MANUEL AGOSTINHO SOUSA GOMES (dr. Agostinho) está
há 25 anos a dirigir a Escola EB 2,3/S de Lanheses,
que hoje faz parte do Agrupamento de Escolas de Arga e Lima tantos quantos o
estabelecimento leva de vida. Está a dois anos de concluir o cargo de diretor e
a quatro de completar o tempo legal de aposentação. É casado, tem três filhos e
tem residência em Nogueira, Viana do Castelo.
P.-25
anos é muito tempo para ocupar um cargo com a responsabilidade de diretor de um
estabelecimento da dimensão do agora agrupamento escolar de Lanheses. O que
sente neste momento marcante da “sua” Escola?
Dr. Agostinho. -Estes vinte e cinco anos são fruto da vontade coletiva do Agrupamento e muito particularmente de quem vive aqui na Escola, designada antigamente por C + S de Lanheses. As comemorações emergem de uma vontade coletiva manifestada ao longo de vários anos por ex-alunos que nos visitam com muita frequência, por ex professores que falam da escola com saudade, por alguns funcionários que por terem outras opções de vida e outas legítimas ambições, estão hoje a trabalhar noutros Ministérios, pela atual direção da Associação de Pais e da Associação de Estudantes. Enfim não foi uma ideia exclusiva do diretor embora sinta imenso gosto no fato de se comemorar ao longo deste ano o 25º aniversário.
.
P.-Como
encara a progressiva diminuição de alunos que se está a verificar no número de
estudantes?
Dr. A- -Se me permite esse é um dos
grandes problemas que vivemos não só a nível local, regional, nacional e
europeu já, infelizmente. Estamos de fato com uma diminuição vertical
vertiginosa do número de alunos a começar pelos jardim-de-infância e aqui,
nesta escola sede, eu já tive oportunidade de o dizer várias vezes, atingimos
um pico de 1995 a 1998 de mil e duzentos alunos que nos obrigou de fato a uma
grande engenharia em relação à constituição de turmas e as instalações que nos
levou à necessidade de as ampliar como veio a verificar-se, primeiro com a
construção de duas salas pré fabricadas e alguns anos mais tarde com a
construção do novo bloco, sendo um exemplo de boa construção e ao mesmo tempo
representando um ganho significativo sobretudo pelo aproveitamento dos fundos
comunitários. Costumo dizer que a nossa escola foi requalificada com tostões,
enquanto outras escolas, é público e toda a gente sabe, custaram milhões. Aqui,
o dinheiro foi excelentemente aplicado como se pode constatar pelas instalações
que hoje felizmente dispomos e pelos recursos que os nossos alunos, os
professores e os funcionários dispõem. Às vezes, digo, a título de brincadeira
que aqui só não aprende quem não quer. Temos tido a felicidade, com sabe, de
ter também neste “cantinho” professores com excelente desempenho, sendo esta
realidade fundamental porque nós fazemo-nos um bocadinho uns aos outros e acho
que nós nos motivamos pelos bons exemplos. Quando chegamos a uma escola parada,
inerte, sem dinâmicas, a pessoa quase não tem coragem de remar contra a maré;
mas se chegamos a uma escola com dinâmicas, planos de atividade muito
ambiciosos, com posturas cívicas exemplares, o professor, o funcionário, o
aluno, o encarregado de educação, são também motivados por esse espírito que se
cria e por esse ambiente que se vive.
P. –
Qual a rentabilidade dos cursos frequentados diurnos e noturnos?
Dr.A. - Começamos com uma escola para
responder à escolaridade obrigatória (ensino básico); passados quatro anos,
revindicamos no bom sentido, a criação do ensino secundário não só diurno como
foi também noturno. Esta nova realidade deu frutos de excelência tendo o ensino
secundário em Lanheses um sucesso muito significativo. Somos das escolas onde
os alunos que iniciam o 10º ano têm maior índice de conclusão a nível do 12º
ano. Podem não ser os melhores alunos nacionais, em termos de notas alcançadas,
mas em termos de sucesso, em termos de assiduidade e de frequência não há
dúvida que estamos no palmarés nacional.
P.
Como tem sido o comportamento disciplinar dos alunos nesta Escola e como atua
para controlar os movimentos da população escolar?
Dr. A.-. Fui algumas vezes criticado por certos encarregados de educação, mas
os alunos compreendem perfeitamente que a escola precisa de alguma autoridade.
Ora, sem autoridade não vamos a lado absolutamente nenhum. Há algumas pessoas
que confundem autoridade com autoritarismo, nós suportamos a nossa ação em
normativos que nos permitem exercer essa autoridade, mas a melhor autoridade
que temos é amar a democracia e saber-nos respeitar uns aos outros. Para nós há
uma frase lapidar que digo na entrada destas instalações: respeita para teres direito ao respeito. Saber respeitar é
fundamental e os alunos por mais jovens que sejam, mesmo as crianças, entendem
perfeitamente porque se elas não respeitarem o seu semelhante a autoridade do
professor, do funcionário que estão sempre disponíveis para ajudar, certamente
que amanhã precisará deles e poderá não merecer ajuda tão pronta e amiga como o
aluno pensaria merecer. Portanto, nós temos que saber entender esta
razoabilidade que deve existir. São princípios fundamentais investir na cultura
do respeito democrático, tendo uma importância enorme termos o representante
dos alunos por freguesia que é eleito por voto direto em assembleia geral de
alunos. Não me canso de elogiar a forma altruísta, digna, elevada com que fazem
campanhas eleitorais para a associação de estudantes normalmente aparecendo
várias listas concorrentes, mas terminado o prazo, cessando o momento da
eleição, tendo havido naturais rivalidades, todos passam a trabalhar para o mesmo fim, que é um
fim comum, integrados num verdadeiro espírito de pertença. Há também uma
particularidade que é a capacidade integradora para quem tem necessidades
educativas especiais. Podemos afirmar que a nossa escola é uma escola
inclusiva, com espírito aberto para aceitar as diferenças, quer de raça,
género, físicas ou cognitivas, concluindo entendo que aqui existe um ganho
enorme e uma satisfação para quem cá trabalha. Não é só para o diretor, é para
toda a comunidade escolar.
P.
Que consequências prevê possam vir a
afetar o futuro do ensino face ao problema do abandono e diminuição de
matrículas por falta de crianças?
Dr.A.- Não gostaria de viver os tempos
em que estudávamos apenas dois alunos da minha freguesia no dito ensino
secundário embora existisse muita população jovem. Tínhamos que percorrer
dezenas de quilómetros para podermos frequentar uma escola adequada para
alcançarmos os nossos objetivos que era a entrada para a universidade. Isto
preocupa-me muito. Vejo algumas aldeias a perderem o que têm de melhor, que são
as escolas. Não defendo a minha dama só porque sou professor, mas, acho que não
ter crianças numa aldeia é perder a sua alegria é perder a esperança no futuro.
E vejo isso com muita apreensão. Sei que hoje e perante um mundo demasiado
cingido ao poder económico não compensa e não será muito enriquecedor ter
escolas demasiado pequeninas sem a chamada massa crítica, é um facto, mas tem
que haver algum bom senso na estruturação e na planificação das cartas
educativas, não criando centros escolares por mero capricho. Torna-se
necessário requalificar as escolas existentes onde possam existir e crescer
comunidades educativas, evitando o que aconteceu com a agregação de algumas
freguesias.
P.
Como encara o atual ambiente gerado à volta da carreira docente?
Dr. A.- Continuo a dizer que alguns
ministros me marcaram pela positiva, representando na minha carreira um marco
muito importante, já lá vão muitos anos. Estou convencido que não é preciso
nascer-se missionário, nem pensar-se que já o somos com a paixão de ser
professor. O professor também se faz, investindo muito na sua formação pessoal,
com a consciência que o melhor que existe no mundo é as pessoas. Se as pessoas
são aquilo que mais devemos estimar, temos forçosamente que nos preparar para
ajudar a construir e fazer crescer essas pessoas, havendo contudo gente que
negligencia um pouco este aspeto. Depois, como sabe, isto é uma questão de
política educativa, uma corrida desenfreada às universidades, politécnicos e
outras instituições, que formam professores quase em massa, provavelmente nem
sempre formando com a qualidade devida e não tendo havido a coragem de
denunciar. Agora a penalização dos professores ofende e causa-nos muita
amargura. Falo da minha geração e seguintes, que investiu muito não só nas
habilitações académicas mas também nas pós-graduações, em formação sólida
porque havia incentivos e tempo para o fazer. Hoje o ensino está de tal modo
burocratizado que o professor passa os dias a fazer fichas e outros suportes
burocráticos, a justificar situações imponderáveis, não lhe deixando tempo
suficiente para fazer o essencial. O professor ao aplicar um teste, um
instrumento de avaliação, tem que ter tempo necessário para construir esse
teste ou esse instrumento de avaliação adequado e ajustado à turma e ao ensino
individualizado, depois ter o seu tempo necessário para fazer as correções
devidas e trabalhar no processo de avaliação contínua, hoje, o professor é
massacrado com a burocracia que foi imposta do exterior para o interior e que
vem desvirtuando o supremo objetivo das escolas, porque das duas, uma: ou nós
estamos em aula e atividade permanente com os alunos que é isso que eles
esperam de nós ou estamos a construir papelada que muitas vezes duvido que
sirva os objetivos pedagógicos. Pensou-se inclusivamente que as novas
tecnologias todo este mundo informático que existe que iria aliviar essa carga
burocrática, pelo contrário criou mais serviços, criou ainda mais necessidades
e isto, depois é uma autêntica bola de neve que nos esmaga a todos e de que não
temos forma de nos libertar. Nós temos forçosamente que ter um ensino muito
mais tranquilo, muito mais prático, muito mais virado para o saber fazer. Isso
é que é importante. Aliás, ainda há dias o diário “O público” afirmava que uma
grande parte das empresas considera que os alunos, quer dos cursos superiores
quer dos profissionais, saiam muito mal preparados para de facto poderem ter um
emprego condizente.
Neste momento
não vejo grandes indicadores que permitam aos professores ter um horizonte
diferente. Insistir no erro não traz vantagens certamente.
P.
Políticas de ensino. Que perspetivas quanto ao futuro do nosso ensino?
Dr. A.- Não vê propostas concretas, há
receituários para todos os gostos. Os lampejos de alguma modernidade e de
alguma necessidade, caso concreto das atividades de enriquecimento curricular,
no 1º ciclo, desvirtuadas por vezes; a introdução do inglês foi uma decisão
feliz, mas muito insuficiente, é preciso de facto preparar professores porque
uma coisa é um professor trabalhar um aluno de uma facha etária de 13 e 14 anos
ou ter de trabalhar na facha etária dos 6 ou 7 anos; são aspetos completamente
diferentes.
P.
No que concerne aos currículos acha que competiria às escolas fazerem a sua
escolha atendendo à identidade de cada região e costumes das populações?
Dr. A.- Sou de facto adepto confesso da
descentralização, dar voz às regiões é um imperativo porque apesar de sermos um
país pequeno, temos particularidades e aspetos peculiares próprios e não me
parece nada errado termos aquilo que há anos fora experienciado com a chamada
área escola, uma área cultural e formação pessoal como pode ser verificado,
estando certos que no presente estamos a colher esses frutos, por muito que
respeite, o português porque é fundamental, termos cidadãos capacitados no
domínio da língua materna é também crucial dominarmos as matemáticas mesmo que
não sigamos as áreas das ciências para o nosso dia-a-dia, para nosso governo
próprio mas o homem não se faz apenas da matemática ou da língua materna, há
outros aspetos que sentimos cada vez mais necessidade de valorizar: a
manualidade que se vai perdendo, há dificuldades em arranjar técnicos, o saber
fazer foi um pouco posto à margem, as ciências experimentais (o ensino
industrial e comercial que eu conheci e com tão bons resultados socioeconómicos
e competência para singrar na vida). Depois há questões em que não podemos
descurar, porque há determinado disciplinas que são a nossa identidade. Ainda
hoje tive a oportunidade de substituir uma professora que faltou por doença e
fiquei deveras satisfeito com alguns alunos que se identificam com o ser
português e com a nossa história, isto é fundamental, ser órfão de seu pai
acompanha-nos para avida inteira. Não sendo favorável ao nacionalismo /
fundamentalismo sou muito adepto e defensor que faz parte da nossa cidadania
sabermos de onde viemos, o que fomos, o que queremos vir a ser. À Escola
exigem-se essas marcas identitárias independentemente das políticas que nos
orientam e nos regem.
P.
Como são geridos os fundos atribuídos à Escola do OE. Com que outras verbas
podem contar para aplicar nos gastos de funcionamento?
Dr. A.- Usamos dizer que “migalhas são pão”. Primeiro
precisamos de ter uma atitude muito preventiva, não deixar degradar as
instalações, espaços de recreio, etc.. o que exige organizar funções e
planificar trabalhos, isto é nós procuramos educar pelo exemplo sendo esse
exemplo que temos procurado dar. Por isso vivemos numa escola com posturas
altamente cívicas porque senão numa escola com 25 anos, em termos de
conservação, exigiria muito mais investimento. Em termos de gestão dos
orçamentos fazemo-lo ao cêntimo. Temos uma escola que tem orçamento privativo
reduzido, com base nos movimentos feitos no bar e na papelaria, o que é
insignificante, as taxas são muito poucas até pela reduzida frequência que
temos do secundário. Temos porém, alguma almofada que nos permite realizar
pequenos investimentos para os cursos profissionais, sendo financiados
expressamente para esse efeito, mas esse financiamento reverte para os cursos e
também para pagamento de salários aos professores que os ministram. Posso
dizer-lhe que a escola acabou de receber informação do orçamento de estado tendo-nos
sido concedidos 105 mil euros e é com essa verba que temos que nos governar;
pagar água, energia, gás, material de consumo diário, limpeza, reprografia,
comunicações e conservação, etc.. Não há dúvida que há esforço, contenção e
muito rigor por parte da comunidade escolar. Apesar do pouco dinheiro, temos
feito alguns investimentos como foi o caso do projeto das galinhas autóctones,
do laranjal, da floricultura e horticultura, que mantemos..
P.
Que empreendimentos ou novas ideias gostaria de vir a implementar?
Dr. A.- - Como sabe, estou perto de
terminar a minha carreira na docência e faltando-me dois anos para cumprir o
mandato de diretor. No entanto, apesar de termos conseguido alcançar muitos dos
nossos objetivos que eram prioritários e alimentavam o nosso desejo há já
longos anos, como é o caso do centro escolar, da ampliação do novo bloco, da
ampliação da cozinha a requalificação das salas, dos tetos, da insonorização, a
instalação do núcleo museológico etc., etc.,, nós gostaríamos que houvesse uma
vontade da autarquia e do Ministério em adquirir a Casa da Barrosa, que mais
parece uma casa assombrada dando já sinais de ruína, deteriorando-se dia a dia.
Se estivesse construída noutro local certamente não teria nada que se
aproveitasse. Os alunos respeitam-na o edifício serviria, em nosso entender,
para multifunções para comunidade. Quer a autarquia quer as associações
poderiam ali desenvolver projetos extraordinárias. Além da casa da Barrosa
temos uma casa habitada por um casal idoso o qual muito prezo que esse casal
viva nela a sua vida plena mas, se um dia a casa for desocupada já lancei um
repto à câmara, à própria paróquia e à junta de freguesia, para
transformar aquele habitação numa espaço de apoio às pessoas doridas que
velam os seus mortos na capela mortuária da Senhora da Esperança. Se da fato a
comunidade não entender que a casa poderia servir esses fins, poderia ser um
polo de biblioteca aberto aos fins-de-semana um ponto de convívio, embora e
Lanheses existam muitos espaços que poderiam ser melhor aproveitados.
P.
Foi criado há algum tempo o Núcleo Museológico do Património Mineiro. Tem
evoluído? Como poderia ser aina mais valorizado?
Dr. A. - O núcleo museológico foi uma
aposta sobretudo do grupo de História e Geografia de Portugal e de Português e
que servirá também como complemento à própria Biblioteca Escolar,
encontrando-se agora numa fase adormecida porque as verbas são escassas e temos
alguma dificuldade na localização e aquisição de equipamentos e utensílios que
serviram a extração mineira. Não tem havido a sensibilidade suficiente das
pessoas que possuem equipamentos e utensílios a deteriorar-se, por vezes
arrumados nas eiras de casa ou nos telheiros e poderiam cedê-los a título de
empréstimo ou até depositá-los no núcleo.
Quem não conhece o Núcleo Museológico ao
visitá-lo fica muito admirado porque existe bastante acervo documental com
interesse e o Núcleo Museológico representa uma memória viva das Argas e do
Lima, marcando de forma categórica um período, ainda recente, da nossa História.
P.
Sabe que há em Lanheses muitos aposentados com excelentes valências culturais e
académicas em excelente idade para se envolverem em iniciativas de caráter
social da comunidade a que pertencem. Tem sentido apoio por parte dessas
pessoas e como poderiam eles ser envolvidos em projetos de solidariedade local?
Dr. A.- Temos neste momento em regime de
voluntariado uma menina romena e uma menina alemã. O voluntariado com gente
habilitadíssima e experiencia de vida nas escolas seria hoje uma mais-valia.
Houve tempos que vinham, eram necessários pelo exemplo que davam e pelo
conhecimento que transmitiam. Nós, felizmente temos procurado criar exemplares
parcerias com o Centro Social de Fontão e com o Centro Social de Deão temos uma
excelente relação de colaboração e proximidade. Os idosos visitam aa Escola com
muita regularidade, aliás temos uma colega que fez o mestrado na base do
relacionamento Escola-Terceira Idade, alcançou um diploma de excelência,
conquistando inclusivamente um a bolsa o que mostra de facto a nossa abertura,
o nosso espirito inclusivo e a nossa partilha e, concordo que o que diz é
verdade, as pessoas válidas que hoje estão aposentadas poderiam dar um
contributo maior se houver sensibilidade enquadramento legal e inteligência, falo
de inteligência capaz de captar os conhecimentos e experiencias dessas pessoas.
Há realidades internacionais que merecem ser conhecidas pelos resultados de
excelência que têm obtido.
P.-
O que desejaria alterar para o conseguir?
Dr. A. - O que mudaria, e digo isto com
toda a modéstia, era aprovar no Projeto Educativo princípios orientadores no
sentido de que a Escola terá que viver numa forma aberta e continua com os
encarregados de educação e comunidade. A Escola não pode ser fechada, isolada,
ser desvalorizada e ostracizada. A escola pública tem que ser um espaço de
excelência, de respeito, de solidariedade, de partilha onde os laços afetivos
têm que existir. A Escola não pode nunca ter a veleidade de se transformar numa
empresa, não pode apenas ver números, não pode olhar e entrar numa cultura de
consumismo. É preciso incutir regras e é imperioso também criar um currículo
bem estruturado e trabalhado com profissionais que eduquem pelo exemplo com
grande espirito de profissionalismo ou até de missão. Hoje recebemos alunos uns
com condições para serem mais felizes e obterem sucesso, outros com falta de
condições mínimas tornando-os até muito infelizes. Compete também à Escola ter
respostas adequadas para toda essa heterogeneidade e singularidade, o que nos faz
mais realizados é sabermos lidar bem com toda essa diversidade que encontramos,
nunca perdendo o sentido de função institucional, dos normativos e das regras,
que ninguém poderá quebrar, desde o diretor ao aluno mais jovem, o pai ou a
mãe, os parceiros, isto é, estabelece-se um compromisso educativo que todos
temos que cumprir.
P.
Estamos no fim desta nossa muito aprazível e julgo que útil conversa pelo que
peço a encerre como lhe aprouver, focando qualquer assunto que gostasse de
relevar neste seu excecional e extenso mandato na Escola que ajudou a levantar
e fez crescer.
Dr. A. - Sinto este ano uma felicidade
redobrada por estarmos a fazer 25 anos dentro de um clima de festa de grande
trabalho e até preocupação. Lancei em Setembro transato um desafio aos alunos
que considero a melhor forma de honrarmos os 25 anos, seria melhorarem os
resultados escolares; temos procurado no dia a dia dar o melhor a esses alunos
mas nem sempre os resultados são aquilo que se espera, falta ainda a questão
dos exames valem o que valem mas que a sociedade valoriza, no entanto há
aspetos que considero extremamente positivos e que muito me satisfazem. Não
temos abandono escolar, é de registar a assiduidade dos alunos, é muito
positiva a não existência de conflitos graves, não registamos processos
disciplinares o que muito nos satisfaz, temos um ensino secundário que além dos
resultados demonstra uma postura que gostava que muita gente verificasse e
tomasse como bom exemplo, depois, temos uns serviços escolares que eu considero
muito positivos o trabalho que é feito diariamente pelos assistentes
operacionais que muita gente desvaloriza sendo fundamentais numa escola: temos
uma cozinha famosa e uma alimentação equilibradíssima, uns serviços
administrativos que felizmente tiveram boas bases, bons alicerces e quem chega
continua a honrar esses pergaminhos. A nível de professores penso que a
esmagadora maioria e também sem falsa modéstia, têm lugar em qualquer escola
porque são bons profissionais. Tudo o que tenho afirmado me satisfaz e por isso
continuamos a ter aqui uma escola com uma matriz muito familiar, de relação de
proximidade, de grande interajuda e de amizade. Tendo como testemunho no dia 30
de maio em que os nossos ex-alunos, ex-funcionários, ex-professores pretendem
fazer nestas instalações um momento de encontros, reconhecimento e
confraternização.
remigiocosta@sapo.pt
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