FESTA QUE PROTEGE TODOS OS ANIMAIS
In illo tempore vividos
Subia em festiva romaria
O bom gado a Santo Antão:
Escovado e bem cuidado,
Com flores campestres enfeitado
e conduzidos à mão,
Ao cimo do monte chegado
Como se estivesse ensinado
Dava com mansura e lentidão
Voltas ao redor da Capela
Para, numa prece singela,
Sua dona pedir proteção.
Ficava depois no adro
Juntando-se ao demais gado
Que fazia multidão
Para ouvir orador sacro
Dizer famoso sermão.
Com tal fervor era seguido
Que o bom povo dorido
Chorava de emoção
por sentir-se compungido
Ou porque lhe era pedido
Por quem fazia o sermão.
Mudaram-se os tempos e, agora,
Dos animais de outrora
Restam cavalos de motor.
(Que pavor!)
De toda a criação doméstica
Que engordava no cortelho
Desapareceu desta festa
A única que resta
que só nos traz moléstia
como larva em hortaliça
É o voraz roedor coelho
que tudo que vê, cobiça.
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Remígio
Costa
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