sábado, 27 de março de 2021

FONTES E LAVADOUROS DESATIVADOS

  

     Ninguém diria mas aqui está a fonte do Crelo, no lugar da Corredoura, com mina (com porta nova), bebedouro para animais, bica na pedra em semi-arco da fonte que esteva na Feira e o tanque em cimento para lavagem de roupa (e mesmo para banho aos miúdos no verão).

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      Antes da construção de lavadouros comunitários em alguns lugares da freguesia, a lavagem de roupa familiar era usualmente feita junto das fontes e riachos onde corria água limpa. Na parte norte-leste de Lanheses, além de duas fontes mais recorrentemente utilizadas, existentes nos lugares de Santo Antão e Corredoura, uma em cada um deles, era também habitual recorrer ao regato da Silvareira que passa no vale ao fundo de uma íngreme encosta para desaguar no rio Lima no extremo da freguesia vizinha de Fontão. A sul e a oeste, onde corresse um fio de água era certo haver uma pedra lisa perto de casa para ensaboar com sabão rosa uma peça de roupa. 

  Na segunda metade do século passado foram construídos lavadouros públicos em Santo Antão, Corredoura e Taboneira, e melhorados o do sítio da Rebiqueira, no lugar da Igreja, e em Gondizalves, no de Casal Maior. Na Seara, onde corre água da nascente de propriedade particular da Tia Naira (noutros tempos muito procurada para beber) o que lá existia foi posteriormente ampliado sendo atualmente ainda utilizado, mas não muito. Com exceção deste último, todos os demais estão presentemente fora de uso, encerrados com corrente e aloquete de segurança os construídos mais recentemente, e os mais antigos em constatável deterioração, designadamente, o da Fonte do Crelo, na Corredoura, cujas fontes (a de chafurdo e a da bica) estão cobertas de vegetação e o tanque de lavar submerso e invisível sob uma mouteira de junco e erva brava, enquanto a água corre, solta e límpida, pelo caminho rural que leva ao vale do rego da Silvareira. 

      Fiz um rápido périplo pelos diversos locais acima referidos para fotograficamente, proporcionar uma visão mais real do que acima fica descrito.

  1.-EM SANTO ANTÃO



 

2- NA CORREDOURA - Fonte do Crelo

      



 
 


      Este local é o que conheço melhor. Era aqui que vínhamos, os meus irmãos e eu, com as vasilhas de barro preto para levar água para todos os usos, até encher as panelas e o pote grande que havia em casa.  Está a cerca de três centenas de metros da morada junto à estrada, com acesso por caminho íngreme e irregular (ainda hoje é) que era percorrido por mais do que uma vez ao dia levando o cântaro cheio na cabeça. Era custosa a subida, às vezes o caminho era feito de lama e sulcos de carros de bois, e as quedas frequentes. Lá se ia a água e o cântaro. E o raspanete em casa uma preocupação.

 

2.1-NO LARGO DA CORREDOURA



 

      3.TABONEIRA




4.-REBIQUEIRA

 

 

               Sem manutenção.

 

5-GONDIZALVES


Degradado.

     Por detrás do lavadouro onde agora está uma moradia, era uma represa que, na época da chuva, formava um pequeno lago. Como ficava no caminho da escola ali perto, no fim das aulas atirávamos pedras às rãs. Numa ocasião em que andava um grupo de homens  a limpá-la dos detritos, um companheiro quis imitar um defeito de voz de um dos trabalhadores, mas não contou com a reação do visado que, com exímia pontaria, lhe fechou a boca em riso descarado com um torrão de lama!

 

6-SEARA



            Foi talvez o mais utilizado ao mesmo tempo pelos moradores das proximidades. Tem lugares suficientes. Funcionava muito como central de informação da vida quotidiana do burgo, perdendo a liderança para os telemóveis e redes sociais.

            É tudo.

Fotos: doLethes

Remígio Costa

  

1 comentário:

  1. Bom retrato fotográfico. Adorei. grande trabalho. Isto é a história de Lanheses

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