terça-feira, 16 de junho de 2020

CONFLITO ENTRE O MELRO AFLITO E O GATO PIROLITO


 CONFLITO ENTRE O MELRO AFLITO
 E O GATO PIROLITO


Não há meio de pôr fim
Ao emergente conflito
Que ocorre num jardim
Entre um melro que é músico
E um gato que é pirolito.
O melro faz dum galho coreto,
E encoberto pela folhagem
Usando o seu fraque preto
De maestro com linhagem,
Dá música a toda a hora
A solo ou em dueto.
Então, o pirolito insinua-se, dengão,
Tal polícia na ronda do giro,
Pousando, macias, uma a uma, no chão
As patinhas, vagueando desapressado.
E, fingindo-se alheado,
O maganão,
A esmo se enrola espreguiçando-se mandrião.
Mas o melro é melro acautelado,
Tem o instinto pronto e afilado
E conhece pirolitos de ginjeira;
Logo se põe em guarda, perfilado,
Saltando, veloz, pelos galhos da cerejeira.
Trocou, agora, de pauta e apressa o ritmo da valsa
Assobiando um som estridente, martelado:
-Tchin, tchin, tchintchin, tchin, a nota bem alta
De prenúncio de desgraça.
O coitado,
Está (muito) atarantado.
Tudo faz o melro, aflito,
Para afastar para bem longe  
O astuto e manhoso pirolito,
Porque,
Bem perto dali esconde,
No ninho sob a asa da melra consorte,
O seu neófito melrinho
Correndo risco de morte.
Mas, o gato pirolito,
Sempre com modo de enfadado
Vai ronronar para outro sítio
Fica o melro sossegado.

E, por agora, está o conflito sanado!

2020/junho.

foto: doLethes

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