Enfeita-se de flores brancas como noiva preparada para enfrentar o altar. Com critério, esfalfam-se as abelhas na distribuição do pólen percorrendo um a um os ramos floridos. Passam dias, algumas semanas, despontam tímidos e verdes as promissoras cerejas. Crescem, aos molhos de duas, três ou quatro, a cerejeira parece estar a cumprir a obrigação de garantir o nascimento do fruto. Tem ar são, está pujante e vistosa.
Mas, dececiona, a árvore que prometeu! Mirram, de um momento para o outro os frutos por maturar, e caem atapetando o chão. São escassas as que resistem que nem os melros, atrevidos, saciam.
Morrem, precoces, estranhamente, as cerejas. É assim desde que foi plantada há anos atrás e cresceu e floriu, a bela árvore das flores brancas de noivar. Com uma única exceção, em ano de fertilidade na zona envolvente, em que, num surpreendente capricho de jovem linda, a cerejeira quis ser briosa e farta e vingou tudo quanto deu, cresceu e ficou deliciosamente maduro.
Talvez, este ano...
Remígio Costa
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