segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

FLORES SÃO SINAL DE VIDA DO DECRÉPITO RODODENDRO

  

 


    À vista, é um esqueleto em decomposição extrema onde resta uma parte de um tronco com um único braço esburacado, do que foi um secular rododendro, na ponta do qual sustenta um frondoso ramo de folhas verdes onde florescem dúzia e meia de belas flores cor de rosa. Apesar da evidente decrepitude do seu estado, no vetusto arbusto corre ainda a seiva que sustenta a vida!

  Cresceu sob a sombra de uma frondosa japoneira alargando a altura em alguns metros e estendeu os ramos da copa, um dos quais passou o muro chegando à estrada, ao lado. Povoava-se de flores com a aproximação da primavera, competindo com a japoneira onde se abriga. Com os anos os ramos foram diminuindo a ponto de ficar reduzido a um pedaço de tronco carcomido donde sai, esburacado e a desfazer-se, o que restou de um dos seus braços.

  Vejo-o todos os anos como se fosse o último já que me parece cada vez menos possível que um esqueleto vegetal no estado em que se encontra este rododendro possa surpreender eternamente as leis da Natureza. Algum ano ha de chegar em que o Pelourinho, que ao lado o segue, não tenha que se envaidecer a cada primavera com o faustoso ramo natural de flores com que o resiliente arbusto o contempla.









Fotos: doLethes

Remígio Costa


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