Decorreram mais de duas semanas sobre o dia em que voltou a Lanheses sobrevoando o lugar da Agra, a cegonha-branca em regresso ao habitat onde há doze anos se instalou e procriou. Tal como sucedeu nos anos anteriores, um dos elementos do casal que presumo seja a fêmea, regressou sozinha do período migratório para ocupar o ninho que há dois anos construiu com o companheiro no topo de um tronco de uma palmeira seca envolvido em eras e onde agora aguarda o regresso do(a) companheiro(a). Nos sucessivos doze anos posteriores à fixação nesta localidade do casal, a demora da chegada do segundo elemento não excedia os oito dias sendo por isso surpreendente que no ano corrente tenham passado já dezasseis dias durante os quais um dos elementos do casal, provavelmente a fêmea, permanece solitário e pacientemente no topo da palmeira a aguardar a chegada do seu par
O local onde atualmente estão instaladas não foi a primeira escolha destas aves monogâmicas. Há doze anos as tentativas iniciais feitas em diferentes postes da rede elétrica, abortaram todas. Acabaram por ficar no cimo da chaminé desativada da antiga Casa do Povo, em pleno centro urbano, conseguindo à segunda tentativa fixar os ramos por elas transportados depois de numa noite de temporal ter sido varrido completamente o material ali colocado na primeira investida. Mantiveram-se nove anos no cimo da chaminé com sucessivas ninhadas de filhotes, tendo sido legalmente desalojadas por motivos de preservação da higiene pública do local. Perderam a visibilidade que as tinha convertido em atração turística estando atualmente mais recatadas num quintal de uma moradia com fachada principal para o Centro Cívico, a curta distância da posição inicial, podendo ser avistadas de vários ângulos designadamente do lado norte desde a Alameda 25 de Abril ou Agrupamento Escolar de Arga e Lima.
fotos: doLethes
Remígio Costa
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