quinta-feira, 6 de abril de 2023

CURVAS E CONTRACURVAS DA VIDA

       


      Já passaram largos anos sobre um acidente de trânsito que me aconteceu e aqui venho evocar. Ao volante de um SEAT comercial de dois lugares, descia eu a estrada em Meixedo em direção a Lanheses. Via com traçado de curva e contracurva a recomendar moderação na velocidade e redobrada atenção ao provável trânsito em sentido contrário já que uma distração ou erro de condução causariam inevitavelmente acidente de maior ou menor dimensão.

      Foi assim. Na curva onde se situa a família do malogrado meu particular amigo Marçal Pereira, vinha em sentido contrário uma viatura automóvel na faixa certa e à velocidade normal. Eu levava o Seat dentro do espaço assinalado pela linha branca contínua, mas, no cruzamento dos veículos quis dar mais largura à manobra e acionei levemente o volante para a direita para alargar o espaço entre as duas viaturas. A traseira do meu comercial não aceitou: leve e sem carga, levantou os pneus do lado direito, balanceou uns metros em passos de valsa para a seguir ficar sem controle. Entrou na valeta onde se arrastou alguns metros até bater com o carter numa calçada de pedra onde, finalmente, parou de "pernas para o ar"

    De cabeça para baixo e preso ao banco pelo cinto fiquei eu; instintivamente, confuso, soltei-me com a mão direita a premir o botão e a sair arrastando-me pela janela que levava aberta. Já em pé, dei conta de que o amigo Helder, meu conterrâneo, da viatura com a qual me tinha cruzado, vinha a correr em meu auxílio. Não carecia, estava inteiro no físico. À custa do quinhão da sorte que me acompanha nos momentos trágicos da vida.

   O Seat, não.

  


   

     

     

   


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