quinta-feira, 13 de junho de 2019

JOÃO CASTRO E SILVA, CIDADÃO DE MÉRITO DA COMUNIDADE LANHESENSE.

                                                                      1935-2019

     A comunidade lanhesense tomou conhecimento do súbito falecimento de João Castro e Silva, ocorrido na passada terça-feira dia 11, com alguma incredulidade e muita consternação. Os problemas de saúde do creditado cidadão fundador da agência de seguros e escritório de contabilidade MEDISIL sediada nesta freguesia, acompanhavam-no desde há muitos anos e eram amplamente conhecidos. Contudo, o internamento hospitalar com caráter de urgência a que recentemente tinha sido forçado perante uma crise aguda de saúde, e lhe viria a ser fatal, não terá sido consequência do agravamento do mal crónico que o atormentou num largo percurso da vida mas de uma patologia irreversível nunca antes manifestada.  

     Conheci e convivi com o João desde o tempo da escola primária, ambos frequentámos em cursos diferentes a Escola Industrial e Comercial, em Viana do Castelo, ele na área industrial e eu na comercial, os quais, depois de concluídos constituíram a respetiva carta de apresentação na procura de emprego.

    Por volta de 1960 o João Silva era contabilista na extinta empresa detentora da marca do famoso queijo "Limiano", a fábrica Lacto Lima, em Santa Comba, Ponte de Lima e eu, acabado de cumprir o serviço militar obrigatório, aceitei de bom grado a proposta por ele recomendada ao patrão para que me admitisse como elemento do escritório. Devo-lhe o primeiro emprego remunerado do meu percurso profissional, o qual durou apenas cerca de um ano, porque, entretanto, me foi concedida pelo chefe da secretaria da Escola onde tinha concluído o curso académico a ocupação de uma vaga nos serviços administrativos com remuneração superior, e que aceitei pela carreira em vista no quadro da função pública e porque o proprietário da fábrica rejeitou o meu pedido para, pelo menos, a igualar.

    Sem exuberância ou aspirações em vir a ocupar cargos de destaque nas instituições da freguesia, o João desenvolvia com paixão e simplicidade uma atividade profícua em prol dos legítimos interesses pessoais sem desprezar ou alhear-se da participação efetiva no bem comum. A par da função profissional, continuou a aumentar com persistência a carteira de angariador de seguros (classificada agora como mediador) e de trabalhos particulares de contabilidade, sem prejuízo da paixão que nutria pela filatelia, numismática, e arquivo de jornais locais, havendo ainda lugar para o clube do coração, o Sporting Clube de Portugal, de que foi sócio correspondente e ativo militante nesta localidade na divulgação das iniciativas dos leões da capital. Deu, ainda, um valioso contributo em tempo e em qualidade na redação de publicações locais e regionais, designadamente, como correspondente do Notícias de Viana.

     Lenta mas consistentemente a empresa que fundou cresceu e consolidou-se. Abriu escritório e admitiu funcionários para o gabinete do primeiro andar num prédio do lado oriental do Largo Capitão Gaspar de Castro, vindo a instalar-se posteriormente, desde há poucos anos, na Rua de Santa Eulália com equipamento e disign modernos, onde agora labora e prospera, pujante e com futuro, sob a gerência do filho mais novo Luís Miguel.

     Para além dos amigos que soube granjear, da competência profissional e fidelidade aos princípios com que pautou a sua vida familiar e particular, bem como pela valia da participação pública nos temas comunitários, o João Castro e Silva, meu velho amigo contemporâneo, legou-nos um exemplo de estoicismo, de coragem e de fé na luta desigual que travou contra as tribulações que a vida lhe destinou.

     Que tenhas a Paz que mereces.

 

    

   

    

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