terça-feira, 23 de março de 2021

A ILUSTRE CASA DA QUINTA DA BARROSA

       


      Faz a figura do caroço que se joga fora depois de comida a saborosa polpa do fruto, a casa em estado de notória degradação estrutural e visual, situada entre a capela mortuária e o Centro escolar do Agrupamento escolar de Arga e Lima, na freguesia de Lanheses, concelho de Viana do Castelo. É o que resta da memória da antiga Quinta da Barrosa, sendo que, desde há já alguns anos, passou a ser propriedade da Autarquia concelhia pela módica quantia de cerca de duas centenas e meia de milhares de euros (vox populi).

     Custa menos aceitar o atual desenquadramento do velho e arruinado monstro arquitetónico relativamente à modernidade da edificação existente no local (edifícios do Centro Escolar e da Escola EB 2,3/Secundário) do que o desaproveitamento das potencialidades do espaço que uma edificação com a dimensão do antigo solar propriedade de Miguel Tinoco potencialmente oferece, e de que a freguesia de Lanheses desde há muito tempo carece e espera. 

     Porque não faltarão planos e sugestões e muito menos vontade de pôr fim ao desmazelo de uma agonia dolorosa e fatal, o princípio da eutanásia seria, nesta causa, absolutamente justificado: demolição "à la prédio Coutinho" para edificar depois em função das necessidades atuais e futuras do meio local, carente de espaços administrativos, e para equipamentos escolares, pois que, numa avaliação à vista a requalificação do prédio exigiria ser profunda e o custo de substancial vulto. 

     Não há que sonegar a existência de justificado interesse nas putativas candidaturas à fruição das futuras instalações por parte de pelo menos duas das principais instituições locais, as quais argumentarão fortemente cada uma delas a primazia da gestão autárquica, uma, e os interesses do ensino público, a outra.

     Seja qual for o futuro já traçado do prédio ou o que sobre ele está por decidir por quem de direito, cuja decisão final está em última instância nas mãos dos autarcas da  Câmara Municipal de Viana do Castelo, já decorreu tempo demasiado para que tivesse sido formalizada e tornada pública; e, se porventura já assumida ainda não tiver sido revelada com vista a ocasião favorável aos interesses eleitorais dos envolvidos, mal vai a edilidade local se estiver a adiá-la aos lanhesenses para a apresentar futuramente como conquista própria irreversível.







 Fotos: doLethes

Remígio Costa

    

    

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