Muitas vezes fazemos a pergunta -conhece Viana?, a alguém com quem nos cruzamos em certas ocasiões ou nos apresentamos pela primeira vez para dar início à conversa convencional preliminar de outros assuntos que pretendemos abordar, ou, o que muito me desvanece e aprecio, para ter oportunidade de ouvir da parte de pessoas oriundos de outras paragens elogiosas referências sobre a beleza da "Princesa do Lima".
A pergunta, porém, não é dirigida aos que conhecem de visita a nossa cidade sede de distrito, mas aos que, sendo naturais ou residentes desta região, lá se deslocam frequentemente por imperativos da actividade que exercem, ou, movidos por interesses da vida particular de cada um.
Muitos dirão: -Ora, grande coisa! Uma cidadezinha que se percorre a pé do Axis até até à Praia Norte e da Praça de Liberdade à Estação dos comboios em menos tempo que a Manuela Machado precisava para correr a maratona, quem a não conhece de "fio a pavio"? Ai, é?, então esqueça as repartições públicas, as escolas, os serviços de saúde, farmácias, a Câmara Municipal, o tribunal, a polícia, o shopping e outros centros comerciais, o Caramuru intruso da sala de visitas, as docas e o Gil Eanes, o prédio do Coutinho ou dos sem tino, a Avenida dos Combatentes, a Rua Manuel Espregueira da "A Aurora" e do SC Vianense, São Domingos e a mula "Águia" do Beato Santo, Campo da Agonia, Estaleiros Navais, Santiago da Barra, o Zé Natário dos biscoitos e das bolas de Berlim, a Bertrand ou a tabuleta dos Três Potes, a rebaptizada Rua da Amália...e outros sítios por onde há muitos anos vimos circulando. E se lhe pedir para me levar até à primeira matriz do concelho de Viana, para conhecer a Casa dos Bicos, a cela onde viveu o Beato Frei Bartolomeu dos Mártires, à Capela dos Mareantes, ao altar único no mundo de talha gorda dourada, aos Museus do Traje e do Ouro, à Capela de Santa Catarina, à Igreja barroca do antigo convento beneditino da cidade, ou,
(e esta é a causa deste post) o
Forte da Roqueta?
- Forte da Roqueta, é? Uhm, deixa ver, talvez aquele que se encontra em ruína a norte da praia de Viana? Não?. Ora esta, é que não vejo outro que se pareça com um forte.
Eu fiz quase toda a minha vida em Viana e também não me recordo de ter ouvido alguma vez este nome. Admito que terei sabido, mas, esqueci. Algumas vezes andei lá perto, passei até em frente a ele, mas, para mim, foi como se tivesse sido a primeira vez que ouvi pronunciar tal nome. Bem sei que só dele bem pode dar conta se lá for com esse propósito, por não ser o local muito frequentado a não ser para quem queira aceder aos Estaleiros Navais, por aquele percurso, ou, então, movido pela curiosidade de ver a estátua do "queijo limiano" (uma silhueta de mulher com um insinuante busto, desafiando o vento que sopra do sul e com uma flor na mão erguida),que ali foi implantada há alguns anos ali mesmo em frente (os "minhotos são "danados" para inventar epítetos jocosos).
O Forte da Roqueta é uma edificação do século XVI anterior portanto à construção da muralha do pretenso "castelo" de Santiago da Barra, tendo sido posteriormente ampliada por D. Sebastião e concluída por Filipe I de Portugal II de Espanha. Foi levantada para desencorajar o desembarque no local dos navios piratas que ali intentavam entrar vindos do mar. (Os que vieram por terra não foi tão fácil expulsá-los e, hoje, ainda andam milhares por aí...). Era, então, uma construção isolada separada da povoação por campos e vinhas no espaço que actualmente é o chamado Campo da Agonia. A muralha filipina que chega aos nossos dias na forma que a conhecemos, "absorveu" na ponta sueste do polígono que a forma a antiga Torre da Roqueta, pelo que, um transeunte no local nem se dá conta de que ela não é parte da construção principal. Serviu como prisão durante algum tempo.
Espero que os que ficaram a conhecer este pormenor da história de Viana, quando forem à procura do peixe fresco na lota logo à entrada da nova doca de pesca, sigam em frente alguns metros até ao local onde está o edifício do ISN e existiu a antiga venda do pescado e de gelo, para ver a Roqueta. No regresso pelo mesmo percurso e logo à entrada da via rodoviária marginal, podem ver, à esquerda, a Capelinha de Santa Catarina que se situava dentro do perímetro do Castelo de Santiago da Barra e foi demolida, sendo ali erigida por imposição dos pescadores de Viana.
Não consegui apurar convincentemente o significado do monumento e a sua implantação neste local. A silhueta não é de todo desinteressante se não tomarmos o penteado agitado pelo vento por um gorro e a flor um gesto para desencorajar piratas ou invasores mal intencionados. A associação ao "queijo limiano" é por demais óbvia para que seja necessário qualquer comentário...além do reparo de que quem dele tira proveito actualmente já não é a "vila mais antiga de Portugal".
Alguns pormenores do Castelo de Santiago da Barra.
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