segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

O CANTOR PRETO DE BICO AMARELO

 



 

MELRO DE BICO AMARELO

 

Mora nos galhos dum cedro,

Há tempo que não contei,

Um melro de bico amarelo

Vindo de onde, não sei.

 

Vestido de capa preta

Dá concerto matutino;

À tarde, por natureza

Segue a pauta vespertina.

 

 

Tchrin, tchrin, em som estriado

Saúda a Aurora ridente;

Reforça o som sincopado

Para alertar muita gente.

 

A cantar se descontrai,

Perde o censo da cautela;

Nem sente o gato que vai

Mansinho de olho bera.

 

-Tchrin, tchrin, tchrin, zarpa expedito

O melro de bico amarelo;

-Tchrin, tchrin, neste galho eu já não fico

Não sou rato nem marmelo.

 

Safou-se o melro cantor.

Irá de novo cantar

Nas tardes de céu com cor

Nas manhãs ao sol raiar.

 

 

02.12.2024

Remígio Costa

 

 

 

 

 

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