do que propriamente pessoas apesar de muitas provindas em grupos festivos de dentro e fora da freguesia. Hoje, restam os animais de estimação e outros de consumo familiar e, eventualmente, para venda na feira quinzenal da freguesia. 

             O dia da evocação do orago Santo Antão já foi "dia santo" celebrado quarenta dias depois da Páscoa, coincidindo com uma quinta-feira durante a qual as pessoas, noutras eras, não realizavam trabalhos pesados.  Por decisão da Igreja as celebrações passaram a ser cumpridas ao domingo e a quinta-feira é, normalmente, o começo da festa.

            O ato religioso mais relevante das festividades é o da Procissão, que decorre no domingo. Tem início na Igreja paroquial para terminar no espaço da capelinha onde decorre a "benção do animais", com um sermão adequado ao ato a cargo do ministro que preside à cerimónia, no caso o responsável pela paróquia, padre Daniel Rodrigues. Noutros tempos, a função era exercida por um eclesiástico consagrado contratado expressamente, o qual, num estilo e oratória empolgantes levava às lágrimas e à comoção os fieis racionais presentes.

            Falar na festa sem evocar o festival do tradicional sarapatel seria o mesmo que, não havendo benção por falta de animais, Santo Antão dispensasse a homenagem que lhe é devida, virasse as costas e recolhesse ao altar restaurado e alindado da capelinha branca. Mas não, o famoso pitéu  que vem do tempo da Tia Nina na confeção, continua a ser o ex-libris da romaria porque caprinos não escasseiam, por agora, e muito menos os apreciadores que se deliciam com os seus saborosos miúdos. Sou um deles, confesso.

            Vejam, aqui, o programa pormenorizado e o cartaz da festa.

            (Muito grato a quem teve a lembrança de enviar-mo)

Remígio Costa


          

             

             RC






Sem comentários:

Enviar um comentário

GOSTAS DE FRANCESINHAS?

  GOSTAS DE FRANCESINHAS?     Não há como a francesinha P’ra acalmar o apetite, É gostosa, bonitinha, E não fui só eu que diss...