MELRO DE BICO AMARELO
Mora nos galhos dum cedro,
Há tempo que não contei,
Um melro de bico amarelo
Vindo de onde, não sei.
Vestido de capa preta
Dá concerto matutino;
À tarde, por natureza
Segue a pauta vespertina.
Tchrin, tchrin, em som estriado
Saúda a Aurora ridente;
Reforça o som sincopado
Para alertar muita gente.
A cantar se descontrai,
Perde o censo da cautela;
Nem sente o gato que vai
Mansinho de olho bera.
-Tchrin, tchrin, tchrin, zarpa expedito
O melro de bico amarelo;
-Tchrin, tchrin, neste galho eu já não fico
Não sou rato nem marmelo.
Safou-se o melro cantor.
Irá de novo cantar
Nas tardes de céu com cor
Nas manhãs ao sol raiar.
02.12.2024
Remígio Costa
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