terça-feira, 29 de setembro de 2009

A génese do Água-Arriba

   A ideia da recuperação do barco que há muitos anos sulcava o Rio Lima no percurso entre Ponte da Barca e Viana do Castelo, servindo para o transporte de pessoas e bens, e dele desaparecera há mais de cinco décadas não existindo qualquer exemplar, nas duas margens, numa extensão de cinquenta quilómetros como foi referido pela arqueóloga, Ivone de Magalhães, nasceu de uma conversa entre o presidente da Junta de Freguesia, Ezequiel Vale e Manuel João Castro Franco da Rocha, pois assim se chama o "Caninhas", alcunha tão carismática no meio ao ponto de somente os seus próximos saberem o seu nome de baptismo, a qual ocorreu em 2008. O desafio para recriar uma réplica da extinta embarcação limiana, que tem algumas variações na sua denominação consoante os núcleos de barqueiros que a utilizavam, chamava-se aqui água-arriba. Possuindo uma habilidade nata e alguma experiência em construção de barquinhas que usa na sua paixão de pescador, o Caninhas aceitou o repto e lançou mãos à obra, em boa hora.
     A escolha laboriosa do pinheiro, bem nascido e suficientemente grande, acabou em S. Salvador da Torre, onde foi encontrada a árvore com as características exigidas. A madeira aparelhada chegou ao estaleiro improvisado no recreio da antiga escola primária (uma saudade...) e, no dia 16 de Junho, a obra começou a nascer.
      Foram 502 horas de trabalho persistente, canseiroso, umas vezes com a colaboração de amigos como o António Silva, 80 horas, outras apenas com com a esposa ou visitas fugazes de amigos e curiosos. Tábua a tábua, experimentando, rectificando de acordo com as informações que obtinha junto de estudiosos como Carlindo Vieira, ou antigos barqueiros ou descendentes deles, como Alfredo "Badalheiro", Rochinha, Manuel do Augusto, João "Lambranca", e outros, renasceu mais uma jóia da nossa memória colectiva para enriquecimento do Núcleo Museológico, em crescimento contínuo.






 

1 comentário:

  1. Vejo com agrado o Sr. Alfredo da Rocha Gomes, na ultima fotografia, juntamente a outras duas pessoas e posso afirmar que fiquei maravilhado com a sua entrevista para o documentário - AGUA ARRIBA, histórias de barcos e homens - Uma invejável lucidez e ternura me transmitiu este Lanhesense, no decorrer das suas palavras. Que vida dificil, mas que alegria de viver! Ele, a meu ver é exemplo do porquê, este nosso PORTUGAL ser país tão nobre, tão grande! Um bem haja ao Sr. Alfredo que terá sempre a minha admiração!

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