sexta-feira, 6 de maio de 2022

DIA DAS SOLTAS

      

 

   


    Alguém, com menos de cinquenta anos, já alguma vez ouviu alguém falar no "dia das soltas"?  Provavelmente, não, e menos ainda nos tempos correntes em que até os animais domésticos foram sujeitos a alterações nos tratamentos e hábitos tradicionais de criação doméstica ou mesmo extintos, como aconteceu na situação que aqui vou evocar.

    As veigas de Lanheses, de "baixo" e de "cima" que se estendem na margem direita do vale do rio Lima entre as freguesias de Fontão do concelho de Ponte de Lima e de Vila Mou e Torre, do concelho de Viana do Castelo, são formadas por dezenas de leiras cultivadas em regime de minifúndio, sendo que, dada a natureza do solo, as lavradas decorrem normalmente a partir do mês de maio, altura em que os terrenos estão preenchidos de denso pasto. Para que a erva criada naturalmente fosse aproveitada, noutros tempos era concedida autorização para que os animais se alimentassem livremente sem restrições da limitação dos marcos, a partir de três de maio, designado popularmente como DIA DAS SOLTAS. 

     Porque ao tempo todos as famílias com lavoura tinham criação própria de animais da raça bovina, aderiam ao costume levando as rezes para as veigas à guarda de familiares, onde se juntavam a componentes de outros grupos predominantemente conduzidos por jovens moças lavradeiras. 

    Esta é a versão de cuja experiência guardo memória, sendo certo que ainda há, certamente, na comunidade lanhesense quem conheça e recorde com mais e interessantes pormenores este costume, muito embora tenham já decorrido algumas décadas sobre a sua extinção, por falta de rezes e novos meios técnicos da fazer agricultura.  

 





Fotos e texto:
Remígio Costa

    

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