A PAIXÃO QUE VEM DA INFÂNCIA
Guardei paixão ao desporto
Era eu uma criança.
Jogava a bola com gosto
Pois desse modo não cansa.
Do nascer ao por do sol,
No Largo das Carvalheiras,
Jogava-se futebol
Entre outras brincadeiras.
Com a bola de farrapos,
Dez contra dez no começo,
Caneladas e sopapos
É o que eu nunca esqueço.
Vira aos quinze acaba aos trinta,
Quem perder pede desforra.
Chega a noite, cá se brinca
E ninguém se vai embora.
Chama a mãe para jantar,
O jogo não acabou;
Falta um golo a marcar
Trinta a trinta, empatou!
A Corredoura às escuras,
E ninguém pé arredou;
Acabaram as tonturas
Pois a bola esfarrapou!
Anos depois fui pra Escola
Do professor Gabriel,
Com a bola na sacola
A quem sempre fui fiel.
Ai, quem me dera voltar
Ao meu tempo da infância;
Muitos anos descartar
E voltar a ser criança.
Remígio Costa
Julho, 16.07.2025