segunda-feira, 13 de agosto de 2018

EMBARCAÇÃO ORIGINAL DE MESTRE CANINHAS PRONTA PARA O BATISMO.

     



     Há cerca de um ano (22.09.2017) dei conta aqui no doLethes sob o título "Caninhas, testa com êxito pirogas para catamaran que está a construir". Como então referi, tratava-se de uma operação experimental de uma original embarcação a lançar no rio Lima construída a partir de um centenário pinheiro-do-brasil que acontecia no logradouro da sua residência e se deteriorara a ponto de secar. 

     Inspirando-se nas célebres canoas monóxilas descobertas no rio Lima no sítio de Passagem, em Lanheses (Viana do Castelo) -v.g. várias referências relativas ao assunto neste blogue- mestre Caninhas, alcunha bem aceite e popularizada por que é conhecido e tratado no meio sem que ele se recorde a origem do curioso epíteto, congeminou uma forma de concretizar o sonho que tivera depois de ter visto fotografias numa revista, de construir uma embarcação inspirada nos históricos catamaran usados pelos povos indonésio e malaio na atividade piscatória e transporte nos mares Pacífico Índico em tempos remotos.

    Seccionou o tronco com algumas dezenas de metros e separou duas partes em bom estado de diferente tamanho, montando um estaleiro para o efeito no quintal. Com ferramentas artesanais que construiu, escavou à enchó e ao formão o bojo dos troncos remendando os nós e os vestígios da deterioração do tronco com a própria madeira dele. Só excecionalmente recorreu à serra mecânica elétrica e ao disco esmerilador. Preparou estopa para calafetar e uma mistura de ingredientes usados pelos pescadores artesanais na conservação dos barcos de pesca para pincelar as canoas e as imunizar à osmose da água. Concebeu um estrado em ripas da madeira sobrante para acoplar às duas canoas monóxilas e uni-las. Levantou três mastros para aplicar velas do tipo veleiros de regatas. Dotou a construção de uma caixa em madeira para "esconder" o motor fora de borda. Com remos. E o leme. E todo o cordame, argolas e ganchos. As bandeiras portuguesa, da Freguesia e Câmara Municipal concelhia.






Caninhas, ao centro, com Isidoro Cunha (Doro) á sua direita e David Pereira.       

  Ele, e dois colaboradores prestáveis amigos nas tarefas especiais mais exigentes, também lanhesenses e igualmente ex-emigrantes: Isidoro Cunha (Doro) e David Pereira.

        Centenas de horas decorridas, meses atarefados ao sol e ao frio, trabalhos difíceis e complexos, viagens, consultas técnicas, telefonemas, viaturas próprias utilizadas, gastos, contrariedades, tempo. Disponibilidade incondicional.

    Gravou à proa a marca de autor: Caninhas. Assim, no "Lanhezes"

    O catamaran pode navegar. Com nove ocupantes.

    Manuel João Castro Franco da Rocha, o Caninhas, natural de Lanheses donde se ausentou durante muitos anos para exercer o seu mester em França, pescador de lampreias, campeão de petanca, mestre licenciado na categoria , construtor artesanal de barcos e canoas monóxilos, possui vários, exerce agora por conta própria atividade na pesca e dedica-se com paixão ao seu hobby de navegante no rio Lima. Deve-se-lhe a construção da réplica certificada oficialmente do barco de vela quadrangular redonda água-arriba "Lanhezes", ancorado no cais do Parque Verde, desaparecido há vai para setenta anos da navegação do Lima, sendo até há dois anos atrás o seu cuidador e timoneiro, realizando cruzeiros turísticos entre Lanheses e Viana e Ponte de Lima, com participação nas Festas d'Agonia na procissão ao mar, nas Feiras Novas em Ponte de Lima, em colaboração voluntária e sem compensação monetária ao serviço de freguesia e dos amigos próximos.

    No fim de semana entre sábado e o domingo, dias 9 e 10 de agosto, o Caninhas teve em exposição na placa central do Largo Capitão Gaspar de Castro a sua original, inédita e atrativa embarcação. Abundaram os curiosos, os telemóveis descarregaram as baterias para "meter" as fotos no face, as felicitações, honra ao mérito. Que seja exemplo inspirador, já agora...

   Ainda não está estabelecida a data e o programa do lançamento à água do modelo catamaran (não terá nome ainda escolhido e desconheço se virá a ter ) está em preparação. Tal como o água-arriba "Lanhezes", a embarcação está autorizada a navegar e deverá ser ocupada preferencialmente em incursões turísticas no leito navegável do rio Lima sob a confiante pilotagem do mestre Caninhas. Será, sem dúvida, uma atrativa e meritória curiosidade de inegável interesse turístico à semelhança da que ele promoveu no água-arriba.


                              Filha e pai















                      Criador cuidando da criatura. Imprescindível.


                                        Amigos. De cá e da França.













Fotos: doLethes
Remígio Costa    

3 comentários:

  1. Beau travail de caninhas et très beau reportage Merci

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  2. Très belle oeuvre de Caninhas et très beau reportage Merci

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  3. Um "Viva ao Caninhas!" pela sua preserverança e coragem, e parabéns para a sua equipa.

    Obrigado por tão bom testemunho, Sr. Remigio.

    Um abraço para todos.

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